Conspirações
O meu amigo Ray adora discorrer sobre as várias teorias conspirativas que conhece. E, na verdade, sabe de muitas. Só que eu não tenho paciência para o ouvir. Hoje, ligou-me novamente, por videoconferência, para me falar do último enredo que a malta de Davos – WEF, World Economic Forum – estaria a planear para tomar conta do mundo pós-pandémico. Eu tinha uma boa desculpa – estava a escrever a minha coluna semanal para o Diário de Notícias, com o prazo de entrega a aproximar-se e a inspiração paralisada pela confusão eleitoral americana. Disse-lhe que não tinha tempo para o ouvir em pormenor. Como ele não sabia que o encontro de Davos 2021 havia sido adiado sine die – não terá lugar em finais de janeiro como de costume, que o coronavírus não deixa – partilhei essa informação com ele. Viu logo aí uma confirmação mais da teoria que me queria explicar. E explicou-me que Mark Zuckerberg, o homem do Facebook, era um dos mestres dessa conspiração. Lembrei-lhe então que a aplicação que estava a utilizar também estava ligada a Zuckerberg e que, por isso, talvez fosse melhor que ele passasse a fazer uso de uma outra, da concorrência. Talvez a WeChat, da China. Não percebeu a ironia da minha sugestão e deixou-me voltar à escrita da minha coluna.