Estou de acordo com o Presidente Macron, quando crítica severamente quem se recusa a ser vacinado. Acho que essa recusa é uma irresponsabilidade e um acto de estupidez. Mesmo quando se apresenta como uma rebeldia e uma defesa da liberdade individual. Discordo, no entanto, da palavra que utilizou para resumir a sua posição. Um líder nacional, e mais ainda, um Presidente da República, não pode descer ao nível da vulgaridade. Quando o faz, é a vulgaridade que é objecto de debate público e não o conteúdo da mensagem.
Em política é fundamental saber-se comunicar. E a boa comunicação visa a mudança de comportamentos, a adopção das políticas que nos parecem mais adequadas e a denúncia das posições erradas ou irrealistas. Deve ser simples, fácil de entender, mas manter um certo decoro e educação. Caso contrário, a mensagem acaba por se perder. E estar-se-á a dar a oportunidade aos oponentes de se agarrarem à forma, ao superficial, e atacar assim o mensageiro.
Quando se procura fazer intervenção social, a mensagem com 140 ou menos caracteres é a maneira de comunicar que mais impacto tem. Nestes tempos de abundância de informação ninguém tem tempo e paciência para ler longos textos. Os nossos jornais ainda não o perceberam. O mesmo acontece com vários blogs de autores muito sérios. Continua a publicar-se escritos cheios de floreados e de meandros infindáveis. Muita conversa e pouca carne.
Donald Trump foi dos que já percebeu a força que um tweet pode ter.
A minha própria conta no Twitter tem milhares de leitores diários, algo que não acontece, nem de muito longe, no que respeita aos meus blogs. Assim, pouco a pouco, o meu investimento vai ser sobretudo ao nível dessa conta. Seria um erro não reconhecer as mudanças que estão a ocorrer em matéria de comunicação social.
Entretanto, ficam aqui os votos de um bom ano de 2017. Um ano que irá certamente ser um desafio muito interessante em termos de intervenção social. O meu papel será o de alimentar a crítica construtiva.
A mensagem de Ano Novo do Presidente da República é equilibrada, fácil de entender e certeira.
Estamos, de facto, concordo plenamente, "perante uma das encruzilhadas mais decisivas da nossa história recente". Também penso que os "entendimentos partidários" são indispensáveis para que possamos ultrapassar a grave situação em que Portugal se encontra.
A economia e a protecção dos mais vulneráveis são as duas grandes prioridades.
Os valores éticos, numa sociedade onde há muita gente que perdeu a vergonha e está disposta a praticar todas as sacanices, têm que voltar a ser os padrões da nossa conduta.
Só que enquanto houver impunidade para os mais fortes, porque o sistema de justiça continua propositadamente ineficaz, a ética será apenas uma palavra sem conteúdo, com pouco mais valor do que o serve para polir as aparências.
Em tempos de Páscoa, é bom esquecer a política. É que a política, tal como a praticamos nesta terra, precisa de pausas sanitárias, de vez em quando. Sobretudo quando o país está de dar em doido.
Pausa. Que viva o sonho das cores que alimentam a esperança.