A guerra e a segurança alimentar
A agressão contra a Ucrânia vai, nas próximas semanas, privar o mercado mundial de trigo e milho de cerca de 22 milhões de toneladas que estão bloqueadas nos silos, armazéns, portos e navios do país. O bloqueio faz parte da campanha militar russa. O Kremlin sabe que esses cereais são muito importantes para vários países do Médio Oriente e de África. Também está consciente do impacto que o bloqueio tem sobre a segurança alimentar de povos com poucos recursos económicos bem como sobre a assistência humanitária do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas. Quer agora aproveitar-se disso e negociar a livre passagem desses cereais em troca de um abrandamento das sanções que os Estados ocidentais decidiram aplicar contra a Rússia. Não creio que tal venha a acontecer. Neste momento, a tendência é para o aprofundamento das sanções e não para o alívio. A Rússia não deveria fazer da segurança alimentar internacional uma arma de guerra.