A minha colega Louisa C., cidadã suíça residente em Montreux, enviou-me uma mensagem este serão. Está contente, porque irá receber a primeira dose da vacina contra a covid a 26 de janeiro. A segunda será administrada 25 dias mais tarde. Tudo sem demoras, claro e certinho.
Louisa não tem qualquer problema de saúde. Tem apenas a mesma idade do que eu. Por isso, está no grupo prioritário.
Perguntava-me duas coisas. À primeira, disse que sim, que aceitarei ser vacinado. À segunda, respondi que não, que não tenho indicação alguma de quando será a minha vez. E mais não disse, pois ela sabe que eu vivo em Portugal.
Uma das minhas vizinhas contou-me hoje que a sua mãe faleceu na semana passada por causa da pandemia. Faria 79 anos por estes dias. Esteve internada um pouco mais de uma semana no hospital aqui do bairro, o S. Francisco de Xavier. Internada é uma maneira de falar, pois passou mais tempo num dos corredores do que na enfermaria, por razões de sobrelotação.
Vi na maneira de me contar o acontecimento um certo grau de fatalidade. Aconteceu. Foi a covid-19. E pronto, como se morrer tivesse passado a fazer parte dos dias de agora.
A verdade é que os números diários são assustadores. E que a campanha de vacinação não é campanha nenhuma. 82 mil vacinados até agora faz pensar num ritmo de caracol. Como se isso não fosse a tarefa mais urgente que o serviço público deveria ter pela frente.
Os próprios candidatos à presidência passam ao lado desta urgência. Parecem não ter entendido que o nosso mundo mudou.
As estatísticas de hoje sobre a incidência da Covid-19 no nosso país deixam-me extremamente preocupado. São valores altíssimos. A epidemia está fora de controlo. E do lado oficial, que mensagem está a ser transmitida à população?