Este é o link para a minha entrevista de hoje, domingo, no noticiário das 18:00 da CNN. Haveria muito mais para dizer sobre a ONU, agora que o Mali pediu a retirada sem demoras da enorme missão das Nações Unidas que está no país há uma dezena de anos. Esta posição precisa de ser analisada com muita atenção, a partir de vários ângulos: a ONU e o desempenho das suas missões de paz, a leitura feita por Guterres sobre a maneira de gerir essas missões, o papel do grupo Wagner, e também da França, os critérios utilizados na escolha dos líderes da missão, nos principais níveis de autoridade de uma missão gigantesca, a presença militar de países vizinhos do Mali, o desempenho das forças armadas do Mali, etc, etc.
Temos novamente uma situação política anómala no Mali, com a detenção pelos militares do Presidente e do Primeiro-Ministro. Ambos haviam decidido, durante o fim-de-semana, proceder a uma remodelação do governo que entrara em funções após o golpe de Estado de Agosto. Ambos os golpes, o de então e de agora, foram organizados pelo mesmo grupo de oficiais.
Esta situação acaba por ter um impacto sobre a presença de várias missões – ONU e UE – no país. Deixa várias questões no ar. Quem não consegue entender-se, ao nível da direcção política nacional, não está preparado para tirar proveito da ajuda internacional. E quem decide, em Bruxelas, Paris, Nova Iorque ou noutras capitais, tem que se interrogar se vale a pena ajudar quem anda perdido numa grande confusão política.
O meu texto desta semana no Diário de Notícias, publicado da edição em papel de hoje, aborda a situação no Mali. É verdade que não se pode falar do Mali, sem mencionar o resto da região em que se insere, ou seja, o Sahel. Por isso, faço igualmente uma referência ao Sahel, aos problemas do crescimento muito rápido da população, à falta de perspectivas para os jovens, como também à corrupção e à ausência da presença da administração do estado em largos segmentos das terras da região. Uma outra preocupação foi a de mostrar que estes países não devem ser tratados com os preconceitos que são comuns quando se fala de África. E há mais, no meu escrito. A minha preocupação é a de apresentar uma visão de águia, ampla contextual, de cada assunto que trato. Outros acrescentarão visões mais pormenorizadas e mais terra-a-terra. Assim se enriquece o debate.
Logo que o texto esteja disponível – agora é “premium”, só para assinantes – colocarei o link neste blog.