Ainda o Egipto
Na minha página da Visão que hoje foi posta à venda, volto a escrever sobre os acontecimentos no Egipto. Tinha que ser. O assunto continua a ocupar as grandes manchetes dos media. E tem havido, nos países ocidentais, quem tenha expresso profundas reservas e receios sobre o futuro do Egipto.
A minha tese principal defende que a mudança no Egipto deve ser encarada pela positiva. Não estamos em 1979, na situação que, na altura, prevalecia no Irão. Temos uma população bem informada, conectada com o mundo e com uma visão ampla das coisas da vida. É verdade que a Irmandade Muçulmana está bem organizada, tem uma vasta rede de serviços sociais, que toca a muita gente. Mas existem outras fatias da população que não se identificam com a Irmandade. A começar pelos militares.
Defendo também que esta é a última página da história colonial, no Médio Oriente. Depois da administração directa, pura e dura, tivemos várias décadas de controlo indirecto, à boa maneira anglo-saxónica. É essa fase que está, neste momento, em derrocada.
O meu texto pode ser lido no sítio:
http://aeiou.visao.pt/nao-ha-razao-para-pesadelos=f589462
Entretanto, Hosni Mubarak veio dizer-nos, esta noite, que não sai. Que vai continuar a ser o chefe, embora delegando poderes no Vice-Presidente.
Não se entende bem qual é a jogada em que esta cartada se insere, mas foi certamente uma mão terrivelmente arriscada. Amanhã, a rua vai estar cheia de gente. Com manifestações, por toda a parte, que não poderão deixar as Forças Armadas indecisas.