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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Uma nova viagem

Estou a fechar um capítulo muito longo da minha vida de caminhante pelo mundo. Esta noite dormirei rodeado de mais ou menos 220 caixotes e cartões de papelão. É como se o passado estivesse preocupado com a pena do meu adeus e quisesse, assim, mostrar-me que 42 anos de andanças precisam de muita embalagem.

Na realidade, tem sido uma final cheia de imprevisíveis. Qualquer plano, no meio de uma pandemia, é um baralho de cartas que mistura tudo, complexidade, incertezas e ansiedades. Sempre lidei com confusão, indecisão e riscos. Mas nada se compara com o que muitos de nós têm experimentado ao longo destes últimos meses. Sobretudo os mais frágeis e pobres. Dizem que a morte é a grande niveladora. Mas o confinamento é o grande revelador das enormes disparidades sociais e da diferença que elas fazem. Esta verdade não necessita de uma caixa de cartão. Irá, no entanto, comigo, nesta nova viagem.

A imprevisibilidade dos dias que correm

Curiosamente, este ano os melros voltaram, depois de vários anos de ausência. Tenho um casal no meu jardim, que passou o dia a construir um ninho. Muito atarefados, mas sempre com um olho posto nos gatos da vizinhança, que vêem os nossos jardins como um terreno de prática da caça.

Não sei se chegarei a conhecer os futuros ocupantes desse ninho. Em princípio, deveria mudar-me definitivamente nos primeiros dias de Abril. Uma mudança radical de vida, mais uma a juntar a muitas outras. Agora, nestes tempos de incerteza, nada é claro.

Uma das dimensões da crise é a indefinição, a impossibilidade de imaginar os dias futuros com um mínimo de probabilidade. Para quem tem as suas rotinas definidas, isso não constitui um grande problema. Mas quem anda por outros horizontes fica com a impressão que está num jogo de roleta. Apostar no imprevisível é coisa de loucos.

A vida do meus melros é diferente. Está cheia de esperanças. Mas também aí, é o acaso que pesa mais. Para aumentar as suas chances, constroem o ninho num galho mais alto. A altura traz mais segurança, quando se trata dos felinos, mas cria instabilidade, o ramo abana mais com o vento, aumentando assim o risco de queda dos pintainhos. Espero, por isso, que as próximas semanas sejam amenas. É uma aposta no factor sorte.

Quem não prepara o futuro fica para trás

Passei as últimas quatro semanas a viajar pela Ásia do Sudeste, incluindo por Myanmar e pelo Butão, que são dos países mais pobres da região. Fiquei surpreendido pelo ritmo de desenvolvimento. Estão a crescer a olhos vistos. Dinamismo e optimismo são as palavras que melhor definem a situação em que se encontram, actualmente, esses estados. Em comparação, Portugal parece um país parado no tempo, pouco preparado para enfrentar as mudanças profundas que estão a bater à porta do futuro de todos nós.

Choques, sociedades multiculturais e globalização

Depois das declarações de Angela Merkel, sobre a falta de aculturação dos imigrantes na Alemanha, passei algum tempo a reflectir sobre a imigração na Europa. Este será, aliás, o tema do meu próximo texto na Visão, na Quinta-feira.

 

Um dos aspectos da matéria tem que ver com a segurança social. Muitos europeus pensam que os imigrantes são uns abusadores, tirando proveito máximo dos sistemas sociais existentes nos países de acolhimento.

 

Mas a verdade é que a Europa está cada vez mais exposta à competição internacional, que resulta da globalização acelerada dos mercados. A globalização põe em causa as estruturas existentes, que tinham fundamentalmente uma base nacional. Hoje essa base nacional já não faz sentido.

 

Perante a incerteza, as modificações ao nível da estrutura produtiva e face à pressão que os sistemas de segurança social enfrentam, com o aumento do desemprego e com o envelhecimento das populações, é fácil acusar os imigrantes de abusos dos direitos sociais. A culpa é do outro, sobretudo se o outro é muito diferente. Também é cómodo dizer que os novos imigrantes têm apenas como objectivo usufruir das vantagens dos regimes altamente sofisticados de segurança social que definem os regimes sociais europeus mais avançados.

 

 A arrogância não permite ver o mundo de hoje tal como ele é. Primeiro, a Europa já não é o centro do universo. Segundo, sem imigração haverá um envelhecimento insustentável das sociedades europeias. Terceiro, não é possível abrir as portas, como se pretende fazer, para os engenheiros e os quadros altamente qualificados, vindos de outras regiões do planeta, e mantê-las fechadas para os outros, para os indiferenciados, muitos deles mais dinâmicos e mais trabalhadores do que a média dos europeus de nível equivalente

 

Diversidades

Esta tarde, passei cerca de uma hora a observar a multidão que percorria a Rue Neuve, em Bruxelas. Esta artéria é a zona comercial por excelência da capital belga. Situada exactamente no centro da cidade, estava, hoje como sempre, cheia de gente. Havia de tudo, de todas as origens, de culturas muito diversas. Sobretudo, muitos jovens.

 

Como é possível que haja tanta gente a passear e a fingir que faz compras, durante as horas de trabalho? Esta foi uma das interrogações que me passou pela cabeça. A segunda foi, como Bruxelas mudou! Ainda me lembro da cidade quando os metecos, como eu, eram a excepção. Quando a polícia identificava sistematicamente quem tivesse cara de ser de fora. Agora seria uma tarefa infindável.

 

A presença de comunidades das mais variadas extrações é actualmente uma das características da velha Europa. A variedade trouxe abertura de espírito, riqueza cultural, e mão-de-obra jovem. Não nos podemos esquecer disso, nesta altura em que as crises podem fazer voltar os velhos espantalhos do racismo e da xenofobia.

Anunciar o Ano Novo

 

Copyright V. Ângelo

 

À porta de casa, a minha tenda em Birao, capital da Vakaga, uma residência de luxo, com internet e tudo, a badalar o sino de um ano que será um tempo de grandes mudanças. Há que ter a coragem de enfrentar novos desafios, abrir outros horizontes,  começar uma vida diferente. Não é apenas renovação. 2010 é um ano novo.

 

Um bom Ano de 2010 para todos os que seguem o meu blog.

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