Trabalhar a terra
Estive esta semana em Vila Cã, aldeia que é sede de freguesia do concelho de Pombal. Aí se encontram as raízes familiares paternas.
Com vista para a Serra do Sicó, a 10 quilómetros de Pombal, Vila Cã é hoje um espelho do que tem sido a modernização de certas zonas rurais portuguesas. Tem estradas por todos os lados, vivendas feitas a preceito, centro social, escola primária, luz e água canalizada.
Uma boa parte do progresso resulta da proximidade e da facilidade de acesso a Pombal, cidade que é fonte de emprego e de negócios. O resto é fruto da emigração, que nesta terra foi sempre uma componente inevitável na vida das famílias. Já o meu Avô fora emigrante em França, na segunda década do século passado. Voltou à aldeia por causa da guerra, a Primeira, com uma mão atrás e a outra à frente, mas com os olhos abertos e a cabeça arejada.
Partilhas ao longo de gerações levaram ao fraccionamento das terras. Há uns anos atrás, esses minifúndios estavam entregues às silvas. Agora, com a crise, as coisas mudaram. Há mais cultivos, terras melhor aproveitadas. O que falta do lado do emprego e dos salários é, neste momento, compensado com as batatas, as hortaliças e as outras culturas ligadas à economia doméstica. E pelos animais de capoeira.
E assim se vai vivendo. Que ficar parado à espera de dias melhores dá para morrer de fome.