A economia alemã deve crescer cerca de 1,4% este ano. Entretanto, as negociações entre os sindicatos e as confederações patronais prevêem aumentos salariais importantes, para o próximo ano. Um acordo recente no sector metalúrgico fará subir os salários dos operários em cerca de 3,6% em 2011.
Entretanto, o governo federal resolveu cortar o número de militares de 160 000 para 120 000. Um dos generais, amigo meu, disse-me que os cortes vão ser a direito, sem terem em conta as necessidades mais estratégicas do sector da defesa. A verdade é que a Alemanha quer dar o exemplo, em termos de equilíbrio das contas públicas.
Entretanto, em Portugal, para além das chuvas, o temporal é outro. O governo acusa o PSD de não querer acertar as contas. O PSD diz que o governo está desgovernado. O meu empreiteiro de trabalhos ocasionais, esse, diz, que uma vida sem facturas fica mais em conta.
Informam os meios de comunicação social que os sindicatos da função pública portuguesa querem um aumento salarial de 2,9% em 2011.
Penso que esta informação não pode, de modo algum, ser verdadeira. Quem vai acreditar que associações sindicais responsáveis, como certamente serão as que representam os nossos funcionários, possam pensar em aumentos dessa ordem, quando a situação das finanças públicas do país está a ficar cada vez mais insustentável?
Os dirigentes sindicais, como aliás todos nós, sabem que sem um corte das despesas públicas a sério, em 2011 -- e no que resta de 2010 -- o financiamento externo da economia portuguesa ficará totalmente comprometido. Sem acesso aos capitais exteriores, serão vários os sectores económicos a entrar em derrapagem total.
O Orçamento de Estado para 2009, hoje aprovado na Assembleia da República contra os votos de todos os partidos, com a excepção fiel e submissa dos deputados do PS, parte de um cenário económico pouco realista. As previsões de receita, quer em termos de IVA, quer de outras tributações, são excessivamente optimistas. Melhor dizendo, não têm qualquer fundamento técnico, são meras construções políticas para ganho do partido do governo.
Numa altura em que é evidente para todos que a zona euro está em contracção económica, é absolutamente injustificado construir um cenário orçamental como o que hoje foi aprovado. As receitas, quando os nossos parceiros económicos europeus estão a atravessar um período de recessão prolongada, irão necessariamente ser inferiores aos valores previsitos.
Se, por outro lado, as despesas forem realizadas como programadas no OE, o que irá certamente acontecer por ser preciso captar votos e por isso fazer obra que encha o olho, o ano de 2009 verá o défice das contas do Estado agravar-se de um modo muito significativo.
Há aqui, meus amigos, uma tentativa deliberada de engano público e de caça aos votos. Que nada tem que ver com a democracia avançada que dizemos querer construir. Nem com uma Esquerda responsável.