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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Um vizinho muito perigoso

Lutar contra a insensatez ou abrir as portas ao perigo populista? (dn.pt)

"A retórica belicista de Vladimir Putin e dos seus acólitos contra a NATO e a União Europeia tem-se agravado à medida que nos aproximamos da eleição presidencial russa, marcada para 15 a 17 de março."

Assim começa o meu texto de hoje no Diário de Notícias.

A incoerência política dos líderes europeus

Da Ucrânia a Gaza: onde está a coerência europeia? (dn.pt)

Este é o link para a minha crónica de 2 de fevereiro de 2024 no Diário de Notícias.

A crónica começa assim: "Salvo exceções, a política é um mundo habitado por oportunistas. Nicolau Maquiavel, há quinhentos anos, entrou para a história da ciência política moderna, ao escrever sobre o assunto, pondo o acento tónico na palavra cinismo. Mas a prática vinha da antiguidade e continua nos nossos dias, nos governos, nos partidos e na habilidade em manipular a opinião dos cidadãos. A ética, ou seja, o respeito pelos princípios, pelo interesse comum, pelos contemporâneos e pelas gerações vindouras, é uma palavra que faz rir, disfarçadamente, muitos dos que andam na política. Para estes, a única coisa que conta é o seu benefício pessoal, garantido pela manutenção no poder graças a uma clientela política."

A reunião de hoje do Conselho de Segurança

O Conselho de Segurança da ONU reúne-se hoje novamente para debater a situação em Gaza, Palestina. É muito provável que aprove uma nova resolução para condenar o ataque terrorista do Hamas de 7/10 em território de Israel e para pedir a libertação dos reféns. Mais, que apele ao fim do bloqueio de Gaza por Israel no que respeita aos produtos essenciais para a vida das populações civis. Também deverá recomendar que Israel anule a ordem dada sobre o movimento para sul dos habitantes de Gaza. E que se instaure um cessar-fogo humanitário e se proceda à abertura de corredores humanitários. Duas outras preocupações do Conselho: a protecção das instalações e do pessoal na ONU e de outras agências humanitárias que ainda estão a assistir as populações de Gaza; contenção máxima, de modo a evitar o alastramento do conflito para outras partes da região.

Médio Oriente: Joe Biden perdeu a cartada

Como previra no meu texto desta semana no Diário de Notícias, o Presidente Joe Biden saiu a perder da sua deslocação ao Médio Oriente. Não conseguiu nenhum resultado em Israel. Não mexeu no dossier palestiniano, para além de uma visita de cortesia ao Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas e da confirmação de um financiamento de 500 milhões de dólares, que serão transferidos através da agência das Nações Unidas que se ocupa do apoio a esse povo, a UNRWA. E ficou nitidamente a perder, no seu encontro com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman. Este teve mesmo a ousadia de lhe responder, quando o assassinato de Jamal Khashoggi foi abordado, que os EUA também cometem erros.

Também não conseguiu convencer os seus interlocutores sobre a produção diária de petróleo. Para já, não haverá nenhum incremento quanto ao número de barris produzidos.

Tudo isto era previsível. O meu prognóstico não tinha nada de excepcional. Estou seguro que os conselheiros de Biden lhe terão dito o mesmo: neste momento, a viagem estava destinada ao fracasso. Mas o presidente não os quis ouvir. Teve demasiada confiança nas suas capacidades de convencimento. Um erro. Hoje, esses países do Golfo têm outras escolhas, para além dos EUA. São muito mais independentes nas suas decisões estratégicas. E mostraram-no, sem ter de fazer um grande esforço.

A geopolítica não serve para justificar guerras

Hoje, vi-me forçado a lembrar ao meu amigo D. que estamos em 2022. Já não vivemos em 1991 ou 1998, e ainda menos nas décadas anteriores. Agora, as pessoas e as suas opiniões contam como não contavam nesses tempos. Se os ucranianos não querem ser russificados, ou aderir à Rússia de Vladimir Putin, não há nenhuma teoria geopolítica que justifique o uso da força. Esse uso é pura e simplesmente ilegítimo.

E já agora, o mesmo se pode dizer sobre Taiwan, o Tigray, a Palestina e outros territórios.

A violência na Cisjordânia

O assassinato de Shireen Abu Akleh, na Cisjordânia, deve ser investigado de modo independente e expedito. Shireen era uma jornalista veterana, muito conhecida e respeitada na região. A sua morte não pode ser tratada de modo superficial, não pode ser apenas mais uma numa região em que o inaceitável acontece todos os dias.

Um cessar-fogo é melhor do que uma situação de guerra

Os pormenores do cessar-fogo entre Israel e Hamas ainda não são conhecidos. Houve certamente muita pressão vinda da administração Biden. E o Egipto desempenhou, como no passado, um papel importante. Entretanto, é óbvio que esta crise teve custos elevadíssimos e veio agravar a situação em que se encontram Israel e a Palestina. Um problema que já não tinha qualquer hipótese de solução ficou agora ainda pior e mais complexo.

A Europa não risca nada no Médio Oriente

A União Europeia não tem qualquer tipo de influência sobre as partes em conflito. Amanhã, terá lugar uma conferência dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, sobre a presidência de Josep Borrell. Mas será um exercício em vão, um tiro de pólvora seca. Aprovará uma declaração genérica, copiada de declarações passadas, e nada mais.

No essencial, os Estados-membros apoiam tradicionalmente Israel. É verdade que insistem na “solução” dos dois estados, segundo as fronteiras existentes em 1967, e com Jerusalém como capital de ambos. Mas essa insistência é meramente simbólica. Os políticos europeus sabem que Israel a tornou inviável. Mas essa constatação é varrida para debaixo do tapete. E os programas de cooperação derivados da associação de Israel com a UE continuarão em vigor.

Hamas é uma organização terrorista. Consta da lista europeia como tal. Essa classificação impede os europeus de contactar directamente com o Hamas. Mas isso não tem importância alguma. Tal como Israel, Hamas não está disposto a ouvir o que possa vir de Bruxelas ou por intermédio de Bruxelas.

O impasse e o sofrimento irão continuar. Benjamin Netanyahu decidirá até quando.

Entretanto, cresce, nalgumas cidades europeias, o ódio contra os cidadãos europeus de religião judaica. É evidente que esse tipo de comportamentos é inaceitável. Deve ser tratado de forma enérgica. Não podemos permitir que se importe para a cena europeia o que se passa no Médio Oriente.

 

 

Biden e o Médio Oriente

A maneira como o Presidente Joe Biden tem estado a actuar no que respeita ao conflito entre Israel e os Palestinianos mostra que o Médio Oriente não está no topo da sua lista de prioridades. Tem seguido uma linha habitual – a de apoiar o governo israelita, embora sem grandes entusiasmos, e andar aos ziguezagues, no que respeita aos direitos dos palestinianos. Fora isso, nada de novo, que as suas preocupações são, para já, essencialmente de ordem interna. A agenda doméstica é onde estão os problemas que considera importantes e também onde estão os votos que irá precisar em 2022, para consolidar o seu controlo do Congresso.

 

A guerra também se ganha na frente da opinião pública internacional

A destruição, que hoje ocorreu por decisão e acção das autoridades israelitas, do edifício que acolhia os escritórios da Al-Jazeera e da Associated Press em Gaza ficará na história da região e de um conflito que não tem tréguas. Independentemente do resto, tratou-se de uma decisão com altos custos políticos. Na guerra da opinião pública internacional, que é uma frente de combate que também conta e muito, foi um imenso tiro nos pés que Benjamin Netanyahu decidiu arriscar. E acertou em cheio. Não teve em conta, além disso, que a mesma opinião pública já não tinha qualquer tipo de simpatia pelo governo de Netanyahu. Nem pelas linhas políticas que o fazem agir como age.

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