Moçambique continua na ordem do dia. No seguimento do meu texto de ontem, publicado no Diário de Notícias, recebi várias mensagens e alguns telefonemas. Todos expressavam preocupação. O sentimento dominante tem duas facetas. Por um lado, pensa-se que o governo de Maputo não está a perceber bem a dimensão do problema. Por outro, existe o receio de que a insurreição e os actos de terrorismo tenham ganhado um novo elã, depois do que aconteceu em Palma.
Ambas são questões genuínas. Ninguém quer ver o governo moçambicano – e o povo desse país ao qual nos ligam a história e a língua – numa situação difícil. Também ninguém pode ficar calado quando se praticam acções terroristas.
Mas para resolver a crise há que entendê-la bem. A mensagem principal do meu texto era sobre isso.
O que está a acontecer no nordeste de Moçambique é muito grave e de uma grande complexidade. O ataque à povoação de Palma foi planeado de modo profissional e executado com uma violência inumana. Uma das conclusões que se deve tirar dessa acção terrorista é clara: há por detrás de tudo isto uma mão organizadora. Ou seja, estamos perante um conflito muito mais sério do que se poderia pensar.
Para já, é fundamental reconquistar o controlo de Palma e arredores. E duas coisas mais: compreender quem é esta gente violenta e fortemente armada; ajudar as autoridades legítimas de Moçambique a resolver o problema. A primeira significa procurar saber quem são, quem os organiza e ao que vêm. Não será fácil, mas é essencial fazer essa análise. Com toda a objectividade. A segunda, relativa ao apoio externo, é um assunto que o governo de Moçambique terá que aclarar. Não se pode impor uma ajuda vinda de fora.