Rui Rio e a agitação das águas
Muito se disse nas últimas 24 horas sobre a vitória de Rui Rio. Uma vitória que para muitos foi uma grande surpresa, já que o seu adversário parecia reunir o apoio de todos os bem-pensantes que constituem a vida pública portuguesa, pelo menos do lado direito da mesma.
A realidade acabou por ser outra. Não irei aqui acrescentar nada ao que já foi dito sobre o fosso que parece existir entre as elites e o povo. Direi apenas que quando se ganha e perde por uma margem tão pequena deve ser porque nenhum dos dois candidatos reúne as características que os militantes gostam de ver num dirigente político. Por isso, tanto faz votar por A como por B.
O curioso foi o que aconteceu depois da votação. O discurso de vitória de Rio foi uma dissertação bem feita e marcadamente política. Mobilizadora. Se o candidato tivesse falado assim nas semanas anteriores, creio que teria tido uma vitória muito mais expressiva. É difícil de compreender porque não o fez. Dir-se-ia que a candidatura do seu adversário e os apoios que iam aparecendo na comunicação social o deixaram meio atordoado. Mas o homem sabe mexer-se ao nível das bases. E acorda quando ganha.
Agora, o desafio que tem pela frente é manter-se acordado até finais de janeiro.