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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Como vamos descalçar esta bota?

A crise criada pela clique que controla o poder na Rússia põe em causa o futuro pacífico da Europa, para além da destruição que provoca no Ucrânia. Deveria ser resolvida com um tratado de paz abrangente, que englobasse todas as partes. Mas não vejo hipótese alguma de se conseguir um tal tratado. Deve, no entanto, repetir-se continuamente que essa seria a única solução razoável e respeitadora dos direitos soberanos da cada Estado.

Um armistício e um congelamento das hostilidades é inaceitável, por beneficiar o infractor. Não é impossível de obter, mas deixaria o problema por resolver e acabaria, mais tarde ou mais cedo, por dar lugar a uma nova agressão russa e a uma nova guerra. E abriria a possibilidade de outras agressões da Rússia contra a sua vizinhança ocidental, a começar nos países bálticos ou na Polónia. A Rússia ficaria sempre a ganhar e, por isso, não hesitaria, embora se tratasse de países da NATO. Procederia a um ataque rápido e de surpresa, e depois de ocupar algum território, sobretudo um corredor que lhe permitisse ligar a província de Kaliningrado à Bielorrússia e à própria Rússia, mostrar-se-ia pronta para assinar um acordo de tréguas.

Que alternativa nos resta?

Falar de paz e apostar na guerra

CNN Portugal on Twitter: "Victor Ângelo, ex-secretário-geral adjunto da ONU, analisa as recentes declarações de Vladimir Putin, que esta tarde afastou a necessidade de mobilizar mais tropas para fazer face à contraofensiva ucraniana. https://t.co/tRPUXGEAGW" / Twitter

O meu comentário de hoje na CNN P. 

Ucrânia: possíveis passos seguintes

Depois do desfile militar em Moscovo de 9 de Maio, e do que ele pareceu revelar, em termos da situação política interna na Rússia e das hesitações e divisões que poderão existir no interior da classe dirigente do país, chegou o momento de agir com muita inteligência, muita firmeza e pouco ruído. As únicas mensagens que devem ser audíveis são as seguintes: é possível negociar uma retirada pacífica e ordenada das forças russas dos territórios que ocuparam na Ucrânia; os mais altos responsáveis pela agressão devem responder pelos seus actos perante um tribunal internacional; a Ucrânia tem direito a reparações de guerra e à ajuda necessária para a reconstrução do que foi destruído, na base de um plano internacional financiado em boa parte pela Rússia mas também por outras contribuições voluntárias; a NATO e a Rússia estão disponíveis para rever as modalidades da sua cooperação e os princípios da nova era de segurança na Europa; se o processo descrito acima não for aceite por Moscovo, a contra-ofensiva ucraniana será levada a cabo, com a ajuda dos seus aliados e com base no princípio da legítima defesa perante uma agressão exterior.

E agora, caro Lula da Silva?

Lula da Silva não tem a sofisticação necessária para ser um mediador num conflito tão complexo como aquele que foi criado pela invasão russa da Ucrânia. Lula tem uma visão simplista das relações internacionais. Por outro lado, está ideologicamente muito alinhado com a Rússia e a China. Assim, não pode ser conhecido como um mediador independente. Estas são duas enormes dificuldades que impedem o seu desempenho na resolução do problema criado pela Rússia.

A visita da Lavrov a Brasília complicou ainda mais as ambições do Presidente Lula. Lavrov veio colocar o Brasil no mesmo patamar em que se encontram outras ditaduras latino-americanas: a Venezuela, a Nicarágua e Cuba. Demonstrou também que a Rússia não tem aliados na América Latina, para além dos Estados antidemocráticos e marginais que o ministro agora visitou.

Nas declarações públicas efectuadas por Lavrov ficou claro que a Rússia quer pôr um ponto final à sua violação da lei internacional, mas que para isso exige tirar benefícios da sua expedição militar contra a Ucrânia, guardando para si as quatro províncias que reivindica no leste da Ucrânia, e que seriam acrescentadas à ocupação que fez na Crimeia em 2014. Isto quer dizer que a agressão que iniciaram em fevereiro do ano passado se saldaria com ganhos para a Rússia. Uma situação dessas é inaceitável e viola claramente o princípio da soberania nacional da Ucrânia.

É verdade que tudo pode acontecer nos próximos meses, tendo presente o impasse em que ambos os países, o agressor e o agredido, se encontram. Mas o impasse não pode de modo algum justificar, em 2023, a conquista de territórios vizinhos pela força.

A nova etapa da agressão chamada Vladimir Putin

https://www.dn.pt/opiniao/putin-que-nos-trazem-os-proximos-dias-15851279.html

Este é o link para o meu texto de hoje na edição impressa do Diário de Notícias. 

Cito de seguida um parágrafo do texto.

"Aguardo o discurso de 21 de fevereiro com preocupação. Sobretudo se vier a ser um aprofundamento do que Putin disse em Volgogrado, há duas semanas, no octogésimo aniversário da Batalha de Estalinegrado. Ou seja, se Putin continuar na linha narrativa falsa de que existe agora a possibilidade de uma ameaça existencial contra a Rússia, que se manifestaria, segundo disse em Volgogrado, na transferência para a Ucrânia de armas mais potentes e certeiras. Essa ameaça existencial é uma invenção. O papel dos invasores nazis em território estrangeiro é desempenhado hoje pela Rússia na Ucrânia."

Uma situação inquietante

António Guterres discursou hoje, perante a Assembleia Geral da ONU, para partilhar a sua visão sobre a situação mundial actual e os seus planos para 2023. Foi um discurso claro e alarmante. O Secretário-Geral mostrou-se muito preocupado com o estado do mundo, que está a caminhar rapidamente para uma grande catástrofe. Mencionou, nomeadamente, o risco de uma guerra nuclear, o agravamento das questões ambientais e da pobreza, a falta de visão a longo prazo. E disse sem ambiguidade que essa falta de visão é propositada, que se vive a pensar no dia-a-dia. Não há nenhuma preocupação com o futuro nem com os direitos das pessoas mais frágeis.  

 

A paz na Ucrânia: como chegar lá?

https://www.dn.pt/opiniao/a-paz-na-ucrania-uma-pergunta-a-espera-de-resposta-15768884.html

Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. 

Cito de seguida umas linhas do meu texto. É costume proceder assim. 

"A conclusão é que estamos longe do início de um processo de paz. Antes pelo contrário, infelizmente. Putin acredita numa vitória militar e aposta no fator tempo: precisa de tempo para estar em vantagem. Ora, é exatamente isso que não lhe podemos oferecer. Se não há paz, se ninguém consegue mediar, tem de haver ação, movimento e rapidez, e a conjugação de todos os meios possíveis, incluindo o fomento de divisões e confusão no centro do poder russo."

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