Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Ainda sobre a reflexão prospectiva

Depois do escrito de ontem, que discorria sobre o que significa olhar para o futuro, queria acrescentar algo mais. Mantenho que pensar sobre o futuro, ver quais são as opções possíveis e qual poderá parecer a melhor, exige uma imaginação apurada e ideias claras sobre o contexto. Também se baseia em muitos anos de experiência profissional, anos de acção e de confrontos diversos, vividos em realidades muito distintas umas das outras.

Ou seja, sem imaginação e experiência que vá além do que se poderá ler nos textos académicos, é difícil propor cenários prospectivos, traçar linhas de conexão entre as diferentes peças do xadrez.

Um intelectual cansativo

O meu amigo é um português de gema que gosta de discorrer sobre relações internacionais e geopolítica. Ainda bem, que assim se ganha uma perspectiva mais ampla do contexto em que nos inserimos. O problema é a rigidez e o viés da análise. Cada incursão num tema leva-o sempre à formulação de críticas acerbas aos dirigentes europeus e às posições políticas ocidentais, independentemente da justeza ou não da decisão em causa. Por exemplo, quando estão em jogo Angela Merkel e Vladimir Putin, o seu raciocínio consiste em dar a volta aos factos e justificar ou procurar desculpar o líder russo. Na pior das hipóteses, Putin é descrito como sendo anti-ocidental e nunca se faz referência ao despotismo que o inspira ou à corrupção que é um dos pilares da sua política. O meu amigo acha que ser de esquerda é proceder assim, apoiar quem nos é hostil. Também acha que, ao apresentar as coisas dessa maneira, está a ser mais esperto do que os outros. Na realidade não faz análise, toma partido e faz política. E ao fazê-la, esquece-se dos nossos interesses. Pensa apenas na imagem que quer projectar, a de um estratega, quando na realidade pouco mais é do que uma espécie de irmão metralha, estudioso e activo, mas que confunde a esquerda com o deita-abaixo. Amigos assim, evito, pois são, além do mais, cansativos.

O mundo que aí vem

Hoje fechou a Rússia, por um mês. Cerca de um terço da população mundial está agora confinada. Uma situação destas deverá acarretar profundas alterações, em todos os domínios, uma vez terminada a crise. A reflexão sobre o mundo novo já está em curso, aqui e lá, cada um no seu canto e de modo muito incipiente. Os políticos prefeririam que tudo voltasse a ser como dantes, como em Janeiro de 2020. Seria como um simples despertar de um pesadelo horrível. Creio que não será assim. A maneira de trabalhar, a organização da economia, as viagens e o relacionamento com o longínquo, o pensar estratégico, as relações entre as pessoas, a atitude perante a natureza e o ambiente, as escalas de valores e o discurso social, tudo isso poderá conhecer transformações profundas. Penso que seria importante pôr um grupo de reflexão em marcha, com o objectivo de reflectir sobre essas possíveis alterações. Talvez isso pudesse ser uma iniciativa do Secretário-geral da ONU. Ou de uma fundação com The Elders.

A diferença que a imaginação faz

Na minha perspectiva, um académico é diferente de um pensador. Não digo filósofo, que isso está um bocado fora de moda, pelo que uso a palavra pensador.

O académico tem a obrigação de ser objectivo, factual. Deve estudar a fundo, ler milhares e outros milhares de linhas sobre o tema que está no centro dos seus estudos e acrescentar conhecimento ao que já existe. Muitos não o conseguem fazer. Limitam-se a resumir o que outros já disseram, a repetir o que já foi foi explorado. Um bom número dos académicos que por aí andam caiem, aliás, nessa categoria de papagaios com excelentes capacidades de memorização. Dantes, chamar-lhes-ia gravadores, agora terei que dizer que são uma espécie de scanners ambulantes. Acreditam que a erudição é a mesma coisa que o conhecimento. E como há muitos tapados que também vêem a vida académica assim, acabam por ter algum reconhecimento, que é uma palavra que se pode confundir com conhecimento.  

O pensador é acima de tudo um criativo. Vive no mundo da imaginação, das hipóteses, dos cenários possíveis, da prospectiva. A academia é, para ele, uma plataforma para levantar voo e nada mais. O pensador é como que uma águia que vê a vida a partir de um ponto perdido no espaço, muito alto e amplo. Mas, contrariamente à águia, não anda à caça de coelhos desprevenidos. Não liga a essas minudências. Anda, isso sim, à procura de novos horizontes, a abrir novos destinos.

 

Escrever de novo sobre a NATO

Ontem deixei aqui um breve texto sobre as grandes questões que afectam a existência da NATO, nesta altura de celebração dos seus 70 anos de existência. Fi-lo, em parte, porque havia lido o que se escrevera nos dias recentes sobre esse aniversário.

O lido podia ser agrupado em dois campos.

O dos apologistas da NATO, por dever ou por outras razões, que não discernam qualquer tipo de problema importante que possa pôr em causa a Organização. É o clube dos rosados, tudo são rosas.

E havia, por outro lado, o campo dos “históricos”, que há falta de melhor, leram uns textos sobre o passado da NATO e resolveram escrever sobre esses factos, sem compreender os desafios presentes e as grandes interrogações de agora e de amanhã. É o clube dos sebentas, que lê tudo nos livros e nos jornais dos outros.

A minha escrita baseia-se na experiência que tive ao longo da década corrente, depois de vir de um outro tipo de estrutura organizacional. E pretende apenas sistematizar os desafios e chamar a atenção para a necessidade de um visão europeia sobre as nossas responsabilidades em matéria de defesa e também de segurança. É um convite à reflexão, tendo em conta as diferentes dimensões do assunto.

Conselho jovem

Se eu voltasse a ter vinte cinco anos hoje, que destino daria ao meu futuro?

 

Trata-se, claro, no meu caso, de uma pergunta absolutamente teórica. Os anos da juventude já passaram há muito tempo.

 

Mas, para quem é hoje jovem, a pergunta tem todo o cabimento. E mais ainda, para quem tem ambição, força de vontade e capacidade para fazer coisas.

 

A resposta dependerá de cada um, obviamente. Aqui não há respostas gerais, one size fits all, a mesma medida para todos. O meu conselho é, no entanto, muito simples: quando se é jovem, vale a pena pensar grande e sair da nossa zona de conforto. Ir mais além leva-nos longe.

 

 

 

Tempo de abrir as gavetas

Quando a escrita é independente e não procura benefícios próprios, o desafio passa a ser o de escrever coisas inteligentes e pertinentes. E ir para além da crítica, do jocoso e do ligeiro, como tão frequentemente é o caso nestes dias. O país precisa de quem nos ajude a pensar de modo positivo, de ideias e de narrativas que despertem o que de bom existe em nós. Precisamos de imaginar o futuro, para depois o podermos construir.

 

Infelizmente, assiste-se a uma produção de frases e de pensamentos que são destrutivos, negativos e que não vão além do comentário mordaz. Portugal vive, neste momento, uma crise de confiança em si próprio, a que se acrescenta uma crise institucional, um governo fraco, grandemente impopular, e uma opinião pública que deixou de acreditar nos dirigentes.

 

Falava deste assunto recentemente com alguém de um grande diário nacional. E da necessidade de mudar, de trazer para a frente toda uma nova série de colunistas e fazedores de opinião mais frescos, arejados, capazes de sair do incesto de ideias negras em que andamos enredados. Disse-me que não havia, nem mesmo no seu jornal, coragem para tocar nos interesses estabelecidos. Sabia perfeitamente que vários dos que regularmente lá escrevem já não têm nada de novo para acrescentar. Continuarão, no entanto, a ter o seu espaço reservado, porque mudar as coisas exige uma capacidade de assumir responsabilidades que nem lá nem noutros sítios existe.

 

E assim fica tudo na mesma.  

 

E quando surge algo que poderia ter algum potencial vai de imediato para a gaveta. 

Funcionários

Ao fazer o meu exercício do costume no parque aqui ao lado, esbarrei - sem preocupações, falo em sentido figurado - novamente com uma das equipas de jardinagem. Sete homens grandes, vestidos a rigor, todos naquele uniforme laranja fluorescente que não os deixa passar despercebidos, dois carrinhos de mão, três ou quatro ferramentas, novas e limpas, a dar a volta pelos caminhos da verdura. Conversavam animadamente, o habitual, e por ali andavam. É assim o quotidiano no Parque Josaphat, em Bruxelas.

 

Não quero acrescentar que à volta do parque andam, e também um pouco por toda a parte, em grupos de três, uns agentes de segurança pública, homens e mulheres que caminham pelas ruas, com um uniforme especial, sem nenhum outro equipamento, para ver se está tudo em ordem. Nem lembraria que a estes se deve juntar os vigilantes de estacionamento, também eles a percorrer todas as ruas, numa caça sem defeso à multa (que vai de 17 a 25 euros, segundo as zonas, sendo possível ser multado várias vezes pelo mesmo estacionamento, uma multa por cada vez que os vigilantes por ali passarem). É que nas ruas, ou se paga, ou se tem o papel da licença de morador, ou um disco azul.

 

Todo este pessoal é pago pela tabela do salário mínimo. São, em geral, pessoas que estavam nas listas do desemprego. Estão, agora, ocupadas.

 

Mas quanto tempo pode uma economia, que tem que confrontar a globalização, aguentar este tipo de soluções?

 

Pensei nas câmaras municipais de Portugal. Dizem-me que em Évora, por exemplo, há tantos funcionários camarários por metro quadrado - 1 por cada 85 habitantes, crianças incluídas - que os chefes de serviços passam uma parte do tempo a tentar inventar trabalho para lhes dar. Évora será apenas um exemplo. O resto dos municípios portugueses vive a mesma experiência. 

 

Voltando a Évora, se aos funcionários camarários forem acrescentados os funcionários públicos da administração central e os da Universidade, que panorama se obtém?

 

Que economias são estas?

Ao Sábado é assim

Dizem-nos, no seguimento da baixa da nota de crédito francesa,  que não há razoes para pânico. De facto, o pânico é um mau conselheiro. Mas a verdade é que os governos, lá como cá, precisam de se empenhar muito mais na promoção da economia, na facilitação do empreendimento, na criação de condições para que apareça investimento que crie riqueza e emprego. 

 

Em França, a quebra da nota vai beneficiar a Frente Nacional de Marine Le Pen. Ou seja, muita gente confundida e desanimada com a crise vai votar FN. Se esta tendência se verificar, a questão já não será sobre as chances de reeleição de Sarkozy. Será mais imediata: com Marine Le Pen a subir, é possível que Sarkozy nem à segunda volta vá, pois ficará, nesse cenário, em terceira posição. 

 

Ora, o debate político, a escolha que os franceses deverão decidir deve ser entre Hollande e Sarkozy. Hollande e Le Pen levará Hollande ao poder, por ser o mal menor. A França precisa de um presidente com legitimidade reconhecida, Hollande ou Sarkozy, e não de um político eleito por ser o mal menor. 

 

Entretanto, em Portugal, a discussão política passa ao lado de tudo isto. Fixa-se numa catrogada de asneiras e numa maçonaria de oportunistas. E na defesa dos interesses instalados nos media. Quer uns quer os outros não têm nada que ver com as preocupações do cidadão comum. São umas anedotas para entreter, meros verbos de encher...o bolso. O deles, claro. 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D