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Uma das grandes questões de hoje diz respeito ao futuro das nossas relações com a China. A União Europeia precisa de definir com mais precisão e de modo mais estratégico a maneira como pretende orientar esse relacionamento. E deverá ter em conta que se caminha para um confronto entre os EUA e a China. Que linha política deverão os europeus seguir, se esse conflito se tornar violento? Ou mesmo no caso de, não sendo violento, ser um conflito aberto e profundamente hostil, que fazer?
Não podemos ter ilusões. O Grupo Wagner só existe porque serve os interesses de Vladimir Putin. Na realidade, é uma extensão das forças militares russas disfarçada como se fosse uma milícia privada. Assim não está sujeita ao escrutínio político que existe em relação às forças militares, por muito pequeno que esse escrutíno seja. Pode sofrer baixas em grandes quantidades, com a desculpa de que se trata de uma força de voluntários contratados e não de recrutas obrigados ao serviço militar. Perante as famílias, é mais fácil justificar as baixas massivas de mercenários do que explicar a morte de milhares de recrutas. Em batalhas urbanas, frente ao heroísmo ucraniano, as perdas em vidas humanas russas são imensas. Se essas vidas corresponderem a combatentes Wagner têm menos impacto político.
Há muito que dizer sobre o Grupo Wagner. Mas falar dele sem mencionar a responsabilidade da Vladimir Putin seria um erro. Putin é um político astuto. E a criação deste grupo é um exemplo claro dessa argúcia política.
Um dos comentadores putinistas a quem é dada habitualmente voz na CNN Portugal – um Major-General na reserva, que aprendeu geoestratégia na GNR e que na sua condição de militar não deveria fazer comentários políticos, mas no regabofe que são as nossas chefias militares e perante a incompetência habitual do Ministério da Defesa, ele fala e contraria a posição oficial, com toda a impunidade – disse hoje que os crimes de guerra de Izium fazem apenas parte da propaganda de guerra dos Ucranianos.
Link para a minha entrevista à revista mensal "Ensino Magazine", que publica 20 mil exemplares por edição e é distribuída nos estabelecimentos de ensino superior.
https://www.dn.pt/opiniao/joe-biden-o-medio-oriente-e-a-coerencia-em-politica-15019740.html
Assim escrevo no Diário de Notícias de hoje. E a quem pensa o contrário, esclareço que não comparo a minha escrita com outras. Cada um tem o seu estilo, os seus temas preferidos, a sua interpretação do que pode significar escrever para um público diverso e, em geral, bem informado. Há espaço para todos.
Cito apenas umas linhas do meu texto de hoje.
"Uma visita que não traz qualquer tipo de resposta à questão palestiniana, ao obscurantismo e à crueldade do regime saudita, ou à contenção da ameaça iraniana, só pode ser notada pela negativa."
Hoje, vi-me forçado a lembrar ao meu amigo D. que estamos em 2022. Já não vivemos em 1991 ou 1998, e ainda menos nas décadas anteriores. Agora, as pessoas e as suas opiniões contam como não contavam nesses tempos. Se os ucranianos não querem ser russificados, ou aderir à Rússia de Vladimir Putin, não há nenhuma teoria geopolítica que justifique o uso da força. Esse uso é pura e simplesmente ilegítimo.
E já agora, o mesmo se pode dizer sobre Taiwan, o Tigray, a Palestina e outros territórios.
O paradigma geoestratégico mudou. O conflito deixou de ser sobre zonas de influência. Essa era a concepção que nos vinha dos tempos da Guerra Fria. Hoje já não justifica nada, já não pode servir como motivo para intervir nos assuntos internos de outros Estados. Agora o que conta é a defesa dos direitos humanos, das liberdades fundamentais e dos sistemas democráticos. A geoestratégia tem agora uma dimensão humana. Já não se trata apenas de defender o Estado e o regime. A preocupação agora é com as pessoas, a sua segurança individual e colectiva, a sua integridade física e espiritual. As alianças entre Estados têm de assentar em princípios e valores éticos, que respeitem os cidadãos e lhes permitam ser criativos, livres e uma vivência tranquila, sem medos e sem hipocrisias.
O excesso de confiança e a arrogância podem levar os líderes a cometer erros de apreciação muito graves. Estamos, actualmente, muito perto desse patamar, no que diz respeito à Ucrânia, a Taiwan e ao programa nuclear iraniano. Ou seja, a cena internacional tem hoje um conjunto de crises potencialmente muito perigosas.
https://www.dn.pt/opiniao/nao-podemos-varrer-o-afeganistao-para-debaixo-do-tapete-14196999.html
Este é o link para o meu texto desta semana, hoje publicado no Diário de Notícias.
Trata-se de reflexão prospectiva sobre o futuro a curto prazo do regime talibã. Abordo a urgência humanitária, a situação económica e a questão do reconhecimento diplomático do novo regime.
"O reconhecimento do novo regime, incluindo a sua representação na ONU, vai depender da posição que cada membro do G20 vier a adoptar. Acontecimentos recentes mostram uma tendência para o estabelecimento de contactos pontuais, enquanto ao nível político se continuará a falar de valores, de direitos humanos, da inclusão nacional ou do combate ao terrorismo. E a mostrar muita desconfiança para com a governação talibã. Com o passar do tempo, se não surgir uma crise migratória extrema ou um atentado terrorista que afecte o mundo ocidental, o novo regime afegão, reconhecido ou não, poderá ser apenas mais um a engrossar a lista dos estados repressivos, falhados e esquecidos."
Este parágrafo fecha o meu texto.
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