Não são os Pedrinhos que separam os amigos, meu caro. Cada um, em política e' livre, pode optar por ser pau mandado, outra coisa, ou não.
Só não compreendo e' a escolha do reciclado cavalheiro para a candidatura 'a Câmara de Lisboa. Desde o famoso terramoto, dir-se-ia que Lisboa sempre foi uma cidade atraída pelos desastres.
O civismo faz parte da riqueza e do bem-estar de um país. Quem se pode sentir bem quando não há civismo? Quem se lança num negócio, num projecto de envergadura, quando a cultura geral e’ a de tentar enganar o parceiro?
Qualquer nação que tenha um nível de civismo baixo, em que não exista respeito pelos outros, confiança nas relações entre os cidadãos, altruísmo e um mínimo de dedicação `as causas comuns, e' um país condenado a ser pobre. Não atrai investimentos sérios, não projecta uma imagem que encoraje outros estados e as grandes corporações internacionais a entrar em parcerias de longo prazo, e' um país perdido na sua própria rede de interesses egoístas, vulnerável `a corrupção e a todo o tipo de aventureiros.
Num dos casos, temos uma liderança cansada, que espera apenas que o fruto do governo acabe por apodrecer e tombe da árvore. E’ a política do saber esperar, nada mais, apanhar o bastão do poder apenas por motivos de cansaço. Como digo muitas vezes, não são os partidos da oposição que ganham as eleições, mas os do governo que as perdem. E então, não resta outra solução senão convidar o chamado partido da alternância a tomar conta da administração.
Tudo muito rotineiro, sem genica nem capacidade para tirar o país da cepa torta.
No outro caso, a justeza de certas reivindicações sociais, tem que se reconhecer. Mas sem alternativa, um pacote de propostas muito virado para o passado. A linguagem de outrora a reflectir um mundo que já passou. Faz um bocado de pena. E traduz bem o desespero de alguns dos nossos concidadãos, que não conseguem sair das dificuldades sociais em que se encontram. Dificuldades que são cada vez maiores. E que dizem respeito a um número crescente de cidadãos.
Uma vez mais aparece a imagem de um beco económico, social e político. Sem saída, como todos os becos.
Estamos um bocado num pântano, como diria certo presidente francês, há um ano atrás. Falava da França, e' verdade. Que diria se conhecesse a situação em que os portugueses se encontram?
Na Convenção Democrática, um discurso que apoia sem reservas o candidato presidencial do Partido, um discurso com sentido patriótico e que fala directamente às pessoas, com base em casos concretos, vividos por muitos, sem ambiguidades, sem baixezas, sem ataques pessoais, nem contra os do seu campo, nem contra o candidato Republicano.
Deveria servir de exemplo a certos senhores amargurados do PSD, por exemplo.
Haverá quatro ou cinco anos, numa entrevista ao Diario de Noticias, citei o défice de liderança como sendo um dos principais problemas que Portugal afrentava. O ponto era que sem liderança efectiva a classe política não conseguiria levar a cabo as reformas que o futuro exige.
Deveria ter então acrescentado que uma liderança eficaz é a que sabe combinar três dimensões essenciais: uma visão estratégica, clara e fácil de explicar; uma ambição colectiva, partilhada, para o médio prazo, um projecto nacional; e uma vontade clara de mobilizar o maior número possível de parceiros sociais e políticos.