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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

As várias manifestações em curso

Nos últimos 17 dias, o meu mundo tem estado muito focalizado no joelho direito. Primeiro foi a operação, depois as alterações temporárias ao estilo de vida ou ainda o cérebro a tentar entender, a todo o gás, sobretudo durante a noite, como se deve relacionar com o corpo estranho que substituí o joelho. Ou seja, uma condição absorvente, que pouco espaço deixou para outras actividades.

Apesar de tudo, fui acompanhando o muito que está a acontecer na cena internacional. Temos, na verdade, uma actualidade rica em acontecimentos, uma espécie de convite ininterrupto para uma reflexão sobre o mundo de agora. Um mundo que nos surpreende a uma velocidade superior à que estávamos habituados. Este é um momento de grande interesse para quem analisa as relações internacionais e os alinhamentos em curso, as novas manifestações de poder e as questões do relacionamento do povo com as suas elites. É também um período de profunda preocupação para muitos.

Entre essas preocupações, vários analistas, em diversas partes do nosso horizonte “ocidental”, têm dedicado uma atenção muito especial às manifestações de rua que estão a ocorrer na América Latina, na Europa, em Hong Kong, nas cidades do Iraque ou na capital do Líbano, para mencionar apenas as mais evidentes. Procuram, nas suas reflexões, encontrar pontos comuns, que expliquem o mal-estar e que lhes permitam tirar conclusões genéricas. O ponto de partida, dito ou não, seria que existem fogos populares em várias partes do globo e que na sua origem estariam problemas idênticos: crises económicas, altas taxas de desemprego, custo de vida inabordável, desigualdades sociais que se acentuam, pessimismo em relação ao futuro e elites desconectadas dos cidadãos.

É evidente que cada situação tem o seu próprio contexto político e social. Comparar o que se passa em Hong Kong com as manifestações populares em Beirute não será tarefa fácil. Como também não será coisa simples traçar um paralelo entre os protestos que se vivem em Santiago do Chile e a revolta dos Gilets Jaunes em França. Acho, no entanto, que é meritório tentar comparar as coisas. Cada revolta, cada manifestação de massas contém ensinamentos que podem ser de grande utilidade para a compreensão de situações semelhantes. Além disso, é óbvio, em cada caso, que a comunicação entre os manifestantes se faz através de plataformas sociais. Esse é, aliás, o ponto comum mais evidente. Mas mesmo assim, haverá que estudar as mensagens e a utilização que é feita de cada plataforma.

As elites e o povo

Muitos dos nossos concidadãos sentem-se frustrados. É um facto que a frustração não é um sentimento novo. O que pode ser considerado novo é a expressão pública dessa sensibilidade, que através das plataformas sociais quer ainda na praça pública, nas manifestações de rua.

São sonhos que não se realizam, opiniões que ninguém parece querer ouvir, críticas e sugestões a que não se dá peso, mesmo, nalguns casos, invejas que não se sublimam. Sem esquecer o drama que muitos enfrentam, quando o mês parece ter chegado ao fim quando ainda faltam tantos dias para o completar.

Estes sentimentos explicam em boa medida os populismos, os radicalismos, os movimentos do tipo Coletes Amarelos.

A classe política não tem sabido responder a estas desilusões e às angústias que lhe estão associadas. Os políticos vivem em mundos à parte, nos círculos que as elites formam. Movem-se na órbita de outros políticos, de jornalistas e de gente das empresas. Todos têm vários interesses em comum, que se satisfazem em circuito fechado. E todos eles partilham a mesma falta de sintonia e de conexão com os cidadãos anónimos, bem como a convicção de que são mais inteligentes e mais vivos que o resto da população.

É isso que deve mudar.

A utilidade da maquilhagem política

Na política, um certa dose de cosmética é sempre recomendável. A apresentação conta. Uma ideia frouxa mas bem enroupada, e com uma maquilhagem que ajude a disfarçar os pontos fracos, passa mais facilmente. Assim, o que foi chumbado uma vez, duas vezes, mesmo, pode vir a ser aprovado numa nova volta, se a embalagem mudar e a linguagem que a promova se tornar mais adequada.

Responsabilidades

As pessoas que podemos considerar como pertencendo às elites gostam de repetir que vivemos numa época muito interessante e estimulante. Os que vivem de rendimentos dos sectores financeiros, ou estão ligados às actividades das grandes multinacionais, dizem-no ainda com mais entusiasmo. É aí que encontramos os grandes defensores da internacionalização das economias e da liberalização do comércio mundial. E da revolução digital, que traz ao seus mundos ganhos de eficiência, de flexibilidade e de tempo.

As elites são gente que sorri.

Na sua euforia, esquecem-se dos outros. De quem não tem as qualificações necessárias para acompanhar as transformações científicas e tecnológicas. Dos que ficam para trás. Dos que olham para o presente e antevêem o futuro com imensa preocupação e uma grande dose de pessimismo.

Os outros. As pessoas que perdem, ou sobrevivem, apenas. Gente que quando ouve globalização lhes soa a exclusão. Gente com dúvidas e muito medo.

Cabe aos líderes políticos responder a esses receios. Ou seja, encontrar o equilíbrio entre um mundo mais aberto, e em renovação acelerada, e a salvaguarda dos interesses e da dignidade de todos os cidadãos. Em particular os que a vida, por uma variedade de razões, foi deixando à beira do caminho do futuro.

O ponto de partida, para os políticos, deve ser simples. Dito em poucas palavras, isso significa ter claro, nas suas mentes, que a transformação tecnológica da economia, a inovação acelerada com base na Inteligência Artificial e a abertura ao mundo não podem ser feitas à custa da marginalização de camadas significativas das nossas populações europeias. O discurso político e os planos de acção, aos níveis nacional e europeu, têm que se concentrar nas questões de inclusão. Para além da educação e da formação contínua, e da informação inteligente, as políticas devem promover novas formas de estar em sociedade, de se ser socialmente respeitado. Tem que se ganhar um novo entendimento do que significa ser-se socialmente útil. Isto inclui o engenho de novas maneiras de assegurar um mínimo de rendimento mensal aos que possam ter mais dificuldade em inserirem-se no mundo novo.

Tudo isto, sem tirar a cada pessoa a responsabilidade individual, que é sua, perante o seu destino.

A ideia é clara. O futuro constrói-se à força de braços, indivíduo a indivíduo, família a família, mas não só. Precisa de um quadro político que tenha em conta as variáveis do mundo de agora. Aí, entram as lideranças políticas e os seus deveres.

 

 

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