Nicolas Sarkozy, o antigo presidente francês, aparece agora numa acusação do ministério público, como um agente de Vladimir Putin. Segundo o procurador da república, terá recebido centenas de milhares de euros como compensação pela propaganda de que foi responsável. Vai ser julgado. Veremos o que será revelado durante o processo. Entretanto, fica claro que Putin aprecia uma boa campanha de propaganda e parece pagar bem. Será que também teremos por estes lados, aqui em Portugal, quem esteja a ser pago por Putin?
Este é o link da minha crónica desta semana, que ontem foi publicada no Diário de Notícias.
Cito umas linhas desse texto, como faço habitualmente:
"Ora, a contraofensiva tem de ter todas as capacidades necessárias para provocar um efeito estratégico sobre a determinação russa de continuar a guerra. Ou seja, apenas deverá ser lançada, na minha opinião, visando, em simultâneo, dois efeitos: quebrar a resistência militar russa e criar divisões políticas muito profundas ao nível de Moscovo. Só assim será possível abrir a possibilidade de um processo de negociações. Dito com toda a clareza, a contraofensiva ucraniana apenas deverá ser publicitada enquanto tal, se e quando tiver uma grande probabilidade de sucesso."
Como é possível que uma espécie de 1º Cabo, que aprendeu estratégia internacional a comandar segundos-cabos e soldados da GNR, venha todos os dias à televisão dizer mentiras com o simples e óbvio intuito de defender Putin. E agora que Putin é um foragido internacional, esse estratega ao nível de 1º Cabo ainda mente mais e liga coisas que nada têm de ver umas com as outras, só para mostrar que o Ocidente está às portas da morte.
E que Forças Armadas são estas que permitem a um dos seus vir atacar as posições oficiais que Portugal e os seus aliados defendem? Um 1º Cabo na reserva ganha o salário das Forças Armadas por inteiro e tem os mesmos deveres de quem está no activo: não falar de política e sobretudo não atacar as alianças a que o nosso país pertence.
Tudo isto faz dos nossos comandantes militares e do chefe supremo das Forças Armadas umas anedotas, aos olhos dos nossos aliados. E das televisões um instrumento que só pensa em negócios e sensacionalismos bacocos. À 1º Cabo!
Os analistas políticos passam muito tempo a estudar as imagens que as reuniões de líderes produzem. Sobretudo quando se trata de um tête-à-tête, como hoje aconteceu em Sochi entre Vladimir Putin e Alexander Lukashenko. A análise dessas fotos diz muito, a quem sabe destas coisas, sobre o estado de espírito dos protagonistas. As da reunião de hoje mostraram que o dirigente russo teve pouca paciência para as longas conversas de Lukashenko. A agitação das pernas e as expressões do rosto revelaram essa impaciência. Dir-se-ia que considera o bielorrusso como um perdedor, que mais tarde ou mais cedo terá que ser substituído.
A minha experiência de contactos com ditadores ensinou-me que não gostam de líderes que deixam escapar o poder. As ruas de Minsk mostram isso mesmo. Lukashenko perdeu o controlo da rua. Como também perdeu o controlo da propaganda, algo que um político arguto como Putin considera um erro muito sério.
Um partido – ou um dirigente político – precisa de ter um slogan curto, que lhe dê identidade, que mostre um objectivo central, que seja fácil de entender e de repetir. Assim se ganham eleições. Donald Trump, com o seu “Make America Great Again”, é um exemplo vivo do que pretendo dizer. Boris Johnson, com “Get Brexit Done”, três palavras apenas, é outro exemplo. Como o havia sido o Presidente Obama, com “Yes, We Can!”. Angela Merkel usou uma frase semelhante à de Obama: "Wir schaffen das", ou seja, “Podemos tratar disto”, quando se referia à crise migratória de 2015. Xi Jinping lançou e repete a frase sobre a Nova Rota da Seda: “One Belt, One Road”. Vladimir Putin quer que o identifiquem com o renascimento de uma Rússia forte e respeitada internacionalmente.
Estes são apenas uns exemplos. Mas que nos deveriam fazer pensar, incluindo na “loiça política” cá de casa. Qual é a frase que define o PS? Ou o PSD, que agora está em congresso? E mais…
A política é, antes de tudo, uma bandeira. Tem que estar bem definida. E deve ter um porta-estandarte credível. Essa é a combinação vencedora.