Uma das grandes preocupações no meio de tantas relativas à Ucrânia tem de ver com a protecção da população civil. Aliás, convém lembrar que foi essa a razão invocada em 2011, quando se tratou de aprovar a intervenção na Líbia. Cerca de um milhão e meio de ucranianos já saíram do país, à procura de refúgio em países vizinhos. Mas muitos milhões continuam debaixo de fogo, cercados como em Mariupol, ameaçados pelas tropas invasoras. O cessar-fogo deveria servir para proteger essas pessoas. Mas enquanto não se conseguir um cessar-fogo, os países membros do Conselho de Segurança da ONU deveriam introduzir um projecto de resolução que tratasse da protecção dos civis ucranianos. É óbvio que a Rússia vetaria esse projecto. Mas a sua apresentação seria mais uma maneira de fazer pressão sobre o Kremlin. E de obrigar os chineses a tomar posição.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas, que tem o mandato de representar aquela coisa vaga que dá pelo nome de “comunidade internacional”, é mais uma vítima do terrorismo internacional. Por que o digo? Simplesmente porque o Conselho não consegue chegar a acordo e aprovar um plano de acção contra certos grupos violentos, terroristas e absolutamente condenáveis, com destaque especial para os criminosos do Estado Islâmico, da organização somali al-Shabbab e para al-Qaeda. Estas associações de fanáticos continuam a executar inocentes e destabilizar várias regiões do globo. E continuam a mostrar que o Conselho de Segurança não está à altura dos desafios de segurança que existem hoje, em particular os que têm uma importância estratégica de primeira ordem.
Esta constatação levanta uma série de questões sobre o que será o futuro do Conselho de Segurança bem como sobre o caos que existe neste momento no tecido das relações internacionais de segurança.