A nova cimeira do Quad – EUA, Austrália, Índia e Japão – teve hoje lugar em Tóquio. E vale a pena ler o comunicado final, que fala da Ucrânia, mas não ataca nominalmente a Rússia. Prefere falar da inviolabilidade das fronteiras nacionais e do respeito pela lei internacional. Que é uma maneira indirecta de falar da agressão russa.
Curiosamente, enquanto decorria a reunião, bombardeiros russos e chineses realizaram um longo exercício aéreo ao longo da fronteira com o Japão. Esse exercício só pode ser visto como uma manifestação de força e de cooperação entre as duas potências. E ser interpretado com alguma preocupação, por mostrar que a tensão existente é muito maior do que aquilo que muitos pensam.
Os cidadãos de Myanmar, sobretudo os mais jovens, continuam diariamente a dar-nos lições de coragem. Apesar das balas da polícia e dos militares, e das detenções em grande número, o povo está nas ruas das principais cidades, para dizer não à ditadura militar. As plataformas sociais desempenham um papel fundamental em matéria de informação e de mobilização. É, igualmente, através delas que o mundo sabe o que se está a passar no país.
Entretanto, na reunião do Quad de ontem – escrevi sobre essa reunião na minha coluna do Diário de Notícias – a condenação do golpe de Estado foi frouxa. A Índia e o Japão opuseram-se a uma condenação directa dos militares birmaneses. Foi mais um ponto fraco na grande diplomacia internacional. Assim se perde a credibilidade.