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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O discurso sobre a inclusividade

No seu discurso comemorativo do 5 de Outubro, o Presidente da República pronunciou, repetidamente, a palavra “inclusivo”. A mensagem sobre “um Portugal mais inclusivo” apareceu assim como uma preocupação maior. Ou seja, o Presidente reconhece que existe uma parte do país que não está a beneficiar do progresso económico e social que é visível nalgumas camadas sociais.

Dito de outra maneira, a mensagem era sobre as crescentes desigualdades que são cada vez mais visíveis. Mas onde está a intenção política e o plano para combater essas desigualdades? Essa é a grande questão que fica no ar, após as suas palavras.

As fantasias conspiratórias

Os analistas sociais revelam-nos que as teorias conspiratórias atraem sobremaneira pessoas com estudos superiores. A razão é que se consideram mais espertos do que os outros. Justificam assim construções mentais que não têm mais do que uma ténue ancoragem na realidade. A partir dessa ponta de verdade partem para um edifício conspiratório que é apenas possível por não conhecerem a sério o fundo da questão. Certas análises produzidas por serviços secretos também caem frequentemente nesse erro. A atracção da coisa é a de parecerem mais perspicazes do que os seres normais. É uma questão de ego, de falsa superioridade. E muitos políticos deixam-se enganar assim. Quando isso acontece, é difícil voltar atrás e tentar explicar a coisa de outra maneira. Não passa. As fantasias têm muita força junto de certos intelectuais da área social e no mundo da política.

 

Sem prioridades e contas não há plano que valha

Hoje só vou acrescentar que um plano de recuperação e transição para uma nova economia e uma sociedade mais equilibrada, no período pós-covid, não se pode resumir a uma conjunto de banalidades, generalidades e lugares-comuns. Tem que ter prioridades e estimativas orçamentais. O resto, é apenas conversa, mais cópia e cola. Não convence quem precisa de ser convencido. Não chega para mobilizar recursos. Não é para levar a sério.

Tempos de desafios e de mudança

O mês de Maio deste ano tão especial termina cheio de contradições e interrogações. O poeta diria que vivemos tempos de desassossego. Há optimismo, mais do que havia no início do mês, uma luz que assinala uma esperança de recuperação, maior ou menor, segundo as perspectivas de quem a experimenta. Por outro lado, existe um grande nível de incerteza e de insegurança. Para uns, a vida continua, sem grandes ansiedades. Para outros, o futuro imediato tem a forma de um túnel escuro, que deve ser percorrido sem que se saiba onde nos leva.

A verdade é que o choque que a pandemia e a resposta provocaram é enorme. Ainda estamos longe de compreender a dimensão do impacto. Mas que é multifacetado, não podemos ter dúvidas. Como sempre, os mais poderosos saberão proteger os seus interesses, por muitos abalos que os mesmos possam ter sofrido. Curiosamente, as populações menos conectadas com a economia global também não serão muito afectadas. O seu nível de subsistência continuará como de costume, fechado no pequeno círculo que delimita claramente o beco a que pertencem. No meio, há toda uma massa de gentes que poderá cair na pobreza e no desespero. É aí que a instabilidade e a precariedade criarão as suas raízes e poderão ser exploradas por todo o tipo de radicalismos. Ou, visto de outro modo, poderá ser aí que o vento da mudança venha a ganhar força.

Perante a incerteza e os riscos, a melhor solução é a de desenhar um futuro mais coerente e, em seguida, iniciar o caminho que nos deverá fazer chegar a essa ambição. Essa deve ser a tarefa dos novos líderes. Esse deve ser o grito de guerra de cada cidadão empenhado na transformação social.

Não tenhamos dúvidas. Ou há transformação social ou entraremos num mundo de grande desordem política.

Os estudos para o desemprego

Numa altura em que se fala tanto das admissões às faculdades, lembro-me que o Quirguistão, um país de menos de 6 milhões de habitantes, tem 56 universidades. Todos os anos produzem um número elevado de licenciados, mestres e doutores, que depois não encontram emprego. O nível da frustração entre os jovens é alto. A emigração para a Rússia e o Cazaquistão é a saída mais frequente. 

Por outro lado, quase não existem cursos de formação técnico-profissional no país. Os poucos rapazes e raparigas que frequentam esses cursos têm trabalho garantido, uma vez terminados os estudos. Mas não têm o prestígio profissional que as universidades ainda parecem dar.

 

Morrer no exílio

José Saramago deixou-nos hoje. Sentimo-nos mais pobres. Foi um português que não teve medo de abrir novas frentes, ao desafiar constantemente a nossa maneira tradicional de pensar. Com ele, com as suas frases intermináveis e as suas alegorias, muitos de nós aprenderam a pensar sem barreiras. A deixar voar o olhar crítico sobre nós próprios. A saber que todas as interrogações são legítimas. 

 

Gente assim cabe dificilmente no Portugal que temos. Por isso, foi viver para a porta ao lado. É melhor para os nervos. E envia um sinal que poucos entendem, mas que deveria voltar à baila, neste momento da sua viagem definitiva para o espaço das memórias. A mensagem que continuamos a fechar os nossos horizontes, a viver agarrados à sotaina das ideias de outrora, num círculo de vistas estreitas, que acaba por excluir as mentes livres e criadoras.

 

Por isso, alguns continuam a morrer no exílio.

Novos tempos

 

Hoje e amanhã estou de férias, agora já em terras europeias. No começo da semana que entra, tenho que terminar o relatório de fim de missão, despachá-lo para Nova Iorque e acertar as datas de uma pequena estada de despedida na Sede. Nova Iorque, Nova Iorque. Assim se fecha o capítulo principal da minha vida profissional, várias décadas de trabalho com a ONU, nas áreas do desenvolvimento, da ajuda humanitária, da política e, nos últimos anos, da segurança e da paz. A partir de agora, poderão surgir algumas ocasiões de colaboração pontual, mas nada de permanente e de longo prazo. Já chega. Há que deixar espaço para que outros o possam fazer.

 

Assim é a vida. Só posso dizer que tive sorte. Foi uma experiência muito variada. Com muita substância. A dar-me uma visão mais ampla do estar no mundo.

 

Entretanto, entre outros projectos, vou começar a minha colaboração com o Conselho da Europa. A tempo parcial. Farei parte de um pequeno grupo de reflexão, uma coisa nova, oito pessoas, quatro europeias, quatro de outras culturas. Iremos fazer propostas, que se querem inovadoras, sobre as relações entre a Europa e os países do Sul. Incluindo num domínio pouco estudado, as questões da juventude. Dar outras perspectivas aos jovens, em particular aos das margens Sul do Mediterrâneo, para que tenham oportunidades sem que necessitem de sair das suas terras e emigrar.

 

Prometo, também, que vou expandir a minha produção escrita. Mais textos, mais reflectidos, mais investigados. Mais intervenção.

 

Conto com os meus amigos, claro. 

Ainda sobre as escolas e a educação

 

Passei a manhã a ouvir falar dos problemas da educação pública secundária. Incluindo dos falsos cursos de formação profissional, que existem nas escolas secundárias só para Bruxelas ver, para as estatísticas, para o show-off.

 

Foi uma manhã preocupante. Ouvir os profissionais da educação, gente sem partido, experiente e séria, é perceber a ilusão que é a actual política educativa. Que disfarça e procura escamotear a falta de conteúdo e de resultados no sector público da educação com a proliferação dos gadgets tecnológicos. Como se os quadros interactivos e os computadores fossem um substituto para a má qualidade do ensino que se pratica em muitos estabelecimentos. Ou para a falta de preparação e de disciplina dos alunos.

 

A política nacional de educação precisa de ser revista de alto a baixo. Convém por um ponto final a muitos anos de deriva. O futuro do país exige que se organize, através da sociedade civil, uma conferência nacional para debater a reforma do sistema público de educação em Portugal. 

 

Uma Fundação poderia tomar a iniciativa. A Assembleia da República, que deveria ser o órgão institucional vocacionado para esse tipo de debates, não tem credibilidade suficiente. Nem independência. Os sindicatos, por outro lado, embora devessem participar, têm uma missão diferente. Não lhes cabe tomar a liderança de um processo de reforma.

 

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