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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O regresso à vida corrente

Fiz hoje algo que não fazia há muito: ir ao Colombo, o centro comercial que há dias esteve nas notícias, por causa de um assalto a uma relojoaria de luxo. Não levei uma marreta nem fui roubar ninguém. Estive lá por precisar de fazer umas compras. E notei que o centro comercial estava a abarrotar, com gente por toda a parte. Dir-se-ia que a covid-19 já faz parte do passado. A única indicação sobre a pandemia era a máscara que cada um tinha que usar.

 

Um domingo de vento

Hoje, ao longo do Tejo, entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém, já se viam mais turistas. Não são muitos, mas para quem não descortinava ninguém, há duas ou três semanas, o pequeno número nota-se e é bem bem-vindo. Alguns dos vendedores de rua, os habituais, também já voltaram a entrar em acção. Vendem pouco mais do que nada, segundo me dizem, mas voltaram optimistas, depois de uma longa pausa sem poderem meter as bugigangas nas mãos dos turistas. O seu grande receio é que Lisboa venha a conhecer um novo pico, que seria desastroso por coincidir com a época do verão.

Também houve filas, este fim-de-semana, à porta dos pastéis de Belém. Isso não acontecia há meses.

De um modo geral, os visitantes estrangeiros que aparecem são casais jovens. O turista da terceira idade, muito frequente nesta altura do ano, ainda não dá sinais de vida.

E o parque de autocarros frente ao Mosteiro dos Jerónimos continua tão vazio como durante toda a pandemia. Não há grupos nem visitas guiadas. Os motoristas de autocarros e os guias devem estar a viver grandes dificuldades.

Os condutores Uber estão novamente activos. A grande maioria dos seus clientes é agora o cidadão nacional. Quem continua parado são os taxistas. A crise aí é muito profunda e parece não ter fim à vista.

De resto, foi um domingo de vento. E neste momento, ninguém sabe o que o vento nos traz.

Classe e distância social

No meu supermercado de bairro, os corredores entre as diferentes prateleiras são estreitos. Os clientes acabam por andar, num sentido figurado, aos empurrões uns aos outros. Não há espaço para grandes distanciamentos. Ninguém reclama, não há conversas nem troca de palavras. Cada um trata de fazer as suas compras tão rapidamente quanto possível. Depois, dirigem-se às duas ou três caixas que estão abertas – a loja tem mais caixas, mas raramente abrem todas ao mesmo tempo. Aí, enquanto esperam pela vez de passar pela caixa, certas pessoas lembram-se das recomendações sanitárias. E zangam-se se os dois metros não são respeitados. Curiosamente, são as que parecem ter mais poder de compra que normalmente refilam e lembram as regras aos outros. Assim, às vezes fico na dúvida se se trata da afirmação da regra de saúde pública ou de uma manifestação de poder social, de hierarquia na escala das classes.

Tempos de pânico

Hoje, a pandemia deixou-me novamente em pânico. Já havia acontecido o mesmo na semana passada. Estava numa das esplanadas do Centro Comercial dos Olivais, bem no coração do edifício mas ao ar livre, a tomar um café com um jornalista sénior de uma das rádios nacionais. Havia um vento forte. E quando me preparava para me ir embora, através dos corredores do Centro, descobri que a minha máscara tinha voado com o vento, para parte desconhecida. Fiquei fora de jogo, sem saber como sair dali. Senti-me completamente desestabilizado. Depois de muito reflectir, o jornalista amigo descobriu na sua mochila uma máscara nova. Eu sempre achei que as mochilas dos jornalistas são uma caixa de surpresas. Estava safo.

O pânico de hoje foi semelhante. Saí do carro, entreguei as chaves a quem entrava em casa e fui a pé ao supermercado do quarteirão. Comprei duas ou três urgências e dirigi-me para a fila da caixa. A fila estava demorada, a ficar cada vez mais longa, com gente à frente e atrás de mim. De repente, notei que não tinha trazido máscara. Que andara por ali, a descoberto. Entrei em parafuso, com a sensação de estar nu. A jovem da caixa iria reagir e chamar o segurança, o mesmo segurança que estava a brincar com o telefone quando eu entrei na loja. Só tinha uma solução. Deixar as compras no lugar e ir à procura da prateleira das máscaras. Descobri uma difícil de colocar, com uns atilhos complicados. Mas serviu. Lá fui para a caixa, com a máscara metade atada. Expliquei à empregada que era uma compra que tinha que ser incluída na conta. Ela olhou para mim, com um ar estranho e disse-me, tenha calma e acabe de colocar a máscara como deve ser.

Isto das máscaras dá-nos a volta à cabeça.

 

A fazer de político

Hoje senti-me como muitos políticos se sentem no seu dia a dia: com excesso de confiança. Por isso, andei perdido num parque de estacionamento durante quarenta minutos e com uma impressora nos braços, à procura do carro, que me havia sido emprestado e de que não conhecia a matrícula, com excepção das letras do meio. E também como é hábito entre os políticos, limitei as minhas voltas do desespero à zona da cor de laranja quando a coisa estava estacionada na azul.

Navegação à vista

Num momento muito grave, que combina uma pandemia com o colapso de grandes sectores das economias da maior parte das nações, que andam os meus amigos a discutir? Estamos no meio de um tsunami, que tem consequências humanas e económicas de uma profundidade e extensão que ainda não sabemos medir, mas que nos parecem gigantescas, e os meus amigos focalizam-se em quê? Qual é o assunto que os preocupa tanto e que agita as águas em que gostam de navegar?

 

Ir ao talho

Fiz várias coisas durante o dia, tudo em casa, excepto a compra do abastecimento de carne para a semana.

O talho que me abastece fica a vinte minutos a pé da minha casa. É um estabelecimento à antiga, como sempre foram os talhos de bairro, aqui nesta cidade do centro da Europa. Tem três empregados, que na realidade são sócios da firma. Conhecem-me há anos. Já sabem o que quero, quando peço costeletas de borrego, sempre a mesma quantidade e espessura, a vitela como deve ser cortada, o presunto como gosto que seja fatiado. Até sabem qual é o pâté que prefiro, no meio de uma oferta rica em variedade e qualidade.

Ir ao talho tem feito parte de uma rotina, que até agora passava despercebida, que não tinha qualquer espécie de significado. Era um pequeno parêntesis, que não merecia qualquer tipo de reflexão. Fazia-se, pronto. Nestes tempos de confinamento, tudo é diferente. Agora, ir uma vez por semana ao talho ganhou o valor de um passeio. Não vou exagerar e dizer que se tornou uma tarefa quase tão agradável como um safari no vale do Rio Zambeze. Mas é um acto de vida e de libertação. É uma maneira de vencer a monotonia e o medo, que são moeda corrente por toda a parte.

 

 

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