São muitas as matérias políticas em jogo, na corrente eleição presidencial francesa. Mas a mais importante é, na minha maneira de ver, o duelo entre duas visões diametralmente opostas.
Temos, de um lado, uma proposta democrática, moderna, realista, cooperante e tolerante. Podemos estar em desacordo com várias das medidas que Emmanuel Macron defende. Não devemos, no entanto, ignorar que se trata de uma concepção positiva da vida política.
Do outro lado, Marine Le Pen propõe um projecto autoritário, retrógrado, violento, racista, e mesmo negacionista do holocausto.
Perante estas duas opções, apenas os zarolhos políticos – e há vários – podem ter hesitações.
Hoje foi uma espécie de dia de rentrée, ao nível da política europeia. Terminaram as férias do Natal e do Ano Novo. Bruxelas está cheia de caros de novo. E de conversa.
Falou-se do Movimento 5 Estrelas, os confusos básicos do populismo italiano, que agora querem entrar na família dos partidos liberais europeus. Já não se sentem bem ao lado dos racistas do partido de Nigel Farage, a quem fizeram companhia no Parlamento Europeu durante vários anos.
Espanto, por se saber que Beppe Grillo e os seus Estrelas ou estrelados querem acabar com a Europa, começando por fazer sair a Itália do projecto comum. Se chegarem ao poder, claro.
O outro grande tema do dia foi o Brexit. A libra perdeu valor, uma vez mais, como tem vindo a acontecer desde 23 de junho de 2016. A imagem de Teresa May ficou ainda mais cinzenta: uma imagem de indecisão, de incapacidade de chefia em relação aos seus ministros e de centralização obsessiva dos assuntos de Estado na sua pessoa.
Enfim, um dia de Brexit em que houve de novo muita emoção e pouco realismo. E para complicar a coisa, o Vice-Primeiro da Irlanda do Norte pediu a demissão e voltou a colocar esse território na lista das preocupações que apoquentam Londres.
Azares atrás de azares. Que rentrée tão promissora…