Virunga, o parque dos gorilas e da cobiça
Acaba de chegar às salas de cinema americanas e outras um filme de longa-metragem sobre o Parque Nacional de Virunga. Vale a pena ver.
O parque tem uma área que equivale a quase duas vezes a superfície do Algarve e situa-se na fronteira leste da República Democrática do Congo, na extrema com o Uganda e parte do Ruanda. É a “casa” de várias centenas de gorilas das montanhas, uma espécie em vias de extinção. Depois de um longo período de ameaças, por parte de milícias armadas e de caçadores furtivos, o parque tem conseguido, nos últimos anos, recuperar e proteger a sua riqueza natural.
Essa recuperação tem estado a ser ameaçada pelos interesses de uma companhia de exploração de petróleo inglesa, que dá pelo nome de SOCO International plc. O filme documenta o jogo de influências e as manipulações de funcionários e outros agentes contratados de SOCO. A companhia queria que uma parte significativa do parque, que é considerado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, deixasse de ser reserva natural e pudesse ser objecto de pesquisas petrolíferas.
O director do parque, Emmanuel de Mérode, um nome de referência em matéria de coragem e de conservação da natureza, tem conseguido opor-se a esses desígnios. Em April passado foi vítima de uma emboscada, levou vários tiros e só não morreu por acaso.
Recentemente, depois de muita indignação internacional, SOCO resolveu retirar-se do Congo (RDC).
Curiosamente, um dos administradores não-executivos de SOCO é um antigo embaixador português, hoje jubilado e ligado a interesses bancários. Alguém por quem sempre tive muita consideração.