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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

A Ucrânia de hoje

Regressado há umas horas de Gloucester, no Reino Unido, fui surpreendido com a notícia chocante relativa ao voo da Malaysia Airlines, abatido, segundo todos os indícios, pelos separatistas que a Rússia apoia na Ucrânia.

 

Agora, esses indivíduos, conscientes que devem estar da barbaridade que cometeram, dizem que na mesma altura, no momento em que o avião comercial foi abatido, eles haviam lançado um míssil antiaéreo contra uma nave militar ucraniana. Ou seja, procuraram assim esconder-se por detrás de uma mentira, pois os seus amigos devem ter-lhes dito que hoje em dia há tecnologia suficiente para determinar quando um míssil de longo alcance foi disparado e a partir de que local.

 

A tragédia de hoje vem lembrar-nos que as guerras assimétricas - Estados contra grupos rebeldes - em solo europeu são sempre de uma grande violência.

 

Recorda-nos, também, que a violência armada é algo que deve ser tratado sem demoras, utilizando todos os meios disponíveis: políticos, diplomáticos, mediáticos e a força. No caso da Ucrânia, se o governo actual não tem condições para resolver a crise sem demoras deve pedir ajuda externa. A lei internacional permite-o.  

Dia de Natal, mas diferente

Os grupos rebeldes, que iniciaram uma ofensiva armada contra o regime do Presidente François Bozizé, na República Centro-africana há umas semanas, continuam a avançar em direcção à capital, Bangui. A sobrevivência do governo está em risco.

 

Nada disto faz parte dos títulos da informação social ao nível internacional. Quem se interessa por uma terra maior do que a França, mas perdida no meio de África, com cerca de 3 milhões de habitantes?  

 

Os quadros mais seniores das Nações Unidas nesse país passaram uma boa parte do dia de Natal, hoje, reunidos, para uma análise da situação e para decidir como proteger o staff e poder, ao mesmo tempo, continuar a missão de paz de que são responsáveis.

 

Foi, para esses homens e mulheres, um Natal diferente daquele a que, por estes lados, estamos habituados. 

No deserto

No Sahel, quem está às portas de perder o poder, retira-se, com os seus combatentes mais fiéis e mais chegados, para uma zona do deserto, que seja de difícil acesso. Normalmente, perto da fronteira com um país amigo. Estabelece aí o seu quartel-general.

 

Com o tempo, que pode demorar anos, procura reagrupar os que ficaram dispersos, pelos vários cantos do país, e preparar-se para lançar um novo assalto ao poder.

 

Será que se irá passar o mesmo na Líbia?

Em Tripoli

Grupos de rebeldes entraram esta noite em Tripoli. A capital poderá estar sob controlo da rebelião amanhã, mesmo antes do meio-dia.

 

Como irá reagir o Coronel e o último reduto dos seus fiéis? Esta é a questão, neste momento. Uma questão que deixa muita gente inquieta. A mistura do desespero e da loucura pode ser explosiva. Prevejo, no entanto, que haverá um golpe palaciano. E que o Coronel e os seus sejam postos de parte por alguns dos que compõem o seu círculo mais íntimo.

 

Veremos.

 

Entretanto, Sky News TV, está a marcar pontos em relação à concorrência, ao transmitir o avanço da coluna rebelde em directo. Sky está em Tripoli, com os rebeldes.

Recompensas, sim ou não?

O Governo espanhol terá pago 8 milhões de euros ao grupo terrorista que afirma ser uma filial magrebina da Al-Qaida. Assim conseguiu obter a libertação de dois cidadãos espanhóis que se encontravam reféns, nas mãos dos criminosos. Já em Maio deste ano, a Itália havia pago ao mesmo grupo 3,6 milhões, também para obter o resgate de dois italianos. E a Áustria teria, em Abril de 2009, desembolsado 2,5 milhões, por motivos similares.

 

A França e o Reino Unido, apanhados em situações idênticas, resolveram não pactuar. Em ambos os casos, os raptados foram executados pelos terroristas.

 

A regra é que não se pague. Não se deve recompensar os actos terroristas. Nem deixar que o rapto se converta numa actividade rentável.

Voltar à arena

 

Ultimo dia de convalescença. Amanhã, volto às minhas peregrinações. Vou participar na reunião do Conselho de Administração de uma Fundação internacional. Vamos discutir o financiamento de projectos na confluência das áreas do desenvolvimento, da democracia e da segurança.

 

Na Ásia Central, em países que foram da União Soviética -- um mundo que parece distante, esquecido na história, mas que continua a deixar muitos resquícios naquela parte do mundo. São países em que a competição por recursos naturais, água e energia, em particular, torna a vizinhança um bocado complicada. Alguns deles fazem fronteira com o Afeganistão, o que os torna ainda mais estratégicos.

 

Vamos reflectir sobre o papel da comunidade internacional na resolução da crise de Mindanao, nas Filipinas. Neste caso, é um voltar a um velho problema, a que estive ligado dez anos atrás. Nessa altura, o movimento rebelde era o Moro National Liberation Front, agora é o Moro Islamic Liberation Front. Moro vem da palavra espanhola, os nossos Mouros de outrora.

 

Daremos uma volta pelos problemas do Quénia e da região do Delta, na Nigéria. E mais uma ou outra questão, ligada ao papel político que as ONG desempenham em caso de conflitos à volta de eleições. 

 

Haverá ainda tempo para discutir um projecto de mobilização de grandes capitães da indústria e da economia, hoje reformados, mas disponíveis para iniciativas informais de paz. Um projecto interessante, pelos nomes que agrega. É que quem muito recebeu muito deve dar.

Uma vida em movimento

 

Copyright V. Ângelo

 

Esta é a altura do ano. A estação seca é um momento de grandes movimentos, em toda a África Saheliana.

 

As populações deslocam-se para Sul, com os animais, à procura de pastagens, as mercadorias circulam, porque as estradas voltam a ser praticáveis, os mercados reaparecem e, também, para que os stocks estejam altos quando chegarem as chuvas de Junho, os rebeldes vagueiam pelas savanas e pelos caminhos de terra batida, os caçadores furtivos andam a fazer das suas. Por exemplo, na região da República Centro-Africana, onde estive na Sexta-feira, foram abatidos ilegalmente cerca de 800 elefantes em 2009. O marfim sai em direcção ao Sudão e daí entra na rota do Extremo Oriente, onde é transformado em objectos de decoração.

 

Camelos são exportados vivos em direcção à Líbia, ao Egipto e mesmo até à Jordânia. Vão pelo seu pé, em grandes manadas, numa altura do ano que é mais fresca, o que permite aos animais passar mais de duas semanas sem beber. Centenas de milhares de peles de vaca atravessam distâncias incalculáveis, em camiões que mal se mantêm sobre as suas rodas, trilhos de desolação sem fim, a caminho das fábricas da Nigéria, para serem transformados em couro. A goma arábica viaja para Norte, para as fábricas em França, ou para Leste, a caminho da Índia. É uma das fontes de rendimento dos camponeses pobres das terras secas.

 

As pessoas tentam ganhar a vida, sobreviver para além da miséria. Não é fácil, mas se houver paz e segurança, e respeito pelos direitos mais básicos da pessoa humana, a vida é possível. Há que criar essas condições mínimas e acreditar nas gentes destas paragens, de Sol forte, que queima mas que também dá cor vivas à esperança.

 

 

A dúvida faz bem à saúde

 

A dúvida está presente no meu quotidiano. É fundamental dar espaço à dúvida, para que a compreensão do que nos rodeia se torne mais clara.

 

Neste tipo de vida, o que parece nem sempre é. Há, tantas vezes, um grau de incerteza sobre a realidade de um facto. Com a experiência, aprendemos a ir para além das aparências. Das interpretações simples. Que pode estar por detrás de um incidente, de uma declaração, de uma acção militar, de uma abertura política? Será que nos querem fazer crer em determinada coisa, tomar uma determinada direcção, quando a realidade é outra?

Os serviços secretos e os meios de comunicação social são muito dados à fabricação de factos. E de boatos, de medos, de papões.

 

Estou, neste momento, a lidar com alguns deles.

 

Não convém, no entanto, cair na teoria da conspiração, que vê um enredo em toda a parte, como acontece muitas vezes em regimes totalitários. E nas mentes simples.

 

Hoje cerca das 10:30, os militares das FACA (Forças Armadas Centro-Africanas), acampados em Sam Oundja, entraram em parafuso e começaram a disparar uns contra os outros. No final do tiroteio, havia quatro mortos para enterrar e dois feridos graves. Um dos militares mortos foi o comandante do contingente, um jovem tenente. Tinha passado uma parte do dia de Terça-feira a negociar com ele. Achei-o um homem inteligente e carismático. Tinha vindo para Sam Ouandja, com os seus homens, para uma expedição de três meses, e já ia em nove...Estava desejoso de voltar para Bangui, o que iria acontecer dentro de um ou dois dias...

 

O meu conselheiro político principal, que também o conhecia, disse-me que, nestas terras, o carisma não protege das balas.

 

É verdade. Mas ser prudente, ter dúvidas, ver bem todos os ângulos, ajuda muito.

 

Se se abre bem os olhos, fica-se mais sábio, cada dia que passa.

Sam Ouandja, uma cidade ecológica

 

Hoje, Sam Ouandja teve um novo tipo de visitas. Ontem, foi a minha vez. Ainda tenho que escrever sobre essa missão. Agora, foi um grupo rebelde rival, que resolveu, esta manhã, atacar os combatentes do UFDR. Cada grupo representa uma etnia vizinha, inimiga nas horas más, detestável, nos tempos mais serenos.

 

Foi uma confusão de morteiros, rajadas de kalash, gritos, a população civil a fugir para o mato, os meus soldados a tomar posição à volta do campo de refugiados.

 

No final dos combates, os assaltantes retiraram-se, levando consigo as duas únicas viaturas que existiam na cidade e que pertenciam às ONG Triangle e IMC ( International Medical Corps). Os ecologistas diriam que temos agora uma localidade sem carros. É verdade. Mas não sei se este facto entra nos planos da Conferência de Copenhaga.

 

Acabei por ter que proceder a uma evacuação do pessoal humanitário. Mandei dois helicópteros. Mas a lista de passageiros a evacuar e o grupo que nos esperava na pista não coincidia. Alguns humanitários tinham feito umas "amizades" locais e queriam levar as moçoilas amigas...Os pilotos, Russos que são, não tinham instruções para tanto. E, por isso, estavam prestes a levantar voo, de regresso à base, sem trazer ninguém...O meu conselheiro político principal, homem velho e sabido, que compreende bem a natureza humana e a força da vida, encontrou finalmente uma solução...

 

Só que com a demora, os helicópteros já não tiveram tempo de ir buscar um outro grupo de gente a evacuar, a cerca de cem quilómetros a Norte de Sam Ouandja.

 

É uma tarefa para amanhã. São quatro, sem contar com as companhias possíveis...A vida no mato não é só feita de espinhos...

Cada ser humano é um diamante

 

Estou cansado.  Viajei cerca de dois mil quilómetros, num dia que começou muito cedo, era ainda noite cerrada, para ir negociar com homens armados, gente muito violenta. São cem, neste sítio, têm estado a ameaçar de morte e destruição uma quinhentas famílias de refugiados provenientes do Darfur. Ameaçam igualmente muitos dos civis que vivem na zona.

 

As negociações tiveram lugar em Sam Ouandja, na República Centro-Africana. Tenham a paciência de procurar no Google.

 

Voltarei ao assunto. Que é muito grave. Está em causa a vida de muita gente, em terras isoladas, é verdade, são três a quatro dias de viagem com o todo-o-terreno, desde a capital do distrito, 120 marcos a Oeste, oito dias às cavalitas de um burro, a partir da fronteira com o Darfur. Os diamantes e o ouro, que são explorados artesanalmente na região, explicam muita coisa.

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