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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Para cima e para baixo

A decisão do PS de se abster na votação do Orçamento Geral do Estado 2012 merece aplauso. É uma tomada de posição responsável, numa altura muito grave para Portugal.

 

Já a entrevista que o Capitão de Abril, Cor. Vasco Lourenço, deu hoje à Antena 1 revela um coração generoso e uma mente confusa. Por exemplo, essa de achar que os militares têm legitimidade para decidir o que é o interesse nacional e, depois, intervir de forma não constitucional na alteração do regime político, que mais é, se não pura falta de compreensão das circunstâncias do Portugal de agora.

 

O Coronel precisa de frequentar um curso acelerado respeitante à subordinação da instituição militar ao poder democrático, civil e legitimamente eleito.

Ainda o Egipto

 

Na minha página da Visão que hoje foi posta à venda, volto a escrever sobre os acontecimentos no Egipto. Tinha que ser. O assunto continua a ocupar as grandes manchetes dos media. E tem havido, nos países ocidentais, quem tenha expresso profundas reservas e receios sobre o futuro do Egipto.

 

A minha tese principal defende que a mudança no Egipto deve ser encarada pela positiva. Não estamos em 1979, na situação que, na altura, prevalecia no Irão. Temos uma população bem informada, conectada com o mundo e com uma visão ampla das coisas da vida. É verdade que a Irmandade Muçulmana está bem organizada, tem uma vasta rede de serviços sociais, que toca a muita gente. Mas existem outras fatias da população que não se identificam com a Irmandade. A começar pelos militares.

 

Defendo também que esta é a última página da história colonial, no Médio Oriente. Depois da administração directa, pura e dura, tivemos várias décadas de controlo indirecto, à boa maneira anglo-saxónica. É essa fase que está, neste momento, em derrocada.

 

O meu texto pode ser lido no sítio:

 

http://aeiou.visao.pt/nao-ha-razao-para-pesadelos=f589462

 

Entretanto, Hosni Mubarak veio dizer-nos, esta noite, que não sai. Que vai continuar a ser o chefe, embora delegando poderes no Vice-Presidente.

 

Não se entende bem qual é a jogada em que esta cartada se insere, mas foi certamente uma mão terrivelmente arriscada. Amanhã, a rua vai estar cheia de gente. Com manifestações, por toda a parte, que não poderão deixar as Forças Armadas indecisas.

Voltar à arena

 

Ultimo dia de convalescença. Amanhã, volto às minhas peregrinações. Vou participar na reunião do Conselho de Administração de uma Fundação internacional. Vamos discutir o financiamento de projectos na confluência das áreas do desenvolvimento, da democracia e da segurança.

 

Na Ásia Central, em países que foram da União Soviética -- um mundo que parece distante, esquecido na história, mas que continua a deixar muitos resquícios naquela parte do mundo. São países em que a competição por recursos naturais, água e energia, em particular, torna a vizinhança um bocado complicada. Alguns deles fazem fronteira com o Afeganistão, o que os torna ainda mais estratégicos.

 

Vamos reflectir sobre o papel da comunidade internacional na resolução da crise de Mindanao, nas Filipinas. Neste caso, é um voltar a um velho problema, a que estive ligado dez anos atrás. Nessa altura, o movimento rebelde era o Moro National Liberation Front, agora é o Moro Islamic Liberation Front. Moro vem da palavra espanhola, os nossos Mouros de outrora.

 

Daremos uma volta pelos problemas do Quénia e da região do Delta, na Nigéria. E mais uma ou outra questão, ligada ao papel político que as ONG desempenham em caso de conflitos à volta de eleições. 

 

Haverá ainda tempo para discutir um projecto de mobilização de grandes capitães da indústria e da economia, hoje reformados, mas disponíveis para iniciativas informais de paz. Um projecto interessante, pelos nomes que agrega. É que quem muito recebeu muito deve dar.

Sem hesitações, nem espaço para folgas

 

As questões de segurança continuam a estar no centro das preocupações.

 

Depois de três artigos na Visão sobre os riscos que uma segunda volta das eleições poderiam acarretar, eis que os peritos da ONU em matéria eleitoral são vítimas de um ataque muito sério. Seis colegas mortos esta manhã, em Cabul. Um drama. Uma tristeza. A lista de nomes ainda não foi revelada, mas tenho receio que alguns deles tenham trabalhado comigo, noutras eleições.

 

Já fiz várias, por esse mundo.

 

Entretanto, o polícia que foi ferido no ataque contra uma das nossas esquadras, na Segunda-feira, continua entre a vida e a morte. Mais de um lado do que do outro. A bala, de uma kalashnikov, atravessou o addomen, destrui parte dos intestinos, o grosso e o delgado, e outros orgãos. Amanhã será operado pela segunda vez, pela equipa norueguesa, no nosso hospital de campanha ultra-equipado. Um jovem. Um homem jovem.

 

Na Sexta, vai ser preciso fazer um prognóstico muito sério da sua situação.

 

Muito sério. Uma decisão.

 

No seguimento destes acontecimentos, tive que dar ordens que diminuam os riscos para o nosso pessoal. Em caso de ataque, a resposta tem que ser certeira. Sem hesitações. É uma decisão grave, mas nestas terras, não há muita folga para erros, nem para estados de alma.

 

Também tive de decidir sobre as escoltas das colunas humanitárias. Sem mais conversas.

 

 

Há dias piores

 

Ontem foi um dia agitado. Primeiro, foi a viagem para Abéché. O jacto é rápido, mas estreito e com sete passageiros fica muito cheio. 'A chegada, primeiro telefonema na linha de urgência: um dos nossos aviões sem piloto acabara de se estatelar em Goz Beida. Trata-se de um modelo militar, com cerca de um metro ou pouco mais de comprimento, umas câmaras. Mas a primeira notícia foi que "...um avião havia caído."

 

Felizmente que é bem mais pequeno e muito mais barato do que um 747...

 

Mesmo assim, custa caro e causou agitação, chamadas telefónicas da presidência da república, do governador, do chefe que é general, de jornalistas...Podia ter caído em cima de muita coisa. Pessoas, casas, vacas, cabras, mesmo ums meras galinhas. Tivémos sorte. Foi esmagar-se perto do quintal do governador local, mas sem outros estragos. Embora pequeno, faz mossa. Mas a maior mossa foi a perda deste aparelho que tanto jeito nos faz, quando se trata de tirar umas fotos dos rapazes maus...

 

Depois, um dos nossos veículos foi atacado à mão armada em Farchana, no mercado da localidade, nas barbas de toda a gente. Passavam cinco minutos das 11 horas. Como era um carro da equipa de desminagem, tinha explosivos e outras pequenas maravilhas a bordo. Dois homens de metralhadora em punho, bandidos das terras bravas, levaram-no para o Sudão. As autoridades fronteiriças sudanesas colaboraram connosco e o veículo foi recuperado, já do outro lado da raia. O Leonardo, um grande oficial da PSP que é o nosso chefe de segurança na região, organizou uma expedição. Para recuperar a máquina e os bens. Assim acontecerá, mas é preciso ter paciência.

 

Seguiu-se a reunião com as ONGs internacionais. Para falar do medo que começa a existir, face à possibilidade de raptos. Uma grande nacionalidade ocidental é particularmente visada. Corre o boato, aqui e no Darfur, que esse país paga resgates...Logo, é um bom negócio apanhar gente com esse passaporte...

 

Continuei o dia tendo um encontro com os guardas prisionais. Ou melhor, com os nossos conselheiros em matéria de prisões. As condições de detenção são abomináveis. Os presos passam o dia acorrentados, para que não se escapem. Mesmo assim, muitos acabam por fugir. Só não precisam de ser guardados os prisioneiros que sabem que se voltarem para a sociedade serão eliminados pelos familiares das suas vítimas. Prisioneiros assim sentem-se em segurança nas prisões desta terra.

 

Seguiram-se reuniões sobre os direitos humanos, a questão do recrutamento de mulheres para a polícia, os soldados nepaleses que chegaram com armas mas sem munições, os soldados que estão destinados a ser uma força de intervenção rápida e que vieram equipados como se fossem meros sentinelas, o planeamento da transferência de um campo de 28 000 refugiados da zona da fronteira para uma outra localização.

 

Finalmente, chegou a hora de voltar a N'Djaména. Mais 800 quilómetros de distância a percorrer. No que seria para muitos um fim de dia bem preenchido. Mas não. Na capital, havia outras matérias à espera. Falar com Nova Iorque, enviar o telegrama das actividades do dia, ver em que ponto está a investigação para apanhar uns tipos que gostam de dar uns tiros de metralhadora nos trabalhadores humanitários, falar para Bangui, ver se os embaixadores do Conselho de Segurança sempre podem visitar o Leste em Outubro, etc, etc.

 

Mais tarde, passar ainda, cinco minutos, por uma recepção, só para marcar presença. E provar o vinho branco.

 

Chegar finalmente a casa, responder a uns mails, telefonar para o estrangeiro, preparar o blog, ler os jornais do dia.

 

Há dias piores.

Mulheres deslocadas, vítimas de conflitos armados

 

 

Copyright V. Ângelo

 

Mulheres e crianças de Birao, acampadas no sector mais protegido da localidade, depois do seu bairro, noutro canto da cidade, ter sido atacado por rebeldes, pilhado e queimado. São refugiadas na sua própria cidade.

As mulheres e as crianças são as principais vítimas dos conflitos armados. A violência é um prato quotidiano, um risco sempre presente.

As hastes portuguesas explicadas aos Ingleses

 

O Pinho dos Chifres, segundo diz o Joe Berardo e outros intelectuais e líderes portugueses do mesmo calibre e nível cívico , é um génio.

 

A verdade é que os seus feitos, à altura da dignidade que a Assembleia da República  inspira, foram objecto de narrativa e comentário um pouco por toda a parte. Mesmo no muito circunspecto e sisudo Financial Times. Este diário teve, no entanto, que explicar aos leitores anglo-saxónicos o significado do gesto altamente político-popular do nosso Pinho bravo. Para o fazer, recorreu às peças de William Shakespeare. O tema dos cornos era muito popular nessa época, quatrocentos anos atrás.

 

Um clássico...

As crianças soldados

 

Hoje teve lugar a cerimónia de passagem de responsabilidade de 84 crianças capturadas pelas Forças Armadas do Chade. Faziam parte das colunas rebeldes que haviam atacado o Leste do país em Maio. Tinham sido treinados como combatentes, ensinados a atacar, emboscar, matar e sobreviver em meio hostil. Eram guerrilheiros de palmo e meio.

 

Passaram agora para a responsabilidade das Nações Unidas.

 

A partir de hoje estarão num centro de trânsito e de orientação, sob a tutela na UNICEF. Vão ser aconselhados durante vários meses, educados e formados, preparados para voltar para as suas famílias. É um percurso muito longo, o de voltar à sua vida de adolescentes. Exige muita paciência. Entre parêntesis, refiro que o primeiro grupo de crianças aceites pelo centro, há mais de um ano, partiu tudo o que podia ser partido, assim que entraram nas instalações. Foi uma orgia de violência. Ontem estive com eles. Estavam atentos, em frente ao quadro, a ouvir os professores de cada disciplina. Pareciam outros miúdos.

 

Voltemos às crianças de hoje. Nunca haviam estado em N'Djaména. Agora, vão ficar na capital. Em breve, já jogarão à bola com as outras crianças vizinhas, moradores no mesmo bairro onde se encontra o centro. A bola vai ajudá-los, como a educação e a aprendizagem, a ganhar uma atitude mais aberta. Na verdade, a grande maioria destas crianças são de uma só tribo. Pouco mais sabem sobre o resto do Chade. Uma tribo que pensa que a única hipótese é a rebelião armada. Fortemente armada.

 

Foi um momento digno.

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