Contactos entre as partes: antes e depois de Kherson?
Vladimir Putin: não aparece na reunião entre Sergei Shoigu e Gen. Sergei Surovikin na quarta-feira, 9 de nov, onde a decisão sobre a retirada de Kherson é tomada publicamente
G20
Putin ausente: existe um isolamento diplomático em relação à Rússia?
O encontro entre Joe Biden e Xi Jinping: o que estará na agenda?
As eleições intercalares (midterm) nos EUA:
As previsões das sondagens e os resultados
Joe Biden e o seu futuro político
Donald Trump e as eleições presidenciais dentro de 2 anos
Ron DeSantis e o Partido republicano
ERDOGAN
PIB de USD12 600 em 2013 a USD 7 500 em 2022
Inflação 83% pelo menos
A questão curda PKK 20% da população turca (total 82 milhões) os curdos da Síria que estão na Suécia
Vladimir Putin resolveu agravar a situação: uma escalada muito clara e muito perigosa. Seria um erro não o levar a sério. Ou seja, é preciso encontrar maneira de o travar, para que não continue num percurso que leve a um desastre ainda maior. Nenhum país pode ficar indiferente quando existe uma ameaça bélica deste tipo. Ontem o Presidente Erdogan disse que era preciso, para se resolver a crise, que as tropas russas saíssem do território ucraniano ocupado. Outros já o haviam dito antes. Mas ter Erdogan a dizê-lo também é muito significativo. Os indianos já haviam dito algo semelhante. A pergunta é agora dirigida aos chineses: quando tencionam ser claros, evitar a ambiguidade em que têm saltitado? Este não é tempo para esse tipo de ambiguidades.
Este foi o primeiro dia da sessão de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas 2022-23. E despertou um grande interesse político e mediático. Neste dia de abertura, ouviram-se quatro discursos especialmente importantes: de António Guterres, de Emmanuel Macron, Recep Tayyip Erdogan e de Macky Sall, que falou em nome do seu país, o Senegal e da União Africana. O primeiro discurso coube, como é tradição, ao Presidente do Brasil. Mas, Jair Bolsonaro pouco acrescentou à leitura da realidade internacional. A 12 dias das eleições presidenciais no seu país, o que disse em Nova Iorque destinava-se sobretudo para consumo do eleitorado brasileiro. É, aliás, uma prática frequente: muitos dos líderes que falam perante a AG têm sobretudo em mente as audiências domésticas.
Amanhã é a vez de Vladimir Putin se deslocar ao Médio Oriente, para um encontro com o presidente turco e o líder do Irão.
Uma parte da conversa estará relacionada com a situação na Síria. A Turquia tem a intenção de atacar as zonas controladas pelos curdos. A Rússia e o Irão, que jogam no mesmo campo no caso da Síria, opõem-se a esse plano. Que concessões poderão ser propostas por Erdogan para vencer essa oposição? Entre as várias hipóteses, existe a possibilidade de garantir à Rússia que nem a Finlândia nem a Suécia serão aceites como membros da NATO. Erdogan pode vetar essa adesão.
A outra parte da conversa será sobre a agressão russa contra a Ucrânia. Os russos querem adquirir drones fabricados pelos iranianos e ganhar o apoio político de ambos os países, sobretudo da Turquia, que é um membro da NATO cheio de ambiguidades. Daria muito jeito aos russos ver os turcos fechar os olhos à navegação russa através do Bósforo, nomeadamente aos navios com cereais roubados aos ucranianos.
Num directo para o noticiário das 18:00 horas da RTP 3, disse, entre muitas outras coisas, que estava convencido que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, iria continuar a vetar a entrada da Suécia e da Finlândia para a NATO. E expliquei as razões.
Uma hora e meia depois, o Secretário-Geral da NATO anunciou que a Turquia, a Suécia e a Finlândia haviam chegado a um acordo e que o veto havia desaparecido. Ou seja, a minha análise estava errada.
Foi, na verdade, uma surpresa. Não apenas para mim. Para todos os que não estavam no âmago das negociações. Até o meu “amigo Boris” foi apanhado de surpresa, por exemplo.
Para além da surpresa, existem outras preocupações. Nomeadamente sobre a possibilidade de ver deportados para a Turquia certos oponentes entretanto refugiados na Suécia.
Terei que voltar, por causa dessas preocupações, ao assunto. Espero que da próxima vez não erre, não seja desmentido por acontecimentos de última hora.
O Presidente Erdogan está desalinhado com o resto da NATO desde Julho de 2016. Nessa altura, inventou que uma boa parte da liderança das Forças Armadas turcas estava ligada ao opositor Fethullah Gulen. Oficiais generais e superiores foram presos e condenados a penas descomunais. Conheci vários desses oficiais e sei que eram excelentes profissionais. A geração escolhida por Erdogan para os substituir não tem o mesmo valor. São apenas servis fiéis do presidente.
Alguns comentadores têm emitido reservas quanto à decisão finlandesa de adesão à NATO. E irão certamente continuar na mesma linha, quando a decisão sueca for oficialmente anunciada.
Parece-me despropositado emitir esse tipo de críticas. Os dirigentes políticos da Finlândia – e a população – têm a maturidade e a experiência necessárias para decidir se é ou não no interesse nacional avançar agora com o processo de adesão. Mais ainda, sabem comparar a Rússia de Vladimir Putin com a União Soviética dos outros tempos. E acham que a ditadura de um só homem é bem mais perigosa do que a maneira mais colegial de decidir – o Politburo – da era soviética.
Iniciado o processo, caberá então aos actuais 30 países membros da NATO avaliar o pedido de adesão. Todos terão de o aprovar. Ou seja, o filtro seguinte é igualmente muito exigente. Do ponto de vista da ordem democrática e da qualidade e eficiência das forças armadas finlandesas e suecas não haverá qualquer obstáculo. Ambos os países reúnem os critérios exigidos pela NATO. Têm, aliás, uma história de cooperação com a NATO.
A Turquia poderá levantar formalmente, ou de modo mais reservado, algumas objecções, como já deu a entender. São, no entanto, reservas oportunistas, para obter vantagens nacionais. Não têm nada de estratégico.
A posição russa é conhecida. O que não é claro é o tipo de retaliações que virá a adoptar. Neste momento, é difícil prever. Estamos em plena crise por causa da agressão contra a Ucrânia. E por muito que se diga, a Rússia de amanhã será um país muito influenciado pelo desfecho da crise ucraniana.
Este é o link que permite ler a minha crónica de hoje, no Diário de Notícias.
Quando o texto já estava nas rotativas surgiu a notícia que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se tinha oferecido como mediador entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. Esta iniciativa visa sobretudo mostrar ao eleitorado turco que Erdogan pode desempenhar um papel internacional de relevo. A verdade é que a sua popularidade política está muito em baixo. Arrisca-se a perder as eleições gerais que deverão ter lugar dentro de um ano.
Mas que é preciso proceder a uma mediação entre a Rússia e a Ucrânia não há dúvidas. Neste momento, o fórum mais apropriado é o conhecido como o processo de Normandia. Faço referência a esse processo, que engloba além dos dois países vizinhos, a Alemanha e a França, no meu texto.
Desde o início do ano, a libra turca perdeu 52% do seu valor em relação ao dólar americano e 48% quanto ao euro. A economia está em crise profunda. O custo de vida tornou-se insuportável, com uma inflação superior a 30%, segundo os dados oficiais, que não são credíveis. O valor estimado da inflação anda perto dos 60%.
Tudo isto devido às intervenções contínuas do Presidente Erdogan na gestão monetária e financeira. O colapso económico é evidente.
Hoje, o presidente anunciou um aumento do salário mínimo de $182 para $275 (ao câmbio de agora), a partir de Janeiro. Mas como a libra continua a perder valor, esse aumento será rapidamente anulado pela depreciação da moeda.
Qual vai ser o impacto de tudo isto sobre o regime de Erdogan? Essa é a questão que os analistas agora levantam.
A democracia é um conceito muito elástico. Nenhum ditador reconhece que o seu regime é antidemocrático. Antes pelo contrário. Todos defendem o seu poder dizendo que foram democraticamente eleitos. Assim o afirmam Vladimir Putin, Nicolás Maduro, Bashar al-Assad e muitos outros. Também Robert Mugabe, no seu tempo, dizia que as eleições, que roubava descaradamente, eram perfeitamente legítimas e democráticas. Penso que o único que não tem preocupações desse tipo é Kim Jong-un, o líder bizarro da Coreia do Norte.
Assim, o presidente Joe Biden está a meter-se numa encrenca quando resolve convocar uma cimeira internacional sobre a democracia. A lista dos excluídos dessa reunião vai dar mais que falar do que os temas escolhidos para debate. Para já ficaram de fora Viktor Orban e Recep Tayyip Erdogan.