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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Ainda sobre a reflexão prospectiva

Depois do escrito de ontem, que discorria sobre o que significa olhar para o futuro, queria acrescentar algo mais. Mantenho que pensar sobre o futuro, ver quais são as opções possíveis e qual poderá parecer a melhor, exige uma imaginação apurada e ideias claras sobre o contexto. Também se baseia em muitos anos de experiência profissional, anos de acção e de confrontos diversos, vividos em realidades muito distintas umas das outras.

Ou seja, sem imaginação e experiência que vá além do que se poderá ler nos textos académicos, é difícil propor cenários prospectivos, traçar linhas de conexão entre as diferentes peças do xadrez.

Hoje, 25 de Abril

Feliz Dia da Liberdade para todos.

Por mim, aprendi que os povos têm como grandes aspirações, acima de tudo, a liberdade, a dignidade e a segurança.

A liberdade permite voos ao sabor da vida e das ambições de cada um.

A dignidade significa o respeito pelos direitos individuais, incluindo a aceitação das diferenças.

A segurança começa pela igualdade de oportunidades, pela protecção perante os riscos, sejam eles de natureza económica, sanitária ou o resultado da violência de outros, bem como pela prática da justiça.

 

A arte da confusão está na essência da política

Por hábito e, tantas vezes, para salvar a pele, o político acaba sempre por criar uma grande confusão. Assim, na mesma lógica, quando se trata de um partido político, a confusão pode ainda ser bem maior. E confusão é confusão, não se trata da nobre prática da ambiguidade.

Sobre a criação de um novo partido

Quando um novo partido político aparece, não nasce num estábulo vazio, como o Menino Jesus, nem no meio do deserto, mesmo quando certas iniciativas parecem ser apenas uma miragem. Vai inserir-se numa paisagem partidária já existente. Assim, uma das questões que de imediato surge é a de saber onde se vai situar, nesse quadro paisagístico. Ao centro, mais para o lado e de que lado?

A resposta tem que ser clara, tal como a pergunta o é. E deve ser repetida sucessivamente, para que fique na memória das pessoas.

Outra questão essencial: saber se há espaço político para a nova formação. À partida, dir-se-ia que não há, excepto junto dos que tradicionalmente se abstêm e de outros que a vida transformou em indiferentes da política. Mas a verdade é que essa gente é muito difícil de conquistar. As razões que levam à abstenção são diversas, difíceis de segregar e de medir. Um programa político, que tenha como objectivo captar uma parte dessa indiferença, precisa de definir claramente qual é a fatia que pretende mobilizar e, em seguida, fazer a campanha mais adequada. Aqui, a estratégia ter que ser muito fina.

Para além do campo dos abstencionistas, existe muito pouco espaço político onde ir à pesca. Não existem terrenos partidários vagos. O espaço tem que ser conquistado à força da persuasão, do argumento e da simbologia. Vai-se buscar votos e apoios aos que têm votado noutros partidos. Concorrência. Luta. Não é necessário dizê-lo na praça pública. Mas os dirigentes no novo partido devem ter uma estratégia, que vá nesse sentido e produza resultados. Uma estratégia que se traduza em três ou quatro propostas, que possam ser bandeiras políticas atraentes e indiscutivelmente credíveis. E que, quando mencionadas, façam de imediato pensar no novo partido. Serão, depois, constantemente repetidas pelas principais vozes públicas da agremiação.

Um terceira dimensão a ter em conta – a acrescentar à relativa ao posicionamento político e à relacionada com a mobilização dos eleitores – diz respeito à direcção do partido. Hoje, não basta ser-se uma personalidade conhecida da comunicação social ou da opinião pública para se conseguir criar um partido. Os cidadãos têm outro tipo de exigência. Querem perceber que existe uma equipa sólida à frente da coisa. E essa equipa terá que intervir na esfera pública frequentemente, sobretudo nos acontecimentos com projecção televisiva. Trata-se de mostrar que a nova organização tem um número de pessoas capazes no seu núcleo central. E que essas pessoas, homens e mulheres, pensam, pesam e sabem comunicar.

Lançar um movimento político novo não é apenas uma questão de fé, de entusiasmo e de protagonismo de uma pessoa conhecida. É um projecto de fundo, uma maratona, que pede muito sacrifício pessoal, uma grande dose de dedicação, muita estratégia e uma credibilidade que deixe pouco terreno para dúvidas.

Oposição

A oposição política a qualquer governo é um aspecto essencial da democracia. Uma oposição forte, bem articulada e com substância enriquece o sistema democrático e faz progredir as nações.

O contrário também é verdade. Quando a oposição é taralhouca, perdemos todos. Incluindo quem está no poder. Um governo que não é espicaçado de modo inteligente acaba por cair no facilitismo. Passa a preocupar-se apenas com os efeitos mediáticos e a superficialidade das coisas fáceis.

O ditadores efémeros

Os ditadores são como os loucos: não têm dúvidas. Acham-se detentores das muitas verdades que compõem a vida dos cidadãos e tomam decisões cortando a direito, sem olhar para as objeções dos outros. Agem como se não houvesse alternativas. Ora, estas são hoje uma das características dos tempos modernos.

O único problema que encontram é que nas nossas sociedades democráticas uma grande maioria das pessoas vive no século XXI e já não vai em conversas de totalitários iluminados. Uma parte das gentes não aceita uma leitura retilínea da política, ou seja, ideias redutoras, brutas e simplistas. No século XXI, mais tarde ou mais cedo, os ditadores de toda a espécie acabarão, como aconteceu com os seus antecessores no século passado, por bater estrondosamente no muro multiforme da resistência popular.

A diferença em relação ao passado é clara: agora tudo se passa muito mais depressa. O câmbio dá-se de uma forma acelerada. O que demorava anos e anos a mudar, há duas ou três gerações atrás, muda agora a curto prazo. E os ditadores vão à vida, deles, deixando a nossa em paz.

Ou estarei equivocado?

A classe média

Hoje volto a uma questão que já aqui foi levantada e que continua sem resposta. Como se define a classe média?

Vários políticos e outros habilidosos do comentário público falam amiúde da classe média. E dão a impressão que esta é uma categoria social onde cabe quase todos, desde que tenham um emprego ou um rendimento mensal previsível, capaz de satisfazer as necessidades básicas de uma família nuclear, ou seja, as despesas de alimentação, habitação, escolares, de saúde, vestuário, calçado e de lazer. Dito de outra maneira, uma família que conseguisse chegar ao fim do mês sem dívidas extras, para além da habitual prestação da casa, depois de ter pago todas as contas resultantes de uma existência sem exageros nem loucuras, mas sem apertos nem desassossegos, estaria dentro da classe média.

Muito bem. Mas mesmo assim, conviria falar de valores. Aqui, onde vivo, o intervalo seria entre os dois mil e quinhentos e quatro mil e quinhentos euros mensais líquidos por família. A distância entre estes dois valores extremos mostra claramente que estamos a tratar de um conceito amplo e relativamente vago. Dão, no entanto, alguma precisão a uma classe que se define, antes de tudo, pela maneira subjectiva como cada um vê a sua posição na escala social.

Notas de viagem: o Butão

Convido à leitura do texto que hoje publico na Visão.

 

A frescura do Butão

                Victor Ângelo

 

                A aproximação do aeroporto de Paro, a única porta de entrada para quem viaja de avião para o Butão, dá-nos um primeiro gosto do país: montanhas por toda a parte. É verdade que estamos nos contrafortes dos Himalaias. Paro situa-se a 2400 metros de altitude. Olho pela janela e quase que toco, de um lado e do outro das asas do Airbus, nos imensos paredões de rochedos que fecham o vale que conduz à pista de aterragem. Há poucos pilotos habilitados para voar para esta terra. E serão todos da companhia de aviação local, que mais nenhuma se aventura por estas paragens.

                Sempre foi um país de difícil acesso. Mas isso não impediu um outro alentejano, o jesuíta Estêvão Cacela, de o visitar, no ano de 1627, na companhia de João Cabral, um padre beirão. Foram os primeiros europeus por aqui. Cacela escreveu uma longa carta sobre a viagem, dizendo que o lugar era místico, inspirava paz, tranquilidade e felicidade. Quatrocentos anos depois não terá mudado muito. Só que já ninguém se lembra desses missionários. Agora, Portugal traz de imediato à conversa dos butaneses dois outros nomes: Cristiano Ronaldo e Nani. Mencionei Mourinho, mas percebi de imediato que o nome não passa bem, numa cultura em que prima a cortesia e que recusa todo o tipo de agressividade e de autoadmiração.

                O respeito pelos outros e pela natureza, a disciplina social e o fervor religioso, à volta de um budismo fortemente marcado pela mitologia hinduísta, são outras das características que definem a cultura local. Mas o traço mais evidente tem que ver com a proteção da identidade nacional, que se manifesta na maneira de vestir em público e na deferência em relação ao rei. Compreende-se. Apertado entre a China, a norte, e a Índia, dos três lados restantes, com um território que é cerca de metade do nosso e uma população que não ultrapassa as 800 mil almas, o Butão precisa, para se manter independente, de ser diferente e de possuir um forte sentimento de orgulho nacional. Consegue fazê-lo. Comete mesmo a proeza de não ter relações diplomáticas com a China, apesar da longa fronteira comum. É verdade que isso se faz à custa de um alinhamento diplomático estreito com a Índia. Mas, em política externa, tem que haver realismo, e na escolha entre os dois vizinhos, há um que não ocupou o Tibete, uma região que tem uma cultura gémea da butanesa.

                Percorrer as estradas e os trilhos do Butão é descobrir um modo de vida que, ao combinar o tradicional e o moderno, se desenrola em grande harmonia com a natureza. A Constituição, revista em 2008 para democratizar o regime e limitar os poderes do rei, que passou a ser obrigado a abdicar ao atingir a idade de 65 anos, protege a natureza – 60% do território nacional é intocável e tem que ser preservado tal como está – e o bem-estar dos cidadãos. Este é o país que definiu o bem-estar como sendo mais importante que o produto interno bruto. Mas isso não impede um processo de desenvolvimento acelerado, que me surpreendeu de modo positivo, e que põe o Butão à frente de muitos outros países comparáveis. Assenta na educação obrigatória, transmitida em língua nacional e em inglês, na produção de energia hídrica, exportada para o imenso mercado que é a Índia, na autossuficiência alimentar e no nicho do turismo de qualidade. E numa prática política responsável, que promove a alternância e que reconhece o mérito da oposição e das opções governativas diferentes.

                Nestes tempos em que se procuram ideias alternativas, vale a pena visitar o país, voltaria a dizer hoje o Padre Cacela. E não o diria apenas por causa do ar puro das montanhas ou pelo facto da venda de tabaco ter sido banida no Butão.

               

               

 

 

Do Muro de Berlim ao Muro da Política

Na altura em que se celebra e bem, a queda do Muro de Berlim, parece-me haver um outro muro que está em derrocada, um pouco por toda a parte, incluindo em Portugal. Trata-se do muro em que tem assentado a política tradicional, os partidos do costume, os políticos que há décadas fazem parte da nossa vida.

Dir-se-ia que estamos numa fase de grandes mudanças na opinião pública. Há um descrédito generalizado no que respeita à actividade política. As pessoas, hoje mais informadas que nunca, e também mais impacientes que noutras épocas, não ouvem, por parte dos líderes políticos qualquer tipo de resposta credível perante as grandes interrogações do momento: o desemprego, a incerteza em relação ao futuro, a competição vinda de fora, a globalização, as ameaças globais, o empobrecimento, etc, etc. As palavras ditas soam a falso. A impreparação. A ignorância. Ora um líder tem que saber dar respostas convincentes. É isso que se espera da liderança.

O muro da política, mesmo quando sustenta um novo nome, como aconteceu com Obama, ou como será o caso, à nossa dimensão, no que diz respeito a António Costa, desmorona-se muito rapidamente. Um ar de esperança transforma-se, em pouco tempo, numa nova desilusão. As expectativas nascem e morrem como as borboletas. O que ontem nos parecia sangue novo, hoje parece-nos mais do mesmo, da mesma indecisão, tantas vezes presa a redes de interesses que nem sempre se confessam. O que ontem soava a alternativa hoje dá a imagem de falta de imaginação e de coragem, de ausência de dedicação à causa pública, de sinceridade, que são as pedras basilares do muro que sustenta a verdadeira vontade de transformar a vida de todos nós.

A política com clareza

Para mim, dizia há pouco a um amigo, o círculo da política é bem claro. Trata-se, primeiro, de garantir a ordem pública e a segurança dos cidadãos. Depois, assegurar a justiça. Com justiça, consegue-se a paz social. Desta, resulta um reforço da coesão nacional. Um país mais coeso tem todas as condições para ser mais próspero. E tudo isto, num quadro de liberdade e de respeito pelos direitos cívicos e humanos de cada um dos cidadãos.

 

Assim se define o círculo e se faz boa política.

 

É, ou não, claro?

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