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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Notícias de África

As notícias que nos chegam de África são muito perturbadoras.

Na Etiópia, assiste-se a uma intensificação da guerra civil, com as tropas do Tigray a aproximarem-se da capital, Addis Ababa. A evacuação dos cidadãos de países ocidentais começa amanhã em larga escala. A mediação americana não está a resultar, pois ambos os lados do conflito pensam que a vitória militar é possível. Os etíopes são conhecidos pela sua teimosia e por possuírem um orgulho muito forte, que não aceita derrotas.

No Burkina Faso, a insegurança é cada vez maior. Hoje foram a enterrar 49 gendarmes mortos recentemente por um grupo islamista. Entretanto, houve um outro ataque contra as forças de segurança, que provocou igualmente um número de mortos bastante significativo. A capacidade das forças armadas e de segurança está agora seriamente ameaçada por falta de meios, de organização e, acima de tudo, por uma direcção política mais preocupada com formalismos do que a coordenação dos esforços de segurança. A tendência é para o agravamento das ameaças islamistas e das mortes às mãos dos terroristas.

Na região em que o Burkina Faso se insere, há cada vez mais menores a serem raptados e integrados nos grupos terroristas. Servem como combatentes, mensageiros, cozinheiros, espiões, carregadores, etc. Algumas dessas crianças têm menos de 14 anos de idade.

Entretanto, as manifestações dos cidadãos contra o poder militar no Sudão continuam a um ritmo quotidiano. A coragem dos civis é impressionante.

E assim sucessivamente, na Líbia, na Nigéria, e nos países em conflito, como a República Centro-Africana ou o Congo (Kinshasa).

 

 

Debates e diamantes

https://www.dn.pt/opiniao/as-missoes-de-paz-e-os-diamantes-14308209.html

Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. Tem muito que ver com a actualidade portuguesa. 

Sublinho apenas a última frase do texto: " Uma pedrinha pode ter um impacto político enorme." Penso que a mensagem é clara. 

 

Os diamantes brilham mais do que os políticos

Ficou claro que nem o ministro da defesa nem o primeiro-ministro informaram o Presidente da República, que é o Comandante Supremo das Forças Armadas, das suspeitas existentes, desde finais de 2019, relativas a actividades criminosas de alguns membros das nossas tropas de elite destacadas na República Centro-Africana. Eu, se estivesse no lugar do Presidente, não teria achado piada a esse jogo do escondido.

Por outro lado, é estranho que a acção da Polícia Judiciária só tenha acontecido quase dois anos depois da denúncia. O problema não deve ter sido do lado da PJ.

Ponto três: fui responsável máximo de forças militares e de polícia na Serra Leoa, terra onde os diamantes abundam, e também na República Centro-Africana. Em certas aldeias onde estavam as nossas tropas, na RCA, havia mais lojas de comercialização de diamantes do que de alimentação geral. Era o caso ao longo da fronteira com o Sudão. Nunca tivemos qualquer problema relacionado com diamantes ou ouro. Os chefes militares tinham instruções especiais sobre a questão e havia, além disso, um serviço civil de informações que andava de olhos abertos e era constituído por agentes da ONU vindos de países distintos daqueles a que pertenciam as forças destacadas.

O aniversário do Dia D

Comemora-se hoje o 77º aniversário do Dia D, o dia dos desembarques na Normandia. Foi uma operação militar que demorou quase dois anos a ser planeada e constituiu, na história moderna das guerras, um exemplo de estratégia do qual foi possível retirar muitas lições. Mas a principal lembrança que nos resta, actualmente, é a dos milhares de combatentes que perderam a vida nessa operação. As guerras têm um custo humano elevadíssimo. Depois de décadas de paz na Europa, há uma certa tendência para esquecer essa realidade. E para ver as guerras dos outros, na Síria, na Líbia, na Ucrânia, no Mali ou na República Centro-Africana, com indiferença. Uma atitude dessas é eticamente repreensível e inaceitável.

Portugal na República Centro-Africana

O destacamento de uma companhia de Comandos para a República Centro-Africana, no quadro da MINUSCA, foi uma decisão correcta. É importante que Portugal participe mais activamente e de modo mais visível nas operações de manutenção da paz da ONU. Mostramos assim a vontade que temos de responder às nossas responsabilidades internacionais, enquanto país que reconhece e respeita as regras que hoje servem de base às relações internacionais.

Não fomos apenas e tão só porque a França nos pediu. É verdade que a França tem um interesse histórico – e nem sempre pelas melhores razões – na RCA. E por isso tem advogado, junto dos seus parceiros da UE, no sentido de uma contribuição efectiva dos europeus para a composição da missão da ONU na RCA. Mas isso não seria suficiente para nos levar a participar. E também não o fazemos para tentar obter, em troca, algum favor político ou diplomático de Paris.

Neste momento, em que andam loucos à solta na arena internacional, é essencial falar dos compromissos que o bom relacionamento entre as nações requer. É igualmente necessário reafirmar que uma boa parte desses compromissos passam pelo quadro da ONU. Como também se deve ter presente que os países que podem devem contribuir para a estabilização dos que estão a atravessar um período de crise interna.

Portugal dá, como muitos outros, o bom exemplo.

Um português exemplar

O Superintendente da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal, Luís Carrilho, tem feito uma carreira internacional com as Nações Unidas de grande exemplaridade. É uma estrela no firmamento da Polícia da ONU (UNPOL), um quadro de topo. Depois de ter comandado a UNPOL em Timor no Haiti, acaba de ser nomeado Comissário – quer dizer, comandante-geral – da força de 200 polícias e gendarmes que irão ser destacados para a República Centro-africana, no âmbito da nova missão de paz nesse país.

 

 É uma grande distinção pessoal e, ao mesmo tempo, uma honra para a nossa PSP. Desejo-lhe o maior sucesso, num país que conheço bem e que sei que não é nada fácil.

A indecisão é a marca dos líderes de agora

Transrevo o texto que hoje publico na revista Visão e que está nas bancas.

 

A indiferença, a impotência e a Kalashnikov

Victor Ângelo

 

 

 

 

O Iraque está de novo a ferro e fogo. E quem sabe destas coisas chama a atenção para a extrema gravidade da situação, muito diferente das precedentes, e para as múltiplas ramificações do conflito, com dimensões humanitárias, violações sistemáticas dos direitos humanos, ameaças à estabilidade, paz e segurança da região, sem esquecer os encorajamentos que envia aos movimentos radicais noutras partes do mundo. O Iraque de hoje é uma enorme caixa de Pandora numa região profundamente fraturada, com vários países à beira de crises nacionais profundas, para além do processo de autodestruição em que a Síria se afunda há três anos.

 

A resposta dos Estados Unidos e da Europa, bem como dos outros membros permanentes do Conselho de Segurança, é a de deixar arder. Os líderes da comunidade internacional, a começar por Barack Obama, não mostram apetite por expedições em terras longínquas. As crises de envergadura são analisadas exaustivamente, a opinião pública é cuidadosamente avaliada e, no final, depois de dias de contorcionismo político e de ansiedade mental no segredo absoluto dos círculos dirigentes, a inação é a opção preferida. Em dez anos, a liderança internacional passou de uma febre intervencionista ingénua e moralista, que caracterizou as decisões de George W. Bush e de Tony Blair, para uma atitude caseira, que se refugia por detrás das fronteiras nacionais. Ou seja, em dez anos, avançou a globalização da informação, da economia e da consciência do sofrimento de outros povos, mas recuou a perceção dos interesses e deveres partilhados. Perdeu-se, em grande medida, o valor da responsabilidade comum. Sentimo-nos tranquilos quando nos fechamos no egoísmo nacional. As dificuldades económicas e financeiras dos últimos anos explicam uma boa parte da questão. Mas não só. Somos atualmente dirigidos, de um lado e do outro do Atlântico, por lideranças vacilantes. O medo de errar leva à indecisão. Daqui à indiferença é um salto de pardal.

 

Esta maneira de fazer política internacional tem a vantagem de cair bem na opinião pública. O cidadão comum não compreende as razões que possam levar o seu país, mesmo quando se trate de uma grande potência, a intervir nas guerras dos outros. Entende bem, no entanto, o valor da indiferença. Tem custos imediatos menores. Esta é uma das grandes contradições do momento: estamos melhor informados e, ao mesmo tempo, mais distantes do infortúnio dos outros.

 

Na realidade, a comunidade internacional é cada vez menos capaz de resolver os conflitos violentos. Mesmo uma situação relativamente simples, como a da República Centro-Africana, parece fora do alcance. Por isso, o que poderia ter sido contido há um ano e meio, ou antes, continua por resolver.

A inércia é contagiosa. No caso do Iraque, o Conselho de Segurança tem-se revelado incapaz de adotar uma posição. O próprio Secretário-geral tem mantido um silêncio incompreensível. Nada propôs até ao dia em que escrevo este texto. Nem veio a terreiro dizer, pelo menos, que as violações repetidas das leis da guerra, das regras humanitárias, a prática do terror étnico e sectário, e outras atrocidades são crimes contra a humanidade, puníveis pelo Tribunal Penal Internacional.

 

A indiferença conduz à impotência generalizada. Ora, nestes casos, quando as respostas não têm músculo, não convencem nem exprimem uma posição de conjunto, quem ganha espaço é o fanático primitivo de Kalashnikov na mão, o extremista iluminado que crê na ficção que a vontade divina passaria pelo extermínio de quem não pertence à seita.

Angola e os Estados Unidos

John Kerry esteve hoje em Luanda. Teve um encontro com José Eduardo dos Santos. Foi um encontro cordial, que os interesses em jogo são muitos. Os EUA querem ver Eduardo dos Santos em Washington em Agosto, na cimeira quer Obama organiza e para a qual convidou os chefes de Estado africanos. É uma presença importante, sobretudo porque o presidente angolano é um ausente notório das várias cimeiras que outros convocam.

 

Não esteve, por exemplo, na cimeira da EU com a África, que teve lugar em Bruxelas nos inícios de Abril.

 

Mas visitou a França na semana passada. Uma visita com um enorme significado político. E, por isso, os americanos não querem ficar para trás.

Angola é um grande mercado para as multinacionais americanas. É, igualmente, um actor com peso na África Central. No Congo-Kinshasa e na República Centro-africana. Tem meios militares e logísticos que outros, nessa região, não têm. E pode ser um contrapeso no equilíbrio de forças regional. Em relação ao Chade, por exemplo. Só que o presidente do Chade também esteve há pouco em Luanda, numa jogada de antecipação.

 

No meio de tudo isto, Portugal vai ficando fora de jogo. Quer em termos bilaterais, quer ainda através da CPLP. A política africana de Lisboa é cada vez mais tímida e menos informada. A equipa de amadores que dirige as Necessidades é isso mesmo. Amadores.

Mais uma trapalhada na área da segurança

Soube-se, ao fim do dia, que o governo decidiu que será a Força Aérea, não a GNR, que participará, do lado português, na missão da União Europeia na República Centro-Africana. Esta é, na verdade, uma decisão que cabe ao governo. E é importante que Portugal faça parte desta intervenção europeia. Mas dito isto, ficamos com a impressão que estamos, uma vez mais, perante um trapalhada política. Durante várias semanas, o governo assistiu, mudo e sereno, a toda uma campanha junto da opinião pública, que nos explicou com um certo pormenor que a GNR estava a preparar um pelotão de agentes especiais, que seria depois despachado para Bangui. O pormenor era tal que até nos diziam qual seria o tipo de funções que esses militares de polícia – estranha designação, mas assim é – iriam desempenhar.

 

Agora dizem-nos que afinal tudo isso havia sido feito sem que houvesse uma decisão política. Nesse caso, pergunto: quem tomou e com que autoridade, a decisão?

 

Há aqui uma história que não se entende. Que está a ser contada de modo incompleto. Sem mais esclarecimentos, sem que se entenda quem é responsável pela salsada, temos várias instituições a ficar muita mal nesta fotografia de cores mal definidas.

 

Ora, estas coisas não se compadecem com enredos.

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