O Afeganistão e o Conselho de Segurança da ONU
Neste dia em que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução frouxa, para pedir aos talibãs que respeitem a promessa que fizeram de deixar sair do país quem tiver os documentos de viagem necessários, é preciso lembrar as realidades que a população está a viver.
Assassinatos sumários de membros das forças militares e de segurança, especialmente de mulheres com postos de responsabilidade no aparelho securitário que foi derrubado. Esses assassinatos estão a acontecer um pouco por toda a parte, sobretudo nos centros urbanos.
Repressão das mulheres e raparigas. Impedidas de ir trabalhar, de voltar às salas de aula. E os dirigentes confirmaram hoje à UNICEF que as raparigas só poderão frequentar o ensino primário.
Uma crise económica muito profunda. Não há dinheiro disponível, uma parte da economia não funciona e o país atravessa um período de seca muito grave, que provoca uma quebra significativa da produção alimentar. À crise económica seguir-se-á uma crise humanitária massiva.
Medo generalizado. As pessoas sabem o que significa uma governação talibã.
Ansiedade na região, que teme ver chegar um número impressionante de refugiados e um acréscimo do terrorismo, com grupos a operar a partir do Afeganistão.
Essas são as realidades. A resolução do Conselho de Segurança pouco mais é do que um tiro de pólvora seca. A França havia proposto uma resolução um pouco mais enérgica, embora fundamentalmente ligada às questões da evacuação e da ajuda humanitária, mas não conseguiu construir um consenso, que permitisse a sua aprovação. A atitude no Conselho é de esperar para ver. Ou seja, não agir quando o deveria fazer.