Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. No que respeita à China, a Europa deve ter a sua própria política. Não pode ir a reboque dos Estados Unidos. A posição americana aposta no confronto. A europeia tem de se basear na reciprocidade de tratamento e no diálogo inteligente e estratégico com a China.
Cito um extracto do meu texto.
"Qualquer importador europeu que necessite de bens ou componentes made-in-China para manter as suas atividades produtivas poderá bem explicar a importância de um relacionamento comercial sem entraves desnecessários. Os mais informados sublinharão ainda a necessidade de se evitar um agravamento das tensões em Taiwan e no Mar do Sul da China. Isto também se aplica ao lado chinês, que não deve continuar a apostar numa escalada de ações ofensivas nessas zonas tão sensíveis."
Trazer a rivalidade com a China para o campo militar é um erro. Se há críticas a fazer, que sejam feitas nas áreas dos direitos humanos e da liberdade, bem como em matérias de competição comercial desleal. Ou ainda, quando a China leva certos países a um endividamento excessivo, com investimentos em infraestruturas que servem, acima de tudo, os seus próprios interesses.
O discurso do Presidente norte-americano perante a Assembleia Geral das Nações Unidas teve praticamente um só tema: a China. Foi uma intervenção curta, à volta de sete minutos, para não deixar espaço para desvios para outros temas. A China foi apresentada como a causadora da pandemia e da crise económica associada, uma crise global. Numa outra época, um discurso assim seria visto como uma declaração de guerra. Hoje, é visto como fazendo parte da campanha eleitoral de Donald Trump. Penso, no entanto, que tem consequências mais profundas. Veio agravar a tensão que já existe entre os dois países. Uma tensão que se agravou durante o mandato de Trump e que irá provavelmente marcar os anos vindouros, esteja Trump ou não à frente dos Estados Unidos. Ao escrever isso, faço-o com muita preocupação sobre as consequências futuras dessa rivalidade.