Perante os factos – a quase totalidade dos internados por motivos de Covid-19 são pessoas que não foram vacinadas – defendo todo o tipo de medidas que tornem a vacinação uma necessidade para quem se quiser mover nos locais públicos.
Esta é uma questão que ultrapassa largamente a vontade individual, por ter enormes repercussões sobre o funcionamento dos serviços de saúde e prejudicar grandemente os doentes com outras enfermidades. Quando o interesse público está em causa, há que tomar as medidas necessárias para o defender.
A liberdade e a responsabilidade de cada um são uma equação que tem de estar em equilíbrio.
A pandemia está a mostrar qualidades de dirigentes e de sociedades ou, pelo contrário, revelou inesperadas fragilidades dos países?
Nunca se está verdadeiramente preparado para uma crise pandémica. Sobretudo para uma como a presente, que tem uma natureza global, um impacto profundo e que persiste ao longo de já mais de dois anos, e surge com novas mutações.
Apesar de tudo, conseguiram-se progressos muito rápidos na descoberta de várias vacinas eficazes e desde então foi possível produzir doses em quantidades astronómicas. Nos países mais avançados, as campanhas de vacinação desenrolaram-se bem, embora seja surpreendente ver a percentagem relativamente elevada de pessoas que ainda não se vacinaram, podendo fazê-lo, em países como os EUA ou alguns Estados europeus. Noutros países, as decisões de confinamento e os fechos de fronteira foram tomadas ao sabor da política de curto prazo e sem atender às recomendações da OMS.
O grande problema, no que respeita ao combate à pandemia, vive-se nos países mais pobres. A cooperação internacional é fundamental.
Omicron continua a ser um dos grandes títulos da imprensa internacional. A política em muitos países gira à volta dessa nova variante e os mercados financeiros também.
Na Europa, a terceira dose da vacina e a imunização dos menores de 12 anos são a resposta. Mas, mesmo assim, ainda há um número demasiado de pessoas que recusam a vacina. Essa é a preocupação política do momento, em matéria de luta contra a Covid-19. Grupos radicais de extrema-direita têm utilizado esta matéria como cavalo de batalha.
Nos Estados Unidos, o problema é ainda mais complicado. A progressão do número de vacinados é lenta. 72% dos cidadãos foram vacinados com duas doses, mas em certos estados o valor ronda os 60%. Na Rússia existe um certo nível de dúvida sobre a eficácia da vacina nacional, o que acaba por ter um impacto na progressão da campanha de vacinação.
Em África e nos países em desenvolvimento a taxa de vacinação continua demasiado baixa. Os países mais desenvolvidos têm aí um desafio de ajuda que não podem ignorar. A fraca percentagem de vacinados é terreno propício para o aparecimento de novas variantes.
De um modo geral, vamos entrar no novo ano com a questão da Covid a pesar imenso na vida, na economia e nas relações sociais através do globo.
Dia Mundial de Luta contra a Sida. Um desafio em certas partes do globo, nomeadamente em África e no Sudeste Asiático. São sobretudo os mais pobres que têm maiores dificuldades de acesso à medicação necessária para os manter activos e em vida. A pandemia da COVID-19 não nos pode fazer esquecer o combate diário que muitos enfrentam perante o vírus da Sida.
Os movimentos radicais da extrema-direita estão a tentar aproveitar-se das restrições que a nova vaga de coronavírus impõe para organizar manifestações de rua e criar novos segmentos de contestação da ordem democrática.
As manifestações que ocorreram este fim de semana ou nos dias anteriores, nos Países Baixos, Bélgica e Áustria, mostraram que os extremistas de direita têm alguma capacidade de mobilização. São, por isso, um perigo. Agravado ainda, porque essas manifestações oferecem oportunidades aos anarquistas e a outros niilistas para destruir e pilhar bem como para criar situações de mal-estar social, de insegurança colectiva e de descrença na capacidade das instituições democráticas de manter a ordem pública.
O grande desafio para os democratas é conseguir fazer chegar aos cidadãos mensagens de moderação, de tranquilidade e de respeito pelas autoridades, a começar pelas que são responsáveis pela saúde pública.
É importante que se entenda que estão em jogo duas questões fundamentais. Por um lado, a saúde pública e a salvaguarda da vida e do bem-estar das pessoas. Por outro, a protecção da imagem da democracia, das suas instituições e da aceitação da legitimidade das decisões tomadas por quem foi investido em posições autoridade.
Nota-se algum movimento de turistas na zona de Belém, em Lisboa. Uma boa parte é espanhola ou francesa e terá vindo por via terrestre. Os comerciantes estão mais animados, embora saibam que este vai ser mais um verão bem abaixo do que é normal. Mas, num período de seca, qualquer gota de água é celebrada com optimismo.
Ao mesmo tempo, manifestam receio que a situação da pandemia piore. E traga consigo novas restrições. Os números não são bons e a curva vai no mau sentido.
De qualquer modo, será um período de férias diferente. Em muitos países, a inclinação é para fazer férias dentro das fronteiras nacionais.
Entretanto, há futebol, por mais uns dias. E a OMS olha para os ajuntamentos que a competição está a causar com enorme preocupação. Assim o disse, hoje, uma vez mais, o director para a Europa dessa organização.
Portugal voltou a aparecer nos radares europeus da pandemia. Vários amigos, residentes em diferentes países, têm estado em contacto comigo, para saber se estou bem e mostrar a sua preocupação perante as notícias vindas daqui. O cerco sanitário de Lisboa, aos fins-de-semana, tem sido notícia em muito sítio. Não sei se servirá para conter a onda actual. Mas tem servido para que se fale de Portugal. É uma notícia negativa. Terá certamente impacto no volume de turistas que nos visitarão estas férias. Será azar nosso ou má gestão?
Hoje foi dia de vacina. E também de reconhecer a dedicação das pessoas que trabalham nas diversas funções, nos centros de vacinação. A organização e a logística são apreciáveis. Igualmente de louvar é a atenção que é dada a cada pessoa. Muito bem.
Surgem cada vez mais queixas sobre a maneira pouco eficaz de execução da nossa campanha de vacinação contra a covid-19. A ineficiência traduz duas coisas. Uma, refere-se à maneira como funciona o Sistema Nacional de Saúde quando se trata de respostas organizadas – e não de tratamento de urgências. Por isso, muitos dos cidadãos com mais de 80 anos continuam por vacinar, sobretudo os que têm menos acesso a médicos de família ou a clínicos amigos. Como também continuam por vacinar muitos dos maiores de 50 com doenças crónicas, mas pouco ou nenhum seguimento médico.
Por outro lado, a definição dos grupos profissionais prioritários continua a não incluir os professores e o pessoal de apoio ao sistema de ensino. E as escolas permanecem encerradas.
Para além das questões organizacionais, há aqui uma questão política que precisa de ser encarada de frente. A covid não é apenas um problema de saúde pública. É uma emergência nacional. Tem várias dimensões. Por isso requer uma direcção política de topo.