Sebastian Kurz demitiu-se do posto de chanceler da Áustria. A razão é clara e de peso: está acusado de corrupção na utilização de fundos públicos para promover a sua candidatura à chefia do seu partido e à chancelaria. Há uns quatro anos.
Kurz tem aparecido, ao longo deste ano, como um dos duros na família conservadora europeia. É um jovem – 35 anos de idade. Tem ambições muito grandes, que vão para além das fronteiras austríacas. Tem sido visto como um dos possíveis líderes de uma União Europeia profundamente de direita, eurocêntrica e moralizadora. Essa imagem sofreu agora um golpe.
Mas ele não se dará por vencido. A não ser que venha a ser condenado pela justiça do seu país. Nesse caso, será sido um meteorito que passou pelo firmamento europeu, mas que desapareceu.
O link acima abre o meu texto desta semana no Diário de Notícias. Publicada ontem, esta crónica olha para os possíveis movimentos migratórios que a nova situação afegã pode originar, tendo sempre presente a perspectiva europeia e a acção política.
Cito, de seguida, um extracto da minha crónica. É um parágrafo final, que resume uma parte importante da questão.
"Os diferentes estados europeus estão dispostos a acolher quem trabalhou diretamente com as suas forças militares. Mas não têm a intenção de ir mais além. Aos habituais Viktor Orbán e companhia, junta-se agora uma nova vedeta, o Chanceler austríaco Sebastian Kurz. E as redes sociais já estão cheias de teorias catastróficas sobre o impacto que adviria de um aumento da proporção de muçulmanos em terras europeias. Sem esquecer, dizem, os possíveis perigos de atentados terroristas. A realidade é que aqui, na UE, como noutras partes do mundo, as questões de identidade cultural estão cada vez mais no centro da agenda política."