Não tenho informação privilegiada sobre o ataque cibernético contra a rede da Vodafone.
Todavia, tendo em conta o alvo, ou seja, uma empresa de telecomunicações que por definição deve estar altamente protegida contra os piratas informáticos, e o objectivo, que aparentemente era o de interromper um sistema importante para a ordem interna e a economia, creio que a origem do ataque só pode estar num serviço oficial baseado num Estado hostil. O grau de sofisticação necessário para uma operação destas só existe em estruturas secretas, pertencentes a forças militares ou a serviços de espionagem e de ofensivas cibernéticas.
Mais ainda, este incidente poderá ter sido um “exercício de prática” de uma dessas estruturas, ou então, uma espécie de aviso do que poderá acontecer se se passar a um patamar mais intenso de um conflito híbrido.
Por tudo isto, é essencial que haja colaboração entre os diversos organismos de investigação bem como com peritos estrangeiros, de nações aliadas, para que se compreenda o que se passou e se tirem as conclusões mais apropriadas.
É de prever que acções deste tipo voltem a acontecer. Convém aprender, melhorar, intensificar os meios de protecção – nomeadamente os meios humanos – e esclarecer as pessoas, de modo a evitar que a penetração dos sistemas se faça por razões de desconhecimento e de desleixo.
Este é o link para o meu texto desta semana no Diário de Notícias.
Entretanto, o ainda presidente Donald Trump veio contradizer tudo e todos, incluindo o seu querido Mike Pompeo. Veio dizer que talvez não tenham sido os russos que têm andado a espionar os diferentes departamentos estratégicos federais e as grandes empresas americanas. Não há dúvida, como já se sabia, que Trump está no bolso de Vladimir Putin. Também não tenho dúvidas sobre o seguinte: a sua saída do poder, por haver perdido as eleições, é um grande alívio. Trump é um líder muito perigoso.
Vários países europeus já elaboraram um plano económico de recuperação e de transição. Não ficaram à espera da aprovação dos fundos e das modalidades propostas pela Comissão Europeia. Definiram as suas prioridades e aprovaram somas colossais para financiar as prioridades identificadas. Uma análise rápida desses planos mostra quais são os sectores considerados como merecendo uma atenção muito especial. São os chamados sectores estratégicos. Vejo seis, que aparecem de uma maneira ou outra na visão do futuro: a promoção da economia digital, o reforço da segurança cibernética, a modernização dos sistemas de educação, a expansão dos serviços de saúde pública, a revolução energética e a facilitação da mobilidade dos cidadãos, dos produtos industriais e dos serviços.
Os Estados membros que já definiram esses planos de acção colocaram-se na linha da frente. Para além dos recursos próprios, irão ser dos primeiros a beneficiar dos fundos europeus que venham a ser aprovados. Os outros, incluindo Portugal, andam a fazer politiquices em vez de planeamento. Confundem reuniões, incluindo as de alto nível, com a necessidade de definir políticas de retoma e de transformação. Esquecem-se, também, que sem planos coerentes não haverá acesso à nova facilidade europeia de financiamento.
Será que é difícil de compreender como se deve trabalhar, quando se trata de obter recursos excepcionais, susceptíveis de dar a volta à crise económica?