Parece estar em curso uma onda de purgas entre as altas patentes militares russas. Isto é mau sinal. A camaradagem militar poderá falar mais alto que a lealdade política.
Por outro lado, não se sabe onde está Yevgeny Prigozhin. Existem todo o tipo de boatos sobre o seu destino.
A guerra entrou na fase mais perigosa para os seus responsáveis. É a fase da confusão, das dúvidas, das acusações no seio da classe dirigente. É isso que é preciso seguir com muita atenção.
Perguntou-me a jornalista que apresentava o jornal das 19:00 horas da SIC Notícias que estaria por detrás do bombardeamento russo do porto de Odessa, que hoje ocorreu. A pergunta era extremamente pertinente, tendo em conta que ainda ontem o Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, havia assinado um acordo em se comprometia a não atacar os três portos ucranianos por onde seriam exportados os cereais. Respondi que a Rússia quis, uma vez mais, lembrar que acredita acima de tudo no uso da força bruta e sistemática. A diplomacia é apenas praticada para enganar o parceiro.
Deveria ter acrescentado que não é fácil ler as intenções que circulam na cabeça de gente como Vladimir Putin. Mas é possível dizer que leitura fazemos do bombardeamento de hoje: que não se pode ter confiança nas promessas de Putin. Essa é, na verdade, a grande conclusão a que podemos chegar, sem grandes dúvidas e infelizmente.