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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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A nova ordem política europeia

Temos estado a assistir, em vários países da União Europeia, a uma fragmentação da cena partidária. Os eleitores dividem o seu apoio por toda uma série de facções políticas. Por exemplo, na Holanda o maior partido tem 14% dos votos. Em Espanha, o partido mais votado nas últimas eleições gerais, o PSOE, ficou-se nos 28,7%. Em França, o movimento que apoia Emmanuel Macron faz frente a uma série de pequenos partidos, à excepção da formação de Marine Le Pen, que consegue cerca de 22% dos votos. Na Alemanha, as sondagens mostram um reequilíbrio político, com os votos a serem distribuídos por várias famílias políticas. Idem, na Dinamarca e noutras terras da UE.

A fragmentação também chegou ao Parlamento Europeu.

De um modo geral, a fragmentação faz-se à custa dos partidos tradicionais, do centro-direita, de inspiração democrata-cristã, ou, então, da social-democracia e do socialismo moderado.

O corolário da fragmentação é a coligação. Vários governos assentam hoje em coligações de partidos, algumas delas bem complexas, como é o caso belga. Sem coligação não haveria um governo viável. E as coligações nem sempre unem movimentos políticos próximos, da mesma área ideológica. Exigem, em alguns casos, uma ginástica política inabitual.

Aqui surge uma outra dimensão da vida política europeia de agora, a indefinição ideológica. A análise das ideologias dos partidos está a complicar-se. O velho esquema esquerda-direita já não funciona com a simplicidade de outrora. Certos partidos têm, ao mesmo tempo, propostas de direita e de esquerda, numa amálgama que mistura populismo com nacionalismo, reivindicações progressistas com conservadorismo, liberalismo com o reforço do Estado social, ambiente com radicalismos.

Precisamos de novos prismas de análise. Também, de compreender que a política de hoje já pouco ou nada tem que ver com a que se praticava nos anos oitenta ou noventa do século passado. Estamos num cenário muito diferente, com outros enredos.

 

 

Eleições na Finlândia

O chefe do partido da extrema-direita “Verdadeiros Finlandeses”, Jussi Halla-aho, é eurodeputado, apesar de ter sido condenado em 2012 pelo crime de incitação ao ódio racial. O seu agrupamento obteve, nas eleições gerais de ontem, 17,5% dos votos, ficando a duas décimas do partido mais votado, o social-democrata. Foi, mais uma vez, uma prova que os radicais ultra-nacionalistas têm um peso crescente no panorama político europeu.

Halla-aho não se esconde por detrás de palavras diplomáticas e de frases ambíguas. Diz claramente ao que vem. É contra a imigração, contra os muçulmanos e contra a União Europeia. “Verdadeiros Finlandeses” exclui quem não é etnicamente lá da terra, incluindo os finlandeses de origem sueca. Sim, na Finlândia, há discriminação em relação aos cidadãos que têm raízes suecas. “Verdadeiros Finlandeses” representa a xenofobia e o racismo com todas as letras.

Votaram nele quem se sente socialmente mais frágil, bem como os que vivem com medo dos outros, dos que são diferentes. E como a paisagem política está muito fragmentada, havendo toda uma série de pequenos partidos, os 17,5% pesam muito. Mas, ao contrário do que se passou recentemente na vizinha Estónia, ou anteriormente na Áustria, o mais provável é que a nova coligação governamental exclua o partido extremista. Se assim for, do mal, o menos.

 

A senhora disse social-democrata?

Esta de apelidar o Bloco de Esquerda de “social-democrata” não lembraria a todos. Lembrou, no entanto, à editorialista do Público de hoje. Diz, em resumo, que “…o que Bloco quer fazer são reformas à boa maneira social-democrata…”

Deve ser por esse motivo que o mesmo Bloco quer a estatização de uma série actividades económicas, e outras coisas radicais, aqui em Portugal. E que na frente externa, se alinha com os extremistas da ultra-esquerda europeia, como o partido de Jean-Luc Mélanchon, em França, ou o Unidos Podemos de Pablo Iglesias, ou ainda Die Linke, na Alemanha, o partido que renasceu das cinzas do comunismo da antiga RDA.

Isto só dá para que a agenda social-democrata pareça ainda mais confusa.

Ou será que a intenção da editorialista é outra?

Um exemplo vindo da Suécia

Stefan Lofven vai continuar como Primeiro-Ministro da Suécia. Será o seu segundo mandato. Lofven é dirigente do partido Social Democrata, um partido do centro-esquerda, no panorama político nacional.

As eleições tiveram lugar em Setembro de 2018. A formação do novo governo foi demorada, quatro meses à procura de entendimentos. Esse foi o tempo necessário para que os diversos partidos dos dois principais blocos de opinião, a esquerda e a direita, pudessem chegar a um acordo de governação, que assenta em 73 medidas.

A principal preocupação, de um lado e do outro, foi a de impedir a entrada dos ultra-direitistas do partido Democratas Suecos na área da governação. Os Democratas Suecos, que seguem uma linha política cegamente nacionalista e xenófoba, haviam obtido nas eleições gerais de Setembro 17,5% dos votos. Um resultado surpreendente, que faz desse partido o terceiro mais votado.

A Suécia deu-nos, assim, um exemplo que convirá repetir noutros países europeus. Ou seja, ter a coragem política e a paciência para encontrar plataformas amplas, à esquerda e à direita, que excluam os extremistas e os ultra-nacionalistas e os deixem num canto do parlamento, isolados e a falar sozinhos.

Há quem chame a essa opção política “cordão sanitário”. Por mim, vejo aí apenas bom senso político. Os extremistas fazem parte da paisagem política das democracias europeias. Não deve haver dúvidas sobre isso. Mas abrir-lhes as portas do poder, como aconteceu num ou outro país da UE, está errado. Como também não é aconselhável o oportunismo de alguns do centro-direita ou do centro-esquerda, que, para estarem no poder a qualquer preço, fazem pactos e usam os extremistas como bengalas parlamentares.

 

Rio e o futuro

O Público de hoje inclui um texto arrasador de Teresa Morais. A deputada do PSD escreve sobre a liderança actual do seu partido. Revela, de uma maneira serena e corajosa, a incompetência de Rui Rio, enquanto cabeça nacional de um partido que representa uma boa parte da opinião democrática portuguesa. Diz que Rio não ouve, não aceita opiniões críticas e não é capaz de definir uma política clara, que possa servir como contraponto às escolhas do governo actual.

Sendo assim, não deverá sobreviver para além das eleições legislativas deste ano, que se anunciam como uma derrocada para o PSD que dirige.

O que Teresa Morais não disse, é que Rui Rio deveria sair antes das eleições de 2019. Não o disse porque essa opção não está em cima da mesa. Ninguém parece disposto a iniciar um movimento interno que leve à contestação do líder.

Teremos, deste modo, um PSD que continuará em crise, mesmo depois da saída de cena de Rui Rio. O novo ou a nova líder encontrar-se-á numa situação complexa, com um grupo de deputados escolhidos de entre os fiéis de Rio. O costume, aqui como nos outros partidos, quando se trata de deputados: tudo a mandado do líder que estava no poder antes das eleições. De qualquer modo, parêntesis à parte, podemos esperar um cenário pós-eleitoral de conflito entre esses deputados e a nova liderança. Ou seja, o PSD, ou leva uma grande volta, ou está condenado a uma longa travessia do deserto.

 

Mais uma análise semanal para os ouvintes em Macau

O programa desta semana na Rádio TDM de Macau sobre a Europa, um programa em que participo há quase três anos, tratou das questões da segurança na Europa, da reunião do Conselho Europeu, da escolha do futuro Presidente da Comissão Europeia, das listas transnacionais e da situação da social-democracia na Europa, numa altura em que esta corrente política parece estar em crise e continua a perder apoio, nos diferentes países da Europa.

O link para o programa é o seguinte:

http://portugues.tdm.com.mo/radio/play_audio.php?ref=9936

O modelo austríaco: será?

Na Áustria, ontem foi dia de eleições legislativas. Parece-me oportuno fazer dois ou três comentários sobre o assunto.

Primeiro, a maneira como decorreu a campanha eleitoral demonstrou-nos que colocar o enfoque num tema central e depois, repeti-lo a torto e a direito, é uma técnica que dá resultados. Trata-se de escolher uma questão que toque numa boa parte do eleitorado. De seguida, faz-se bandeira do tema, exagera-se a sua importância e batalha-se por ele até ao fim. Cria-se um papão e depois ataca-se incansavelmente o perigo assim inventado.

Segundo, ficou claro que a política da repulsa, da negação do outro, da desumanização de uma certa categoria de pessoas, produz melhores resultados do que um programa político que procure combater as desigualdades e que assente nos pilares tradicionais da boa governação.

Terceiro, uma campanha que promoveu o nacionalismo primário, a xenofobia, que se baseou na promoção da personalidade do líder do partido, e nos ataques pessoais, num vale tudo menos tirar olhos, faz pensar que estamos perante um novo modelo de fazer política eleitoral. Um modelo que pegou, na Áustria, e que irá provavelmente pegar noutros sítios.

E já agora, vamos ver o que acontecerá em termos da formação da coligação governativa.

O meu amigo e o PSD

Embora ande pelo partido há muitos, bons e maus, anos, o meu amigo Fernando não gosta de Passos Coelho. E acha que está na altura de o mostrar publicamente. É uma espécie de aposta no futuro, ou seja, em 2017 ou no ano seguinte. Está convencido que o dirigente actual não se irá aguentar nas canetas por muito mais tempo. Por isso, abrir a boca em público, agora, pode ser um bom investimento junto do senhor que se seguirá. Mesmo que não se saiba quem será esse tal senhor.

E fala bem, o Fernando. Explica que há um défice de direcção, que a liderança perdeu o norte, que não há ideias nem projectos. Tudo muito bem dito, com as palavras certas e os jornalistas a beberem nessa fonte.

Só se esqueceu de acrescentar que não vai à bola com o Passos porque este o não incluiu, contra todas as expectativas e mais algumas, na lista de deputados há cinco anos atrás. E essa é, na verdade, uma razão de fundo. Tão funda, que é inconfessável.

A Europa face ao acordo com a Turquia

O meu texto de sexta-feira, publicado online pela Visão, tem despertado interesse. O texto faz uma análise rápida do projecto de acordo que a Turquia propôs à UE sobre o tratamento a dar à chegada em massa de refugiados e imigrantes à Grécia. E deixa claro que essa proposta não tem em conta nem a lei internacional nem os valores e os interesses a prazo da Europa. É, acima de tudo, uma jogada que favorece a parte turca, se for levada avante.

Entretanto, neste fim-se-semana surgiram, em várias partes da Europa, novas vozes a emitir sérias reservas sobre o possível acordo. O Presidente Hollande parece ser uma dessas vozes. Na conferência de imprensa que deu ontem, sábado, no Eliseu, após um encontro europeu de líderes sociais-democratas e socialistas, Hollande disse claramente que não podem ser aceites medidas que violem os princípios estabelecidos, incluindo os que se relacionam com a isenção de vistos e os critérios de adesão. Ora estas são duas questões que o governo de Ancara considera como essenciais e sobre as quais espera concessões de monta.

É verdade que Hollande sabe qual seria o impacto sobre o eleitorado francês se ele fosse visto como estando disposto a abrir as portas aos turcos. A França vive um clima político pré-eleitoral. Os eleitores não são, de modo algum, favoráveis à adesão da Turquia à UE. Vêem nisso dois grandes riscos: mais imigração e mais discórdias culturais. Além disso, não consideram que a Turquia de Erdogan seja um modelo de democracia, como também não acreditam que tenha uma agenda coincidente com os interesses geoestratégicos europeus.

Mas, mais ainda, François Hollande tem consciência que a Europa não pode ser vista fora das normas internacionais. Isso daria um golpe muito profunda às ambições e à actuação geopolítica dos europeus. E pesaria sobre a sua capacidade de influenciar o trabalho futuro do Conselho de Segurança da ONU.

Agora é ver como vão decorrer os próximos dias, até à cimeira de 17 e 18 de março.

 

 

A classe média

Hoje volto a uma questão que já aqui foi levantada e que continua sem resposta. Como se define a classe média?

Vários políticos e outros habilidosos do comentário público falam amiúde da classe média. E dão a impressão que esta é uma categoria social onde cabe quase todos, desde que tenham um emprego ou um rendimento mensal previsível, capaz de satisfazer as necessidades básicas de uma família nuclear, ou seja, as despesas de alimentação, habitação, escolares, de saúde, vestuário, calçado e de lazer. Dito de outra maneira, uma família que conseguisse chegar ao fim do mês sem dívidas extras, para além da habitual prestação da casa, depois de ter pago todas as contas resultantes de uma existência sem exageros nem loucuras, mas sem apertos nem desassossegos, estaria dentro da classe média.

Muito bem. Mas mesmo assim, conviria falar de valores. Aqui, onde vivo, o intervalo seria entre os dois mil e quinhentos e quatro mil e quinhentos euros mensais líquidos por família. A distância entre estes dois valores extremos mostra claramente que estamos a tratar de um conceito amplo e relativamente vago. Dão, no entanto, alguma precisão a uma classe que se define, antes de tudo, pela maneira subjectiva como cada um vê a sua posição na escala social.

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