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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O músico subterrâneo

Hoje queria apresentar-vos o Alexandre. Quase todos os dias o vejo, na passagem subterrânea que liga o Centro Cultural de Belém à esplanada do Padrão dos Descobrimentos. É aí que vive uma parte do dia, a tocar a sua gaita-de-beiços e à espera da gratidão alheia. Tem 60 anos e mora numa casa de acolhimento, longe de Belém, nos arredores da Praça do Chile.

Agora, não há turistas, a passagem está praticamente deserta, mas o Alexandre é um lutador, não desiste e continua a tocar, no vazio enorme que é aquele corredor.

Perguntei-lhe esta manhã se continuaria a vir durante o período do confinamento. Disse-me que sim. E acrescentou que o fará, mesmo se a música for apenas para fazer eco nas paredes da passagem. A verdade é que ele, além de necessitar do que lhe possam dar – que agora é nada – também precisa de estar ali a tocar, a sentir-se livre e artista de rua. E ocupado. É uma questão mental, segundo percebo.

Quando as vacas eram mais gordas, noutros tempos, as pessoas passavam por ali aos magotes. Muitos não o viam, que este tipo de pobres é invisível para muita gente. Mas atravessavam ao som da sua música.

Ele não saberá muito de música, porque os tons são quase sempre os mesmos. Mas sabe que estar por ali, nestes tempos difíceis, o mantém em equilíbrio. E isso é mais importante que o euro que possa ser depositado no seu chapéu.

Quando lá passarem, cumprimentem-no e digam-lhe que são amigos do Victor. Ele ficará muito contente. Sentir-se-á menos isolado.

Venenos

 

O lacrau apareceu na minha casa de banho sem marcação. Foi um frente a frente inesperado. Podia ter dado para o torto. Estava a cinco minutos de me dirigir para o aeroporto, a fim de apanhar o voo dos mochos para Paris.


 

O escorpião estava imóvel, no terreno descampado que é o espaço entre a banheira e o lavatório. Convenci-me que estava morto. Um erro de apreciação grave. Tentei apanhá-lo, com um pedaço de papel, para lhe proporcionar um banho na sanita. Deu um pulo. De rabo espetado na direcção da mão que ousara tentar o contacto. Se me tivesse picado, o avião teria um lugar vago, o que teria tornado mais confortável a viagem do passageiro que estava destinado a ser o meu vizinho da noite aérea.


 

Os acidentes com este tipo de aracnídeos são frequentes nas regiões onde me movimento. As picadas causam dores intensas, febre, paralisação da área mordida. Exigem cuidados médicos especializados. São uma boa chatice. Por algum tempo.


 

Há uns quatro anos, um dos polícias portugueses, destacado na capital isolada do Norte da Serra Leoa, no burgo de Makeni, era o orgulhoso dono de um exemplar de boas dimensões. Não me lembro que nome lhe deu. Mas recordo que saía a correr da esquadra onde era conselheiro, para poder chegar a casa antes do Sol pôr, e apanhar um par de insectos, para alimentar o seu companheiro de solidão. Isto de andar em missões, longe dos amores, dos próximos e do Futebol Clube do Porto – o Chefe é um fã cerrado da Nação Portenha – tem algo que se lhe diga.


 

Já perto do fim da missão do nosso polícia, o bicho faleceu. Não sei se foi de morte natural, ou se o Chefe deu uma ajudinha – o amor é assim! Assume, por vezes, formas extremas, quando a outra alternativa é a separação. A verdade é que com a sua transição foi possível proceder ao embalsamento do nativo de Makeni.


 

Hoje, está pendurado na parede da sala de um apartamento do Grande Porto. Um quadro bem feito, digno, que honra a memória de um belo exemplar, que pertenceu a um mundo onde as picadas venenosas, embora façam doer, são feitas sem segundas intenções.

 

Mulheres das areias

 

 

Esta mulher foi a a nossa primeira guia, ontem, nos tempos perdidos no deserto de Ennedi.

 

Uma imagem forte, de gente de coragem, que vive no meio do vento e da solidão.

 

 

Cores do deserto, na segunda aldeia visitada.

 

 

A aldeia, em pano de fundo. As terras são áridas, só as mulheres são férteis.

 

 

Fotos copyright V. Ângelo

 

 

 

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