O meu amigo B., conhecido professor catedrático de direito, tem tido uma posição coerente e muito crítica, ao longo das últimas semanas. Foi ouvido, várias vezes, a opinar contra os SWAPS. Com brilho e firmeza, que ele nestas coisas não é homem para ambiguidades.
Hoje estivemos juntos e aproveitou, tendo em conta as minhas andanças por esse mundo fora, para pedir-me que lhe explicasse o que é isso dos SWAPS.
O recente ataque desbocado de Marques Mendes contra o Secretário de Estado do Tesouro compreende-se melhor se tiver presentes duas ou três coisas.
Primeiro, desvia a atenção pública do caso Machete e das ligações dos baronetes do PSD – um clube de notáveis de que Mendes é membro efectivo e reconhecido – ao escândalo criminoso do BPN, que estava a voltar à ribalta.
Segundo, faz aparecer Mendes como um puro e duro, alguém com carácter, que a República mantém em reserva, pronto para o que o futuro der e vier. Embora eu deva acrescentar que a coragem mostrada só existe quando o destinatário das pancadas é um peso sem importância nem padrinhos de monta.
Terceiro, o homem do Tesouro é de origem indiana. As nossas aristocracias partidárias e lisboetas vêem em cada indivíduo com esse tipo de origem, por muito nacional e aclimatado que esteja, um monhé, gente de práticas comerciais duvidosas.
A discussão sobre os SWAPS já cansa. E ainda não se discutiu o essencial, que é o de saber que razões estiveram na base das decisões, tomadas em 2008 e sobretudo em 2009, de recorrer a SWAPS, em condições francamente desfavoráveis para as empresas públicas e muito vantajosas para os bancos estrangeiros que as incentivaram.
Sem esquecer que em muitos casos se trocou – “ to swap” quer dizer trocar – ingenuidade nacional por manha, que os operadores internacionais em questão eram – e são – muito sabidos nestas coisas.