Um dia que agravou a crise com a Rússia
As sanções económicas e financeiras que foram decididas este fim de semana contra a Rússia terão um impacto muito profundo.
A questão do SWIFT é particularmente importante. A experiência com casos passados – Coreia do Norte e Irão – revela que uma grande parte do comércio externo do país sancionado fica suspensa. O sistema de pagamentos internacionais deixa de funcionar e as alternativas são escassas e complexas. A Rússia criou no passado recente um sistema independente do SWIFT, mas o número de bancos aderentes não ultrapassa as duas dezenas. E esses bancos, ao ter em conta as medidas de exclusão agora decididas, irão certamente hesitar no que respeita a transacções com a Rússia, com receio das penalidades e repercussões secundárias.
Mas ainda mais importante é a decisão de bloquear muitas das operações do Banco Central da Rússia. Vladimir Putin contava com os 630 mil milhões de dólares que esse banco tem como reservas em divisas e em barras de ouro. O problema é que uma boa parte dessas reservas se encontra depositada noutros bancos centrais, em países que agora adoptaram o regime de sanções. Assim, vai ser muito difícil ter acesso a esses depósitos. Isto vai levar a uma crise profunda da moeda nacional, o rublo, bem como a dificuldades de financiamento dos bancos comerciais russos.
A extrema gravidade destas medidas punitivas poderá explicar a decisão tomada hoje por Vladimir Putin de ameaçar os países da NATO, ao decretar o alerta máximo das forças russas de dissuasão nuclear.
Estamos num processo de agravamento sucessivo e acelerado da confrontação entre as partes.