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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Apreço por Alexis Tsipras

Na Grécia, o Partido Syriza ganhou a batalha da austeridade mas perdeu hoje na luta pelos votos dos eleitores. Amanhã haverá um novo Primeiro Ministro, o líder da Nova Democracia, Kyriakos Mitsotakis.

A Nova Democracia é o rótulo do partido do centro-direita. Veremos o que consegue fazer, num país que precisa urgentemente de investimentos e de criação de emprego, enquanto prossegue o programa financeiro que Tsipras assinou com a União Europeia. Não vai ser fácil cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral. A esperança que surgiu hoje poderá murchar muito rapidamente.

Entretanto, seria apropriado deixar um palavra de apreço pelo trabalho feito por Tsipras. Alguns dirão que traiu a causa popular que o levara ao poder. A verdade é que mostrou uma boa dose de realismo político. A política é a arte do possível, como todos sabemos. Foi o que ele tentou mostrar.

 

 

A Grécia às portas de vários dilemas

Por estes lados, a opinião que corre desde o fim-de-semana é que a Grécia vai entrar em insolvência. A hipótese de um acordo a curto prazo com o Eurogrupo tem, neste momento, uma probabilidade mínima. Sem esse acordo, não haverá dinheiro fresco e reduz-se a margem de manobra do Banco Central Europeu. Entrou-se, diria, numa lógica de inevitabilidade. Que é acompanhada, ao nível dos grandes grupos financeiros, pela convicção que será possível gerir e absorver a nova situação de insolvência, para além de um impacto negativo inicial.

Em certa medida, chegou-se agora a uma situação em que se deixou a Grécia sozinha. Todos pensam que a bola está no campo grego, quando se trata do jogo financeiro.

Depois há ainda outros jogos: Schengen e a manutenção ou não da livre circulação de pessoas com a Grécia, um assunto que já começou a ser objecto de reflexão; e, por outro lado, as consequências políticas e militares de uma aproximação de Atenas à Rússia, caso viesse a acontecer. Sem entrar no pormenor, como reagiria a elite de segurança grega se amanhã o seu país fosse suspenso de certos mecanismos de segurança e a Turquia continuasse a ser parte desses mecanismos?

Tudo isto tem uma complexidade maior do que possa parecer.

 

 

A bola está no campo dos gregos

O novo governo grego é uma lufada de ar fresco. Verdade, as ideias diferentes têm mérito. Mas, no fundo, quem está em risco de se constipar são os gregos. Para que isso não venha a acontecer, Tsipras e a sua equipa terão que apresentar um plano de reformas estruturais que seja credível. Não pode ser uma simples criação de engenharia financeira, com uns instrumentos obrigacionistas a mudarem apenas de nome e pouco mais. É importante que o primeiro-ministro e o seu ministro das finanças o entendam. E que também compreendam que existem outros países na União europeia que têm imensos problemas de pobreza, com salários mínimos bem inferiores aos que Atenas quer voltar a impor, com muito desemprego jovem e fatias significativas da população sénior a tentar sobreviver com pensões extremamente baixas. Basta ver o que se passa na Letónia ou na Lituânia, ambos países do euro, para já não falar na Roménia ou na Bulgária, que estão na UE mas não pertencem ao eurogrupo. Esses países não piam muito. Tentam sair do subdesenvolvimento em que se encontram e, ao mesmo tempo, jogam forte e feio no seio das instituições europeias, para que as políticas que sejam adoptadas favoreçam uma boa parte dos seus interesses. Tudo isso sem grande alarido.

Existe ainda algum capital de boa vontade em relação ao governo grego. Mas se não houver nada de concreto que venha de Atenas, em termos de modernização administrativa e de apoio ao arranque económico, esse capital arrisca-se a desaparecer num ápice. Mais depressa ainda, se a retórica não for moderada.

A soberba sai cara

Na zona euro, as decisões que contam precisam do assentimento de todos os Estados membros. Esquecer isso é um erro primário. Como também me parece um erro táctico de palmatória hostilizar publicamente um dos governos membros. Sobretudo numa altura de crise e num momento em que já existe muito espaço para incompreensões.

Em diplomacia e nas relações entre os Estados, os ataques gratuitos acabam por sair caros. E saem ainda mais custosos para quem precisa do acordo dos outros como de pão para a boca.

Podemos mas nós não

Podemos é um movimento popular bem mais genuíno que o Syriza. Nasceu das manifestações espontâneas dos últimos dois anos.

Não é, como a contraparte grega, uma salada russa de pequenos partidos e grupos anarquistas, das mais variadas obediências.

E nisso, o Syriza parece-se mais, na sua génese, com o que está a acontecer em Portugal, em que uma salganhada de personalidades mais ou menos inexperientes e pouco convincentes anda a reunir-se e à procura de uma dinâmica política que teima em continuar nas mãos ineptas dos partidos tradicionais.

Uma vez mais, a Espanha aqui ao lado parece ser uma terra bem distante.

A Grécia abriu um período interessante

Os resultados das eleições gregas não tiveram impacto nos mercados bolsistas europeus. Em termos da economia europeia, a Grécia tem agora um peso marginal. Já não estamos em 2011. Nessa altura, muitos dos grandes bancos privados da Europa tinham níveis de exposição elevados à dívida pública grega. As coisas mudaram.

Ao nível do impacto político, o discurso oficial foi hoje muito prudente, nas principais capitais da UE. Ninguém quer ser acusado de extremismo, perante um resultado eleitoral claro. Mas, mais, ninguém quer abrir o jogo e revelar as cartas, para já. Assim, as palavras que vão surgindo, em Bruxelas e noutras cidades, deixam a porta aberta à iniciativa do novo governo em Atenas. Ou seja, esperam que este mostre até onde quer ir. As velhas raposas europeias sabem que esconder o jogo é meio caminho andado.

Entretanto, irão surgir certas vozes inabituais ou menos conhecidas que terão como tarefa dar uma indicação do sentido que as coisas podem tomar. A Eslováquia, por exemplo, que já disse que não pode aceitar um incremento do salário mínimo na Grécia para os 700 euros, a ser pago com o dinheiro dos outros, quando os eslovacos ganham muito menos que isso.

Vai ser um período interessante. Nada está ganho à partida.

A Grécia e a Europa

A Grécia vai a eleições gerais dentro de umas semanas, porque o parlamento não conseguiu eleger o novo presidente da República.

O centro da Europa e os mercados receberam a notícia com serenidade, talvez mesmo com uma certa dose de indiferença. A Grécia é hoje vista como um caso nas margens da política europeia, sem peso político nem económico. O risco de um impasse governativo é tido, por isso, como uma questão grega e não como um problema europeu.

A possível vitória de Syriza, a coligação de extrema-esquerda que se apresenta aos eleitores como sendo contra a austeridade, deixou de fazer medo. Por várias razões. Primeiro, porque Syriza não deverá ter o número de votos suficientes para constituir governo. Segundo, porque permitiria mostrar que o núcleo duro da UE não faz concessões a partidos que saiam fora do quadro institucional estabelecido. Ou seja, Syriza seria utilizada para mandar uma mensagem forte a outros, como o movimento Podemos em Espanha. Terceiro, porque seria uma oportunidade para clarificar as relações com a Grécia e o lugar desse país no quadro europeu.

A posição que prevalece é clara: aos gregos o que é dos gregos. Se querem ir a eleições, pois bem, que o façam. Se pretendem criar uma situação de ingovernabilidade, que assim seja. Se desejam suspender o programa com a tróica, que mais se pode fazer senão aceitar?

Este é o espírito que prevalece actualmente nos círculos de poder na Europa. Parece-me importante tê-lo em conta.

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