No movimento diplomático anunciado ontem em Lisboa, olhos atentos perceberam que o lugar de embaixador junto da OCDE, em Paris, cargo que está vago há meses, não foi preenchido. Caso estranho, dir-se-á, tendo em conta que a decisão do governo sobre a movimentação dos nossos embaixadores foi apresentada como sendo de grande alcance, extensiva.
Quando tal acontece é, normalmente, por haver um desacordo entre o Primeiro-ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, quanto ao nome a escolher. Seria interessante saber que nome fora proposto pelo PM e que personalidade estava na lista do MNE. A curiosidade seria, no entanto, de pouca monta, mero interesse de saber, pois a divergência terá certamente que ver com uma questão bem mundana e não com matérias de substância. Ou seja, seria uma questão deste género: a que amigo partidário dar um tacho bem apetitoso.
Alguém escreveu para me dizer que considerava o meu texto na Visão da semana passada, sobre asDerivas Socialistas, uma prova que eu estava à procura de um cargo de ministro ou coisa assim. Que me estava a colocar.
Disse ao SOL, em entrevista de Janeiro de 2007, que quando voltar a Portugal, depois de 31 ou 32 anos na ONU, não é para me sentar ao lado do telefone, ansioso, à espera que me telefonem, a convidar para qualquer coisa mais ou menos pública. Não ando nem andarei à pesca de lugares.
Disse isso, na altura, e repito-o, agora. Não jogo no campeonato dos lambe-botas, nem preciso de dizer que sim, quando quero dizer que não. Quero voltar a afirmá-lo, para que os senhores das corridas aos tachos e tachinhos possam dormir a sesta descansados.
A política portuguesa é feita de gente desassossegada e desconfiada. Anda tudo a correr atrás do interesse pessoal. Será, talvez, por as oportunidades de bons empregos serem poucas e esparsas.