Celebraram-se ontem os 400 anos do nascimento de Molière.
Tantos séculos depois, o dramaturgo e actor continua a ser uma referência marcante na cultura francesa. A razão é simples. Molière escreveu sobre, e representou nas suas inúmeras peças teatrais, os vícios mais comuns entre os humanos. Vícios e manhas que são tão actuais hoje, na cena pública e na política, como o eram há quatro séculos, na corte, nos palácios da nobreza e nos salões dos ricos de Paris. A vaidade. A pretensão. A sovinice. O egoísmo. A hipocrisia. A intrujice.
Em matéria de teatro, acabar a peça no final do primeiro acto seria um desapontamento. Antes do intervalo, há sempre drama. Depois, cai a cortina. Volta, agora, a subir, para o acto seguinte. Ou seja, o espectáculo, para grande alívio nosso, vai continuar. É verdade que isto é um teatro de província e que, por isso, os actores são de segunda escolha. Mas mesmo assim, vale a pena ver como se vai desenrolar a segunda parte, que cenas trágicas vão ser encenadas, e que vai acontecer aos vilãos do enredo.
O encenador será fraco, mas será que temos meios para mais?