A proposta hoje apresentada pelo Partido Social-Democrata (PSD) de colocar as Forças Armadas “no comando das operações no combate “à Covid não tem fundamento legal e confunde meios com competências. É mero barulho político para mostrar que não se fica calado. Não deve ser levada a sério. É mais um tiro de pólvora seca do PSD.
É verdade que as Forças Armadas têm múltiplas valências que podem e devem ser utilizadas, em complemento com outras, na luta contra a pandemia. Penso nos meios logísticos, nos serviços de medicina, nos centros de acolhimento, nas acções de sensibilização, entre outros.
Mas a pandemia, que é uma emergência nacional, exige sobretudo clarividência e direcção políticas, uma estratégia de mobilização da opinião pública face às suas responsabilidades de comportamento e meios excepcionais em matéria de serviços de saúde.
Todos os serviços públicos e muitos dos privados devem colaborar na resposta a esta crise. Mas não convém alimentar a ilusão que as Forças Armadas devem ir além do que lhes é permitido por lei e pela lógica das coisas.
Somos, de facto, muito únicos. Nomeadamente, ao nível da comunicação social. Desde o início da semana, são múltiplos os artigos, comentários, textos de opinião, editoriais e notícias sobre o que se passa num partido minúsculo. Um partido que, nas eleições legislativas de Outubro, teve menos de 56 000 votos. Ou seja, uns pós acima de 1% dos votos expressos. Páginas e páginas a tratar da insignificância, que é um tema que habitualmente nos apaixona.
Shakespeare diria “tanto alarido a propósito de nada”.
Um diário publicado em Lisboa, que gosta de ser visto como um jornal de referência, publica hoje um artigo lambe-botas sobre um português que vive em Bruxelas e que é apresentado como um salvador da pátria. Escrito pela correspondente junto da UE, o artigo só pode ser visto como uma maneira hábil de ganhar um convite para jantar. O salvador pagará a conta.
Nos últimos dias passei algum tempo a seguir a situação política no Brasil. A primeira volta das eleições presidenciais vai ter lugar no dia 3 de Outubro. Os insultos e a propaganda vil são os traços comuns das duas candidaturas principais. O boato, os golpes baixos, como por exemplo, publicar as declarações de rendimentos de familiares próximos de certas personalidades políticas da oposição, o enredo, a desconfiança e o ódio são os principais ingredientes das campanhas eleitorais.
O voto vai ser por meios electrónicos. Certos grupos de agitadores concentram, por isso, os seus ataques no sistema electrónico, para o descredibilizar. É uma bagunça.
Tentei perceber qual era a substância de cada um dos programas. Não encontrei substância nem programas. É uma tristeza. Não me falem da política brasileira, por favor.
No debate de ontem, entre os dois chefes, nada de novo. Um diálogo de míopes. Os tolos liderados por míopes.
As questões fundamentais do emprego e do crescimento económico, da falta de competitividade da economia portuguesa, da Justiça que não funciona, do endividamento do Estado e das famílias, da insegurança e ordem pública, não mereceram qualquer atenção.
Entretanto, queiram fazer o favor de notar que nos últimos quatro anos, a coligação alemã, que irá a votos no mesmo dia das nossas legislativas, viu a criação de dois milhões de novos empregos.