Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Theresa May e a sua sucessão

Theresa May anunciou hoje a sua demissão. A pressão vinda dos Brexiteiros mais duros, dentro do seu partido, acabou por derrubar a Primeira Ministra. Foram muito ajudados pelos jornais conservadores, que fizeram uma campanha diária contra May.

No fundo, como escrevi noutro lado, foi uma vitória da ala mais nacionalista, mais idealista e irrealista da classe política conservadora, que pensa que poderá restaurar a Grã-Bretanha do tempo da Rainha Victoria. Uma ilusão irracional que é muito difícil de combater com argumentos racionais, como a Primeira Ministra tentou fazer.

Boris Johnson será provavelmente o próximo líder do governo de Sua Majestade. Boris tem muitas facetas de alienado e pouca profundidade na compreensão dos problemas. É um confuso mental. A sua capacidade de mentir e exagerar é legendária. Mas fala bem, escreve à antiga mas de uma maneira que atrai algum público, é o menino querido da imprensa da direita tradicional. O principal trunfo que tem é ainda mais forte. Muitos membros do partido conservador pensam que Boris é o único líder que conseguirá derrotar Jeremy Corbyn, o dirigente trabalhista, em caso de eleições gerais. Boris irá cultivar essa crença e, por isso, deverá ser eleito chefe do partido. E, consequentemente, tornar-se o sucessor de Theresa May.

Vai também repetir, alto e bom som, que é o único capaz de fazer frente aos dirigentes europeus. Isso dar-lhe-á votos igualmente. Mesmo que se diga e repita que não há nada a que fazer frente, pois as negociações de saída estão terminadas.

Deve ficar claro que a escolha de quem manda na política britânica cabe aos cidadãos do Reino Unido. A Europa sentar-se-á à mesa com quem vier a ser escolhido. Não haja, todavia, ilusões. O lado britânico pode fazer o barulho que entender, mas isso não fará esquecer aos europeus que a saída da União tem regras e que os interesses da UE são a primeira preocupação de quem tem a responsabilidade de conduzir os destinos do projecto comum. Nós tratamos de nós, Boris ou qualquer outro que venha, que trate dos seus, se puder.

 

Theresa May e Jeremy Corbyn: entendam-se, por favor!

Existem razões políticas suficientes para justificar a realização de um segundo referendo sobre o Brexit. Se acontecesse, o resultado desta nova votação poderia aparecer como uma confirmação da maioria obtida em 2016, ou ir no sentido oposto. Seria, em qualquer dos casos, um referendo com base numa melhor compreensão do que está em jogo.

Poderá vir a acontecer.

Penso, no entanto, que os dirigentes europeus não devem ficar à espera por muito tempo que os britânicos decidam se realizam ou não uma nova consulta popular. Por isso, defendo que se deve dar um prazo definitivo aos políticos que estão no governo de Theresa May e no Parlamento de Westminster. Uma data final e nada mais.

A participação britânica nas eleições europeias de finais de Maio é uma aberração política. Estou hoje convencido que a Primeira Ministra e o Líder da Oposição, Jeremy Corbyn, se apercebem desse absurdo e dos custos políticos que daí decorrem. Assim, acredito que estão cientes que as discussões entre eles têm que chegar a uma conclusão em breve, não muito depois da Páscoa.

Esperemos que sim.

 

Prever o insólito

Ontem à noite surpreendi alguns, quando, depois do novo chumbo em Westminster do projecto de acordo de Brexit, falei da possibilidade de uma terceira volta. Ou seja, do regresso ao Parlamento do projecto, depois de mais um ou dois retoques cosméticos, para uma votação final, uma possível aprovação, nesse momento.

A verdade é que estamos a percorrer paisagens políticas inéditas, nunca dantes exploradas. Assim, pode-se imaginar tudo, todo o tipo de opções políticas, pensar no inimaginável. Não por diversão ou para dizer algo diferente do que outros dizem. Sim, porque é no interesse de todos encontrar uma solução a um processo particularmente complexo. Um processo em que o habitual deixou de fazer sentido.

Aprender sempre

Vi uma boa parte da primeira intervenção de Jeremy Corbyn em Westminster, como líder trabalhista, e pareceu-me muito bem. Pode não se estar de acordo com muitas das suas ideias, mas o estilo sério, ponderado e modesto inspira confiança e sabe a modernidade. As preocupações que levantou, nas Perguntas ao Primeiro-ministro, vieram directamente das pessoas, tratavam de assuntos reais e preocupantes, com as questões do acesso à habitação a preços controlados ou a falta de cuidados de saúde para os doentes mentais.

Ainda sobre os Trabalhistas

A eleição de Jeremy Corbyn como Líder do Partido Trabalhista do Reino Unido continua a despertar as mais variadas reações e interpretações. Dentro do partido, a maioria dos dirigentes que haviam sido, nas duas últimas décadas, as personalidades fortes e a voz dos Trabalhistas no Parlamento e na imprensa, decidiu não alinhar com Corbyn. Não aceitaram fazer parte do Governo-Sombra, ou seja, dos que se sentam na bancada da frente no Parlamento e fazem contraparte e oposição aos ministros do Governo de facto.
Apesar disso, a equipa que Corbyn conseguiu formar – e foi anunciada hoje – tem mérito e vai certamente dar luta à formação de David Cameron. O primeiro teste do novo grupo de dirigentes vai ter lugar nesta quarta-feira, no Parlamento, durante a sessão quinzenal das Perguntas ao Primeiro-ministro. As atenções vão certamente estar focadas nessa confrontação.
Assim são os tempos que correm. Elege-se alguém e quer fazer-se um julgamento definitivo sobre esse novo dirigente de imediato.
Há que esperar. Jeremy Corbyn é certamente uma grande incógnita em termos de liderança. Uma coisa é ser um rebelde, outra é dirigir um partido como o Trabalhista. Mas julgar o homem desde já, será injusto.
Há que seguir os acontecimentos com atenção e tentar perceber o que se está a passar no Reino Unido. E ver qual é o impacto de tudo isso sobre outras partes da política europeia.

 

 

O novo Líder Trabalhista a preto e branco

Após várias semanas de eleições internas, o Partido Trabalhista do Reino Unido anunciou hoje que o novo Líder passa a ser Jeremy Corbyn.


É, como não podia deixar de ser, um membro do Parlamento em Westminster. Ao longo do seu longo percurso político, Corbyn foi sempre considerado um deputado à revelia da política do seu partido. As suas posições são de um radicalismo de esquerda que, até agora, não tinha cabimento no quadro de ideias que durante muitos anos – e sobretudo a partir dos tempos de Tony Blair – constituiu a política oficial do partido. Por isso, a sua eleição não só marca um momento de revolução interna como surpreende.


Há que reflectir sobre o significado desta eleição.


As razões serão várias. Mas hoje queria deixar aqui uma que me parece particularmente interessante. Muitos dos que votaram por Corbyn disseram que este é um político com ideias claras e fáceis de entender. Não fala com meias-palavras, com subtilezas e lengalengas que nos deixam a dormir em pé, nem tem medo de dizer aquilo que pensa. Diz sim ou não e explica porquê. Pode não se estar de acordo com a explicação, mas fica-se com uma alternativa clara em cima da mesa. Em matéria de política, o cidadão gosta de fotografias a preto e branco.

Sobre as "teorias da conspiração"

O leão Cecil e a cabala global
Victor Ângelo


Não ficaria admirado se alguns obcecados das conspirações vissem a mão maquiavélica de Robert Mugabe na caçada que vitimou Cecil. Para eles, a morte do célebre leão teria sido arquitetada pelo velho ditador, como um novo enredo para aviltar os brancos e os americanos. Esta versão teria os ingredientes de uma boa teoria conspirativa: um político diabólico; um drama que captou a imaginação popular, com um desfecho passível de interpretações; e uma narrativa consistente com a prática habitual do vilão da história. Sem esquecer que Mugabe sempre me pareceu um especialista em estratégias complexas e obscuras. Deste modo, bateria tudo certo…


Cecil poderia fazer as delícias dos espíritos conspirativos neste mês de agosto. No entanto, o caso mais recente diz respeito ao partido trabalhista do Reino Unido. Vários dos seus membros, incluindo antigos ministros, acham que está em curso uma conspiração para manter o partido na oposição por uma eternidade de anos.


A história é simples. Tem que ver com a eleição, que começa este fim-de-semana, do novo líder trabalhista. Jeremy Corbyn, um franco-atirador que votou mais de quinhentas vezes no Parlamento contra a linha oficial do seu partido, é dado como favorito. Ora, o homem é um esquerdista notório, um porta-estandarte de posições extremas, alheias às escolhas habituais da maioria do eleitorado britânico. Se se confirmar a sua seleção como líder – existem outros três candidatos, com ideias bem mais consentâneas com a modernidade do centro-esquerda – a conspiração terá ganho, dir-se-á...
E quem seriam os cérebros do terramoto político que se anuncia? Os senhores da finança aliados aos matreiros patronos da imprensa conservadora e popularucha, gente que se nutre de um ódio visceral antissocialista. Não poderia deixar de ser assim, na fantasmagoria dos que acreditam na maquinação. A cabala, dizem, consiste em financiar, ao preço de saldo de três libras por cabeça, que é quanto custa a inscrição com direito a voto nas eleições internas, uma amálgama de trotskistas e de militantes fanáticos do ar fresco e dos passarinhos dos campos, também conhecidos por “verdes”. Serão esses infiltrados que tornarão a vitória de Corbyn possível. Depois, este e as suas ideias fora da corrente acabarão por colocar os trabalhistas numa posição de marginalidade eleitoral. Tudo isto a favor das hostes de David Cameron e dos interesses que os cabalistas representam.


As teorias conspirativas são sempre assim: os maus e poderosos de um lado, a planear uma intriga mirabolante, e uns paranoicos do outro, que se acham por demais espertos e capazes de ver para além das aparências. No meio estão os simples dos miolos, prontos para engolir mais ou menos cegamente a fantasia.


Cuidado, porém, que a coisa nem sempre é divertida. Ainda recentemente, trabalhadores da saúde perderam a vida no Paquistão, por causa de uma teoria que propagava que as vacinas contra a poliomielite eram uma artimanha do Ocidente para esterilizar o povo. Como também se verificou que a luta contra o ébola na África Ocidental foi prejudicada por haver quem ligasse a pandemia a uma tramoia contra os africanos. Bem mais perto de casa, há por aí quem veja nas nossas dificuldades um conluio de outros, um estratagema urdido no estrangeiro contra nós. Esse é o perigo destas teorias: arranja-se umas narrativas bem articuladas e desvia-se os olhares das verdadeiras interrogações.

 

(Artigo que hoje publico na revista Visão)

 

De Corbyn ao futuro da social-democracia na Europa

No Reino Unido, a campanha para a liderança do Partido Trabalhista está a chegar ao fim. A votação começa a 14 de agosto e irá decorrer até 10 de setembro. Dois dias depois, saber-se-á o nome do novo líder, que se irá sentar no Parlamento no lugar oposto ao de David Cameron.
Tem sido um período, desde a derrota nas legislativas nacionais de 8 de maio, de grande agitação entre os apoiantes do partido. Há quatro candidatos em liça. O mais radical, Jeremy Corbyn, um deputado com uma longa carreira no Parlamento, hoje com 66 anos de idade, parece estar melhor posicionado para vencer a disputa. Esta hipótese de vitória deixa muita gente surpreendida.
Corbyn sempre foi um rebelde no seio dos Trabalhistas, um solitário fora das estruturas do aparelho. Ao longo de várias legislaturas, votou mais de 500 vezes contra a linha do seu partido. As suas ideias políticas vão no sentido de uma maior intervenção do Estado na economia, de um acréscimo significativo das despesas sociais, da renacionalização dos caminhos-de-ferro e de outros serviços, de uma diminuição significativa das despesas militares da Grã-Bretanha e de uma fiscalidade elevada em relação aos rendimentos mais altos. Tem mostrado, ao longo da sua vida pública, profundos desacordos com a política externa americana e de Israel.
Estas ideias estão em contracorrente das realidades britânicas. O défice anual do orçamento do Estado ronda os 70 mil milhões de libras. As propostas de Corbyn agravariam o défice ainda mais e acabariam, pensam os eleitores, por exacerbar a carga fiscal para a maioria dos cidadãos. E as opções em matéria de defesa e de política externa são igualmente contrárias às que têm sido tradicionalmente aprovadas nas urnas e que constituem a essência das alianças exteriores do país.
Ou seja, Jeremy Corbyn parece estar prestes a ganhar uma boa parte dos votos no interior do seu partido e a perder o apoio de uma grande percentagem do eleitorado nacional. Por isso, os Conservadores acham que a sua possível elevação a chefe do Partido Trabalhista será uma excelente notícia. Há quem diga, mesmo, que certos círculos conservadores estarão a promover uma campanha mediática que favorece a eleição de Corbyn. Querem o homem a chefiar uma oposição que terá imensas dificuldades, segundo pensam, em ser aceite por grandes segmentos da população.
Não acredito nessa teoria conspirativa. Mas creio que iremos ver, também na Grã-Bretanha, um partido tradicionalmente social-democrata na oposição por muitos anos. Penso, igualmente, que a eleição de Corbyn, se vier a acontecer, vai obrigar muita gente a reflectir sobre o papel dos partidos social-democratas e socialistas na Europa de agora e dos anos que se aproximam.

Manobras eleitorais

As eleições britânicas vieram confirmar várias tendências, sobre as quais deverei escrever no próximo texto a publicar na Visão. Para já, quero apenas lembrar que a estratégia eleitoral dos Conservadores foi concebida e dirigida por um especialista australiano, Lynton Crosby, a quem o partido de David Cameron pagou uma fortuna. Crosby aproveita-se das divisões internas que possam existir no partido adversário. Explora-as de um modo muito hábil, acentua-as, de modo a fazer crer ao eleitorado que esse partido é um saco de gatos assanhados que não se entendem e em quem não se pode confiar, ou, pelo menos, um partido com uma liderança fraca, incapaz de se impor e que por isso não tem garras para dirigir o país. O objectivo último consiste em desgastar e descredibilizar a imagem do líder oposto. É uma táctica que é jogada, em simultâneo, de modo aberto e de maneira subtil, para aumentar a credibilidade dos ataques. Pressupõe a existência de uma equipa que, na sombra, só trata disso.

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2013
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2012
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2011
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2010
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2009
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2008
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D