Os Estados Unidos e a China estão numa fase de recuperação económica acelerada. No caso americano, essa recuperação deve-se às quantidades gigantescas de capitais públicos que têm sido postos à disposição dos cidadãos e da economia. Quanto à China, para além da intervenção do estado, a recuperação está ligada ao dinamismo do seu tecido económico, à vastidão do mercado interno, tudo isso num contexto de controlo da pandemia, algo que aconteceu atempadamente.
Em ambos os casos, estamos a assistir a uma procura muito acima do normal de matérias-primas e de meios de transporte, sobretudo de contentores para o transporte marítimo. Tudo isto provoca um aumento dos preços, quer dos bens necessários à produção quer dos transportes. Provoca igualmente uma escassez de certos bens, no que respeita ao acesso por parte de outras economias mais pequenas e menos poderosas.
Estamos, por isso, a assistir a um processo inflacionista que irá continuar em aceleração. Economias como a nossa irão sentir claramente o aumento dos custos de produção e as maiores dificuldades de acesso aos mercados de bens primários.
O gigante que estacionou esta manhã à minha porta tinha 17 metros de comprimento. Na sua viagem para Norte, viera cheio de pacotes de batata frita, produzida na região de Mafra e transportada para a Alemanha, para responder à procura interna desse país. Tudo bem português, mas escrito em alemão. Na volta para Portugal, o gigante levará na sua enorme barriga – uma maneira de falar – os meus pertences. Assim funciona o mercado comum. E só assim é possível transportar mercadorias a um preço competitivo.
O motorista trabalha nisto há 12 anos. Reside em Peniche e anda sempre para trás e para a frente. Conhece as estradas desta parte da Europa, incluindo as voltas que há que dar para que se evite os engarrafamentos à volta de Paris. Para além das estradas e das áreas de repouso, pouco mais conhece. Por isso, convidei-o a ver a vivenda que agora passou à minha história. Nunca havia entrado numa casa desse tipo. Ninguém vê nele a pessoa que está por detrás da função de motorista de pesos pesados. Creio que não se irá esquecer do convite.
A decisão que os pilotos da TAP acabaram de tomar – dez dias de greve – é um erro de grandes proporções. Prejudica o futuro da companhia, que já está profundamente endividada, afasta potenciais investidores que ainda poderiam estar interessados na privatização da empresa, e tem um enorme impacto sobre o sector do turismo e do comércio a ele associado.
Espero que entretanto haja um regresso ao bom senso e que o anúncio de greve seja anulado.