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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

A bola está no campo dos gregos

O novo governo grego é uma lufada de ar fresco. Verdade, as ideias diferentes têm mérito. Mas, no fundo, quem está em risco de se constipar são os gregos. Para que isso não venha a acontecer, Tsipras e a sua equipa terão que apresentar um plano de reformas estruturais que seja credível. Não pode ser uma simples criação de engenharia financeira, com uns instrumentos obrigacionistas a mudarem apenas de nome e pouco mais. É importante que o primeiro-ministro e o seu ministro das finanças o entendam. E que também compreendam que existem outros países na União europeia que têm imensos problemas de pobreza, com salários mínimos bem inferiores aos que Atenas quer voltar a impor, com muito desemprego jovem e fatias significativas da população sénior a tentar sobreviver com pensões extremamente baixas. Basta ver o que se passa na Letónia ou na Lituânia, ambos países do euro, para já não falar na Roménia ou na Bulgária, que estão na UE mas não pertencem ao eurogrupo. Esses países não piam muito. Tentam sair do subdesenvolvimento em que se encontram e, ao mesmo tempo, jogam forte e feio no seio das instituições europeias, para que as políticas que sejam adoptadas favoreçam uma boa parte dos seus interesses. Tudo isso sem grande alarido.

Existe ainda algum capital de boa vontade em relação ao governo grego. Mas se não houver nada de concreto que venha de Atenas, em termos de modernização administrativa e de apoio ao arranque económico, esse capital arrisca-se a desaparecer num ápice. Mais depressa ainda, se a retórica não for moderada.

A soberba sai cara

Na zona euro, as decisões que contam precisam do assentimento de todos os Estados membros. Esquecer isso é um erro primário. Como também me parece um erro táctico de palmatória hostilizar publicamente um dos governos membros. Sobretudo numa altura de crise e num momento em que já existe muito espaço para incompreensões.

Em diplomacia e nas relações entre os Estados, os ataques gratuitos acabam por sair caros. E saem ainda mais custosos para quem precisa do acordo dos outros como de pão para a boca.

Deixar passar a enxurrada grega

Acabo de ver a entrevista que o ministro das finanças grego deu à BBC ontem ao fim do dia, depois dos mal-entendidos durante a conferência de imprensa com o presidente do Eurogrupo. O ministro diz que, afinal, está disposto para discutir com a troika, mas não quer a continuação do programa actual. Declara, igualmente, que é a favor das privatizações, incluindo a do porto de Pireus. Mas terão que ser feitas de outro modo. E assim sucessivamente. A entrevista é como pôr água na fervura, uma tentativa de acalmar os ânimos.

Acho bem. Tem havido muito ruído à volta da Grécia. É altura de serenar e de pensar a sério nos problemas – imensos – que o novo governo terá que enfrentar. Sem tempo para grandes folgas, que a situação é urgente.

E do outro lado, no resto da Europa, convirá igualmente deixar correr a enxurrada. Nunca é bom intervir quando a torrente está no seu máximo. Só complica. Até porque este lado tem o tempo a seu favor. O que é, nestes dias que correm, um luxo.

A Grécia abriu um período interessante

Os resultados das eleições gregas não tiveram impacto nos mercados bolsistas europeus. Em termos da economia europeia, a Grécia tem agora um peso marginal. Já não estamos em 2011. Nessa altura, muitos dos grandes bancos privados da Europa tinham níveis de exposição elevados à dívida pública grega. As coisas mudaram.

Ao nível do impacto político, o discurso oficial foi hoje muito prudente, nas principais capitais da UE. Ninguém quer ser acusado de extremismo, perante um resultado eleitoral claro. Mas, mais, ninguém quer abrir o jogo e revelar as cartas, para já. Assim, as palavras que vão surgindo, em Bruxelas e noutras cidades, deixam a porta aberta à iniciativa do novo governo em Atenas. Ou seja, esperam que este mostre até onde quer ir. As velhas raposas europeias sabem que esconder o jogo é meio caminho andado.

Entretanto, irão surgir certas vozes inabituais ou menos conhecidas que terão como tarefa dar uma indicação do sentido que as coisas podem tomar. A Eslováquia, por exemplo, que já disse que não pode aceitar um incremento do salário mínimo na Grécia para os 700 euros, a ser pago com o dinheiro dos outros, quando os eslovacos ganham muito menos que isso.

Vai ser um período interessante. Nada está ganho à partida.

Passamos o tempo a reescrever o passado

Neste dia em que formalmente termina o programa financeiro assinado entre Portugal e a Troika, parece-me absurdo andar a discutir quem teve a culpa de levar o país a assinar esse acordo. Olhando para os factos, e sem entrar nas raízes da crise, a verdade é que o governo socialista deixara de ter, em 2011, as condições políticas para conseguir algum tipo de apoio por parte dos outros partidos com representação parlamentar. Por isso, como acontece em democracia, caiu, foi votado contra pelos outros. E daí fomos a eleições, e o eleitorado escolheu. Bem ou mal, foi a decisão da altura.

O que precisamos é de gente – sobretudo de uma oposição – que olhe para a frente. Precisamos de construir o futuro. Preferimos, no entanto, passar o tempo a reconstruir o passado.

 

É uma actividade própria de medíocres.

 

Mas assim não vamos lá.

O FMI e os políticos europeus

Nestes últimos dias tem-se falado muito do FMI, o Fundo Monetário Internacional. Parece que certos políticos europeus, portugueses e outros, têm uma inimizade de estimação, no que respeita ao Fundo. Dizem, agora, que não o querem ver como parte de futuras Troikas. Que a presença do Banco Central Europeu e de outras instituições europeias é mais do que suficiente para garantir a execução de um programa de ajustamento financeiro.

Há aqui alguma ingenuidade.

 

Esses políticos fazem-me pensar nos dirigentes africanos que afirmam alto e bom som que “os problemas africanos devem ser resolvidos pelos africanos”. A verdade é que quando a porca torce o rabo, é preciso ir mais longe e envolver as instituições internacionais com vocação e experiência na resolução destes problemas.

 

O mesmo se passa com os ajustamentos financeiros. A Europa não tem experiência na matéria. Nem tem credibilidade internacional suficiente, quando se trata dos assuntos dos seus, para dar um sinal de confiança aos investidores internacionais.

 

Mais. Não vejo o BCE pronto para aceitar o financiamento de um programa sem o aval conjunto do FMI.

 

Para além de ingenuidade, há aqui também uma certa forma de racismo europeu. A muitos políticos custa-lhes ver alguém do chamado Terceiro Mundo à frente de uma missão em visita a um Estado europeu.

Não se deve dourar a pílula

Um dos objectivos do discurso de Ano Novo do Presidente da República tem que ver com o chamado Programa Cautelar. Cavaco Silva quis dizer aos Portugueses que vem aí, após o termo do programa actual com a “Troika”, um novo pacote de medidas. E apresentou a coisa como se se tratasse de algo absolutamente natural e anódino. Disse mesmo que “um programa cautelar é uma realidade diferente”.

 

A realidade de um programa dito cautelar é outra. Trata-se da continuação de um acordo com instituições financeiras internacionais ou supranacionais. Uma das partes compromete-se a emprestar dinheiro a taxas mais favoráveis que as praticadas pelo mercado enquanto a outra terá que cumprir toda uma série de reformas administrativas e financeiras. Ou seja, durante a vigência do anunciado programa cautelar vai ser necessário tomar certas medidas de fundo.

 

O problema é mais complexo do que nos querem fazer crer. Os credores exteriores sabem que o governo actual não irá muito além de meados de 2015. O programa cautelar vai, por isso, ser um programa curto, de 12 meses, para caber no período de vigência da presente governação. E os credores vão procurar incluir nesse período reduzido todo um pacote de reformas que eles consideram indispensáveis para a competitividade de Portugal e para o equilíbrio sustentável das contas públicas. Será um pacote bem recheado. E difícil de fazer aceitar. Daí a previsão que existe hoje, em certos círculos europeus, de que Portugal vai ser um país de grande agitação social nos próximos tempos.

 

Este é o ano de 2014 que temos pela frente.

 

É importante ter esperança no futuro. Mas é igualmente necessário falar das coisas como elas são.

 

 

 

 

As perspectivas do sector bancário não são boas

 A crise de liderança no Banco Espírito Santo (BES) e os resultados negativos que a maioria dos bancos portugueses tem estado a acumular em 2013 mostram a fragilidade do sector financeiro privado no nosso país. É de prever, num prazo não muito distante, uma reorganização a sério do sector. Temos bancos a mais para economia que existe. E esses bancos têm uma carteira comercial apinhada de créditos malparados, de projectos inviáveis e de empréstimos de longo prazo numa conjuntura que requer operações rápidas, fluidez e maleabilidade.

 

A fusão entre bancos é inevitável. A prazo, o panorama bancário nacional deverá estar concentrado em dois ou três bancos e pouco mais. Mesmo esses terão uma solidez relativa. Se os testes de stress do Banco Central Europeu forem feitos a sério – o que não aconteceu há dois anos – a pressão sobre a banca portuguesa será ainda maior.

 

Há medo de falar destas coisas. Mas esta é uma das questões de fundo que deveria estar no centro dos debates sobre o período pós-troika.  

Estar atento

A rentrée inicia-se de uma maneira curiosa. Neste início de Setembro, quem olha para o nosso país, a partir do exterior, vê duas coisas: uma certa serenidade, depois de um Verão que havia começado mal, do ponto de vista da instabilidade política; e um início de recuperação económica, graças à habilidade e criatividade de muitos dos portugueses.

 

Como recomeço das actividades, não é mau. Mas quando se entra mais a fundo no assunto, os de fora continuam a pensar que a classe política portuguesa é incapaz de – ou seja, não quer – levar a cabo as grandes medidas de reforma estrutural, quer ao nível do Estado quer ainda das grandes empresas do sector público. E pensam também que as tensões políticas continuarão a agravar-se nos próximos 12 meses.

 

Instados a dar uma opinião sobre a necessidade de um segundo resgate, acham que será necessário mas temem que certos parceiros europeus não aceitem que tal aconteça. Para esses parceiros, o esforço terá de vir de dentro, do lado de Portugal.

 

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