Tentei comprar dois bilhetes de avião nos Estados Unidos. A companhia aérea pediu-me um pouco menos de 600 dólares pelas passagens. O governo americano, por seu turno, leva-me mais de 1200 dólares em taxas, sobretaxas e outros impostos.
Na Europa, é mais ou menos a mesma coisa, embora não se chegue ao exagero americano, em que cada passo dado num aeroporto leva com um tributo ou emolumento em cima. A que se junta a profunda antipatia do pessoal da segurança e dos controlos.
Na VISÃO on-line de hoje, podem ler o meu texto sobre a Administração Obama. O texto é baseado nas minhas impressões, após toda uma série de contactos em Washington, na semana passada.
Há uma contradição entre a maneira aberta e pragmática como a equipa de Obama encara as relações internacionais e o modo estreito, muito virado para causas locais, que o Congresso pratica. Avanços na área das relações exteriores vão depender da maneira como Obama e os seus vão conseguir gerir o confronto com o Senado e a Câmara dos Representantes.
Ontem passei o dia em reuniões com a nova Administração americana em Washington. Comecei na Defesa, segui para o Departamento de Estado, depois a Casa Branca e o Conselho Nacional de Segurança, finalmente, o Congresso, o Senado, primeiro, depois, os Representantes.
Respira-se, acreditem, um ar novo em Washington. As pessoas com poder são bem mais jovens, ou, pelo menos, mais arejadas. Há um interesse genuíno nas grandes questões internacionais. Vontade de cooperar com os outros parceiros. Um espírito de abertura que é novidade.
Até a cidade parece diferente.Mais descontraída.
Europa tem toda a vantagem em trabalhar com esta administração de uma maneira mais construtiva. Tem também que se preparar melhor para o embate. A gente que encontrei nos diferentes gabinetes sabe o que quer e do que está a falar.
Trata-se de uma reflexão sobre a cimeira do G8. L' Aquila, a localidade onde decorre a reunião, é terra de tremores. Berlusconi, o actor principal da coreografia dos líderes, sofre de outros tremores, que lhe afectam a imagem.
E o nosso compatriota de Bruxelas, também presente na cimeira, anda a tremer, sem saber o que lhe vai acontecer depois do Verão.
Este Arco de Triunfo, que recentemente visitei no deserto do Ennedi, na fronteira entre o Chade e a Líbia, tem todo o cabimento no dia histórico da tomada de posse de Barack Obama.
A entrada em funções do novo presidente americano enche de azul os céus do Inverno.
Barack Obama não procura yes-men nem yes-women para a sua administração. Só prova que é um líder a sério, sem medo das opiniões diferentes e das personalidades fortes. Compare-se a maneira com escolhe individualidades do mais elevado calibre com os "sim-senhor" que rodeiam os nossos dirigentes.
A meio da noite de hoje, Barack Obama devera' aparecer como o vencedor das eleições presidenciais americanas. Os níveis de participação eleitoral ultrapassam, neste momento, as expectativas, o que faz destas eleições uma competição a serrio e lhes da' uma legitimidade fora de par.
A vitória de Obama, a confirmar-se, marcara' um câmbio histórico nos Estados Unidos. Não só traduzira' a nova face da América, em todos os sentidos, incluindo uma América mais diversificada, menos europeia, mas será acima de tudo um reafirmar da dignidade das pessoas, independentemente das suas origens raciais.
Significara' também o renascimento da política de qualidade, serena, tolerante, informada e educada, elegante e intelectualmente estimulante. O conceito de liderança voltara' a ter um significado que sempre deveria ter tido: abrir o caminho, mostrar novas maneiras de encarar a vida em sociedade, saber ousar, saber antever, saber assumir as responsabilidades que a vida política acarreta.