Magazine Europa
Os meus comentários no programa de hoje da Rádio TDM de Macau podem ser ouvidos aqui:
http://portugues.tdm.com.mo/radio/play_audio.php?ref=6592
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O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, terá aprendido, este fim-de-semana, duas ou três coisas. E como todas as aprendizagens que se fazem no calor da luta, esta também deve ter tido o seu preço, nomeadamente no que respeita ao seu orgulho pessoal. Um homem com um ego grande, desmedido em certa medida, sofre mais quando vê a sua autoridade, como agora aconteceu, ser posta em causa, publicamente, pelo seu chefe imediato, o Primeiro-ministro Alexis Tsipras.
As lições que aprendeu também podem ajudar outros, em circunstâncias semelhantes.
Terá compreendido que, na Europa, um contra todos não leva a parte alguma. Que a arrogância tem um custo muito elevado, em matéria política e não só. Que na área das relações entre os Estados a diplomacia e o respeito pelas contingências dos outros países são questões fundamentais, que devem ser claramente entendidas e cuidadosamente equacionadas. A Grécia terá, não podemos negar, as suas exigências, mas os outros também têm as deles. A diplomacia serve para que se encontre um ponto de acordo.
Terá ainda aprendido que quando a situação é urgente não se pode andar a empatar, a adiar a solução, na vã esperança que os outros acabem por ceder. Um bom número de países do eurogrupo não tem qualquer tipo de sentimento de obrigação em relação ao governo grego. Mais. Acreditam que a insolvência da Grécia, se viesse a acontecer, já não teria o impacto que se previa em 2011 ou 2012.
Há uma outra ilação que talvez lhe esteja a passar pela cabeça: nestas coisas, quando a desautorização política acontece, convém pensar no futuro, noutras hipóteses, para além do posto de ministro.
O novo governo grego é uma lufada de ar fresco. Verdade, as ideias diferentes têm mérito. Mas, no fundo, quem está em risco de se constipar são os gregos. Para que isso não venha a acontecer, Tsipras e a sua equipa terão que apresentar um plano de reformas estruturais que seja credível. Não pode ser uma simples criação de engenharia financeira, com uns instrumentos obrigacionistas a mudarem apenas de nome e pouco mais. É importante que o primeiro-ministro e o seu ministro das finanças o entendam. E que também compreendam que existem outros países na União europeia que têm imensos problemas de pobreza, com salários mínimos bem inferiores aos que Atenas quer voltar a impor, com muito desemprego jovem e fatias significativas da população sénior a tentar sobreviver com pensões extremamente baixas. Basta ver o que se passa na Letónia ou na Lituânia, ambos países do euro, para já não falar na Roménia ou na Bulgária, que estão na UE mas não pertencem ao eurogrupo. Esses países não piam muito. Tentam sair do subdesenvolvimento em que se encontram e, ao mesmo tempo, jogam forte e feio no seio das instituições europeias, para que as políticas que sejam adoptadas favoreçam uma boa parte dos seus interesses. Tudo isso sem grande alarido.
Existe ainda algum capital de boa vontade em relação ao governo grego. Mas se não houver nada de concreto que venha de Atenas, em termos de modernização administrativa e de apoio ao arranque económico, esse capital arrisca-se a desaparecer num ápice. Mais depressa ainda, se a retórica não for moderada.
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