Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
"Mas a realidade tem muita força. Enquanto se continuar a produzir 102 milhões de barris de petróleo por dia e a determinar o seu valor em dólares americanos, será muito difícil combater a dominância da moeda dos EUA. Mesmo tendo em conta o impacto mundial, bastante negativo, das lutas políticas entre Republicanos e Democratas sobre a gestão da sua dívida pública, como agora acontece. Mas é no nosso interesse, neste lado do oceano, dar a prioridade ao reforço internacional do euro. Esta é a mensagem que me parece mais apropriada na altura em que se comemora o vigésimo quinto aniversário do estabelecimento do Banco Central Europeu."
Link para a minha entrevista ao extraordinário jornalista e homem de rádio que é Ricardo Alexandre, na TSF, no seu programa semanal O Estado do Sítio. A partir do minuto 21:20.
Vivemos num país de títulos, sobretudo de títulos académicos, diplomáticos ou militares. A esses, juntam-se uns comendadores, que são normalmente gente que subiu a escala social vindos do degrau mais baixo, mas à força de muito trabalho, punhos fortes e boa fortuna.
Criámos uma sociedade onde o título conta mais do que o valor, a capacidade e a experiência das pessoas. É, igualmente, uma sociedade provinciana, que não entende o que significam os sucessos obtidos nos círculos globais.
Vem isto a propósito de uma questão que me endereçaram hoje. Tinham a minha participação prevista para uma actividade a que davam muita importância, uma actividade cheia de titulados, mas não sabiam que designação colocar à frente do meu nome.
Não quis complicar-lhes a compreensão e sugeri um título que me pareceu claro: Vice-campeão do jogo do berlinde no Largo de S. Mamede em Évora. O único problema que fez esta honraria ir por água abaixo foi que essa glória se refere aos anos sessenta do século passado. Se fosse adoptado, eu entraria no grémio dos Excelentíssimos Dinossauros. Ora, segundo parece, esse grémio está com todas as quotas preenchidas, não tem vagas disponíveis, para além de ter uma longa lista de espera.
Ao longo da minha vida profissional estive envolvido em vários processos eleitorais. Pude assim observar que uma das características dos regimes autoritários passa pela condução de um processo eleitoral totalmente desfavorável aos candidatos da oposição. Não se lhes dá tempo de antena. Não os deixam organizar um número suficiente de comícios e de reuniões de esclarecimento. Criam-lhe um sem-número de obstáculos. Inventam todo o tipo de mentiras contra a oposição. Acusam os seus principais dirigentes de serem inimigos da nação, pagos e ao serviço de forças estrangeiras. E assim sucessivamente. Mas, no dia da eleição, quando há observadores eleitorais independentes por toda a parte, os ditadores comportam-se como democratas, fazem respeitar a ordem pública e procuram dar uma imagem de liberdade de escolha quando na realidade os cidadãos passaram meses a ser influenciados e enganados.
Neste tipo de circunstâncias, é extremamente difícil derrubar um ditador. Com a faca e o queijo na mão, um ditador inteligente abusa de todos os instrumentos de poder para se fazer reeleger. O que parece ser uma escolha popular é na verdade o resultado de uma prolongada lavagem ao cérebro dos cidadãos.
Nalguns casos, quando apesar de todas as trafulhices levadas a cabo ao longo de meses, o resultado das eleições não é favorável ao ditador, inventam-se vários esquemas para a influenciar os trabalhos das comissões eleitorais e levá-las a declarar certos resultados como nulos ou mesmo a invalidar todo o processo eleitoral. Como dizia Robert Mugabe, quando falávamos destas coisas, só um ditador muito estúpido ou muito distraído é que perde eleições.
Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. Cito, de seguida, umas linhas extraídas da mesma.
"A visita de Sergei Lavrov também não ajudou. Ao ir apenas a Cuba, à Nicarágua e à Venezuela, para além do Brasil, Lavrov como que arrastou o Brasil para o círculo das ditaduras latino-americanas, um clube a que o país não pertence. Não há nenhuma comparação possível entre a democracia brasileira e esses outros regimes. A deslocação do ministro mostrou ainda que o apoio com que Moscovo pode contar na região nem chega aos dedos de uma mão. Para quem fala na construção de um mundo multipolar, a coisa soa a pouco."