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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Que país tão estranho

Chegar ao grande fim de semana de início de férias anuais para uma grande maioria dos portugueses e andar a discutir o 25 de Abril de 1974 e o papel de Otelo e outros só pode acontecer num país que anda em guerra consigo próprio. Ou então, mostra que a opinião que tem acesso ao espaço público é constituída por gente que deve ser de idade avançada e que já andava nestas coisas na altura, ou despertou para a política então. Uma espécie de "são sempre os mesmos".  

Também causa surpresa ver alguns dos mais novos embarcar nas mesmas guerrinhas.

Já é tempo de olhar para a história desses tempos com alguma serenidade. E de pensar sobretudo no futuro. Nessa área, isso sim, há muito para debater.

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O Sapo colocou o meu blog na lista em destaque. Os melhores blogs!

 

Sinto-me muito orgulhado pela distinção.

 

O meu escrever quotidiano -- que só se interrompe quando não e' mesmo possível juntar umas palavras soltas, uns pensamentos rebeldes, mas bem intencionados -- e' um pouco a minha contribuição para o debate de ideias num país que e' o meu, mas que em certa medida, se me tornou estranho, face 'a minha experiência global.

 

Dizia alguém de Sarkozy -- creio que fui eu numa crónica recente na VISÃO --  que o homem cresceu para além das dimensões do seu país.

 

Em Portugal, infelizmente, isso acontece a muitos de nós, pois o país continua demasiado tacanho para quem tem ideias de um Portugal melhor e mais activo na comunidade das nações. Um Portugal com vistas largas, como o foi nos tempos das viagens marítimas. Mas sem ser saudosista. Virado, sim, para o futuro.

 

Assim poderia ser, se houvesse ambição e força de vontade, disciplina e trabalho assíduo. Infelizmente, estas são qualidades pouco frequentes entre muitos dos que pretendem ter um papel dirigente em Portugal

 

 

A economia, meus senhores

Em Portugal, as questões centrais, na área económica, são bem claras: primeiro, diversificar a economia; segundo, promover a criação de empregos; terceiro, aumentar o rendimento das famílias.

 
Estas deverão ser, hoje mais do que nunca, as grandes preocupações da liderança portuguesa, quer dos que estão no governo, quer dos que fazem oposição.
 
Precisa-se de um bom diagnóstico dos problemas, não de slogans demagógicos 'a la Aveiro, como as portas do arrebatamento o fizeram ontem. Quer-se um debate nacional, que reúna associações de empregadores, confederações sindicais e líderes políticos e sociais. Não chegam os grupos de reflexão, que por mais que se estiquem, acabam por ter um cunho meramente partidário, sem novas fronteiras.
 
Do debate alargado deveriam surgir propostas para uma nova estratégia económica nacional, que tenha em conta as nossas capacidades e as vantagens comparativas que podemos valorizar.
 
A formação profissional, um dos pilares do nosso desenvolvimento, e que tem tido um tratamento sem rumo, ao sabor de subsídios e compadrios institucionais, com grandes suspeitas de corrupção, seria então definida com base nas áreas estratégicas identificadas.
 
A simplificação administrativa seria igualmente pensada tendo em conta a necessidade de simplificar a burocracia ligada ‘a actividade económica.
 

As boas maneiras

Em política é fundamental manter as boas maneiras, agir com base no respeito pelos outros, adversários, aliados ou amigos.

 
Uma atitude que projecte dignidade ajuda a vencer. A dignidade em política é uma atitude de vencedor. De estadista. De líder a sério.
 
Quem corresponde a esta imagem, em Portugal?
 

Pensar Portugal

Para além do rectângulo

 

Victor Ângelo*

 

Perspectivar Portugal exige uma reflexão sobre a situação nacional e o futuro que vá além fronteiras, que enquadre uma boa parte dos problemas que nos afectam na actualidade num contexto mais vasto do que as quatro paredes do nosso país. Só assim se entenderá melhor o que somos e ao que podemos aspirar. Temos que ultrapassar as nossas próprias barreiras mentais, que nos desligam do resto do mundo e nos dão uma visão muito curta das questões públicas. E que nos fazem entender os interesses do país de uma maneira emocional, presos que estamos a uma ideia da pátria que não tem os pés assentes na terra e que se alimenta de orgulhos irracionais..

Hoje, não há países isolados nem fronteiras que sirvam de muralhas da China. A especificidade da nossa língua não deve ser um factor de introversão. O que acontece é que muitas vezes nos fechamos no cantinho da nossa língua, à espera que as ideias dos outros nos sejam traduzidas. Ou utilizamos a língua como um biombo, que nos separa dos demais, impedindo-nos de ver além dos painéis que nos pintaram. Ora, o português é um dos nossos instrumentos de afirmação no mundo e, por isso, a sua expansão deve ser encarada como fazendo parte da nossa solidariedade com os outros que falam a mesma língua e como um factor de testemunho da nossa presença nos palcos internacionais. Mas não deve ser vista como uma amarra que nos obriga a ficar focalizados numa ideia de política externa ultrapassada que só nos impele a agir quando estão em causa interesses ligados aos países das antigas colónias portuguesas.

A reflexão estratégica só o é, e só é útil, se também tiver em conta as variáveis internacionais e o seu impacto sobre a evolução possível da realidade nacional. Pensar estrategicamente também tem que ter em conta as comparações entre países, para que se perceba qual é o significado relativo dos nossos problemas, o porquê das nossas dificuldades, bem como as vantagens relativas com que podemos contar. Implica ainda reflectir em termos competitivos. O futuro depende de nós e também do nosso posicionamento em relação aos outros.

Os interesses nacionais passam por uma compreensão clara das nossas relações internacionais, nas esferas políticas, económicas e culturais. Essa compreensão permitir-nos-á definir sem ambiguidades as posições que nos interessam. Posições que  promovam a nossa identidade e dêem brilho à nossa imagem, que tragam influência politica na arena internacional e vantagens económicas para o colectivo da nação.

Muito do que se pensa e pública em Portugal carece dessa visão mais ampla das coisas. É tudo muito umbigal, virado para dentro e extremamente fulanizado. É repetitivo, mal reflectido, feito à pressa, sem originalidade nem generosidade de espírito.Veja-se a opinião que sai nos jornais, oiça-se os comentadores nas televisões e nas rádios: tudo é analisado como se as questões fossem apenas portuguesas, lisboetas tão-somente, nalguns casos, como se o resto do mundo não existisse ou os problemas tivessem fronteiras e deixassem de o ser ao chegar à linha da raia. Ou como se o resto do mundo não contasse. Como se tudo girasse à volta de uma dúzia de personalidades, umas atá já cansadas e que pouco ou nada dizem aos portugueses de hoje.

 

Os pensadores públicos, em vez de nos ajudarem a perceber a realidade, a olhar para a frente, a combater pelo nosso espaço nos círculos além-fronteiras, afundam-nos na nossa tendência para não ver os factos numa perspectiva mais alargada. Contribuem  para que se tenha uma visão superficial das questões essenciais, para que nos percamos nas trivialidades. Ajudam-nos a afiar o espírito do que é negativo, a puxar a língua para o maldizer, a baixar um pouco mais o sentido cívico, que já é tão fraco, e a desenvolver as atitudes do deixar andar. Acaba por persistir uma paisagem relativamente estéril, com pouca renovação das elites, de interesses instalados, de ideias feitas, de camaradagens em círculo fechado, de guerrinhas de adro de igreja. Um terreno assim só pode produzir ideias rasas, para já não falar das ervas daninhas.

Portugal só foi grande quando teve ambições acima das suas limitações geográficas e da pequenez do seu espaço político-social. Quando acreditou e deu velas e ventos de maré aos seus filhos mais ousados, que nao tiveram receio de empreender e atacar o desconhecido. Quando abriu as portas e viu o mundo como o seu campo de acção. Quando transformou a situação geográfica numa vantagem, e se pensou em termos universais, houve vontade de fazer, coragem de ousar e sem-pavor na relação com os outros.

A recentemente concluída presidência portuguesa da União Europeia que decorreu de um modo que a todos deve orgulhar, mostrou que quando se quer, quando há liderança e empenho político, é possível desempenhar um papel excepcional e de primeira linha na área das relações internacionais. As diferentes cimeiras, com o Brasil, Rússia, ASEAN, China, Índia, que culminaram com a Africana, bem como a aprovação do Tratado de Lisboa e as iniciativas sobre a questão palestiniana, foram momentos altos para Portugal. Tiveram, sobretudo, o mérito de mostrar que o país tem uma classe política que, quando o decide, sabe mexer-se nos palcos internacionais que contam, e uma máquina diplomática, que, embora seja pequena, consegue projectar o nosso país como uma ponte entre protagonistas de interesses contraditórios.

Terminada a presidência, não podemos deixar que se instale a tendência para nos fecharmos em casa, para não se ver para além do imediato, presos nos nossos enredos e influenciados, nas nossas estruturas mentais, pelo facto de sermos o último apeadeiro da linha europeia.

O desafio, agora, e após o sucesso e abertura que o último semestre de 2007 nos deu, é lançar um grande debate nacional sobre Portugal na Europa e no mundo. Um debate sem receios nem ideias feitas, sincero no que respeita às nossas limitações, franco no que é preciso criticar, mas optimista quanto à capacidade de mobilizar as energias criadoras de todos os portugueses. Um debate amplo, sem preconceitos, capaz de se situar para além dos partidarismos, dos velhos caciques da política – deixemos a história tomar conta deles –, das lealdades subservientes, dos senhores para quem a pobreza de muitos dos nossos compatriotas se tornou invisível.

Os portugueses estão por todos os cantos da terra, mas Portugal continua acorrentado a si próprio, ocupado a ranger os dentes e a lamentar-se dos becos sem saída em que gosta de se enfiar.

Existem, no entanto, avenidas à nossa espera.

 

* Secretário-geral adjunto das Nações Unidas. Opinião a título pessoal.

 

 

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